Já
devo ter relatado em algum post, afinal já tenho tanta coisa publicada que não
me lembro de tudo, algo sobre meus poucos, graças a Deus, acidentes de bike.
Todos em treinos.
Meu
primeiro "capote", acidente, tombo, perrengue, ou como quiserem
nomear, foi, digamos, hilário e ao mesmo tempo um aprendizado.
Até
por isso, estou relatando como foi o meu primeiro, com o intuito de orientar a
quem começou a treinar em "pelotão" há pouco tempo.
Para
quem não sabe, treinar em "pelotão" ou "pelote", no
ciclismo, é seguir uma fila indiana, ou seja, um atrás do outro, às vezes em 2
ou até 3 filas lado a lado.
Os
ciclistas mais experientes e preparados andam sempre na frente.
E
usam um código para sinalizar algum eventual obstáculo à frente (tipo um
buraco, uma pedra etc.), para que os demais, que vêm atrás, se previnam contra acidentes.
Só
não dá pra avisar sobre um "eventual" assalto, quando meliantes
invadem a "pista" de treino, seja ela ciclovia, ruas ou acostamentos
de rodovias.
Esta
é uma conversa para outro post.
Bom,
voltando ao assunto do título.
Como
sabem aqueles que me seguem, fiz meu primeiro Triathlon com uma bike de rua.
E
treinando nas ruas literalmente.
De
noite, subindo e descendo calçadas do José Menino até a Ponta da Praia.
Depois,
no meu primeiro Internacional de Santos, fiz também minha primeira prova com
uma bike de estrada, antiga, emprestada por meus amigos.
Daí,
peguei gosto.
Consegui
comprar a "minha" primeira bike de estrada.
Nem
lembro a marca.
Só
sei que consegui comprá-la em várias prestações mensais... rsrsrs.
Tá
! E daí ? O que faço agora ?
Vou
treinar onde, com quem ?
Meus
amigos, que me levaram ao Triathlon, meio que impuseram treinos na estrada.
Beleza!
Já
abracei o Triathlon, vou abraçar o que vem junto com ele.
Bóra
dar a volta.
Isso
significava sair de Santos, de um ponto de encontro no cruzamento da Av. Ana
Costa com a Av. Francisco Glicério, em um posto de gasolina em que nos
reuníamos.
Pegávamos
a saída da cidade até a Rodovia Anchieta e...
- Íamos até o pé da serra e pegávamos a Rodovia Piaçaguera-Guarujá, que hoje se chama Rodovia Cônego Domenico Rangoni;
- Passávamos a linha do trem, em Cubatão (onde hoje existe um viaduto);
- Subíamos o Quilombo (uma serra bem punk, pelo menos em minha avaliação);
- Descíamos essa serra em velocidade extrema, uns 70 km/h (imaginem, eu, principiante, nisso);
- E depois ... ufa! .... pegávamos um plano até completar a "volta" e irmos até o Ferry-Boat de Guarujá para Santos.
Dava mais ou menos uns 60 km de pedal.
Depois
de fazer uns 3 ou 4 treinos desses, já estava me achando. rsrsrs.
Quando
pedalamos no final do pelotão, fazemos bem menos força do que quem está lá na
frente, com a cara no vento.
Eu
só fazia muita força e rezava pra não "sobrar", ou seja, não perder o
pelotão. Caso contrário, iria pedalar sozinho até o fim.
Nesses
primeiros 3 ou 4 treinos, consegui (não me perguntem como) acompanhar o pelotão
até a subida do Quilombo.
Já, no treino do meu
capote...
Eu "se achei".
Disse eu pra mim mesmo: "Agora se consagro!" kkkkk
Subi com o pelotão, bufando, babando, quase "marrendo",
mas consegui chegar ao topo junto com eles.
Daí veio a descida.
Uns 70 km/h...
Eu... tremendo mais que minha máquina de lavar
roupa.
Sobrevivi.
Chegamos ao plano, uns 30 atletas treinando.
Eu estava em um honroso 10º lugar no pelotão.
Dentre todos os atletas, era eu, claro, o mais
inexperiente.
Os caras da frente pedalando numa média de 38 km/h
no plano e eu os seguindo de boa. Só na roda.
Também pra quem não sabe, quanto mais estamos
próximos do ciclista à frente, menos força fazemos, por conta do vácuo, assim
como na Fórmula 1.
Resumo da ópera:
De 10º no pelotão, fui subindo.
Nono, oitavo, sétimo, sexto, quinto, quarto,
terceiro...
Pourra! Tô bem pra caraio.
Vou assumir a ponta do pelotão logo.
O segundo no pelote nem sei quem era, mas fui
chegando perto da roda traseira dele.
E, chegando perto, fui cada vez mais pensando em
sair para o lado e ultrapassá-lo.
Do nada, encostei minha roda da frente na roda de
trás dele.
Descobri um efeito da Física que nunca havia
aprendido.
Dois veículos de duas rodas, andando na mesma
direção, a partir de certa velocidade, o da frente tende a ter o peso maior
apoiado em sua roda traseira.
Os veículos que vêm atrás também.
Logo o veículo que vem atrás tende a ter um menor
peso na roda da frente.
A roda traseira do veículo da frente terá uma enorme
força para catapultar a roda da frente do veículo que vem atrás, caso as rodas
se encontrem.
Bom...
Não precisei ser um ganhador do Prêmio Nobel de
Física, para descobrir que, ao encostar minha roda dianteira na roda traseira
dele, com uma velocidade de aproximadamente uns 38/40 km/h, eu iria ser
catapultado pra cima.
Mas fiz bonito, viu ?
Dei um salto duplo grupado, com um giro de 180
graus, com a bike ainda clipada nos pés, um Tsukahara e um Twister.
Só não consegui cair em pé.
Meu capacete rachou, meus óculos voaram.
Caí de costas com a cabeça cabeçuda dando uma
cabeçada no asfalto. Ainda bem que estava de capacete que, mesmo sendo um
capacete "meia-bola", me salvou de lesões na cabeça.
Minha bike foi parar a uns 10 metros de onde
capotei.
Ainda, dois atletas, que vinham atrás, caíram por
conta do meu capote.
Graças a Deus, não tiveram nenhum problema.
Conclusão
- Não se achem.
- Aprendam, em primeiro lugar, o que podem e devem fazer.
- Eu, graças a Deus, paguei um preço bem baixo.
- Em pelotões, nunca pedalem "no clip", caso suas bikes sejam TT.
Por enquanto, é isto.
Bons treinos e boas
provas a todos.
3AV
Marco Cyrino
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