Um dia desses, alguém me perguntou:
- Como é ser velho, embora você não
pareça velho?
Bom...
Eu, que não me considerava e não me considero velho, fiquei por
instantes perplexo.
Quando ele viu minha reação, ficou imediatamente envergonhado.
Mas, expliquei que era uma pergunta interessante.
E, depois da reflexão, concluí que envelhecer é um presente.
Às vezes, fico surpreso com a pessoa que vive no meu espelho.
Mas, não me preocupo com essas coisas por muito tempo.
Não trocaria tudo que tenho por uns cabelos menos brancos e um abdome
plano.
Não me repreendo por não fazer a cama, ou por comer algumas
"coisinhas extras".
Estou no meu direito de ser um pouco desarrumado, de ser extravagante e
de passar horas olhando para minhas bikes, para minha prancha de surf, para
minhas roupas e acessórios de Triathlon, enfim...
Já vi alguns amigos queridos deixarem este mundo antes de terem
desfrutado da liberdade que vem com o envelhecer.
Inclusive alguns do Surf e do Triathlon (saudades, Edmilson).
Fazendo um aparte:
Pago hoje o preço físico do que eu
extrapolei no Triathlon.
Principalmente nas 7 provas de Ironman
completadas.
Comprovação
das 7 maiores extrapolações...
Minha cervical, minha lombar, meus
joelhos, meus tornozelos, meus pés, meus ombros...
Enfim, eles reclamam.
Eu, porém, não tenho nada a reclamar.
Vou voltar a fazer o que tenho que
fazer.
Musculação, Pilates, Natação,
caminhadas, aquilo que tiver de fazer para me aprumar.
Quem liga se eu decidir ficar vendo coisas no computador até sei lá que
horas da madrugada?
Vou caminhar pela praia.
Vou mergulhar nas ondas, com meu corpo um pouco mais gordo, apesar dos
olhares impiedosos de quem está com o corpo "trincado".
Eles também irão envelhecer, se tiverem sorte.
Sou eu
mesmo...
É verdade que, ao longo dos anos, meu coração sofreu pela perda de um
ente querido, pela dor de uma criança, ou por ver um animal de estimação
morrer.
Mas é o sofrimento que nos dá força e nos faz crescer.
Um coração inquebrável é estéril e nunca conhecerá a felicidade de ser
imperfeito.
Sinto-me orgulhoso de ter vivido o suficiente para que os meus cabelos
fiquem brancos e para manter o sorriso da minha juventude, antes que os sulcos
profundos aparecessem no meu rosto.
Agora, para responder honestamente à pergunta, posso dizer:
- Gosto de ser velho, porque a
velhice me torna mais sábio, mais livre!.
Sei que não vou viver para sempre, mas enquanto estiver aqui, vou viver
pelas minhas próprias leis, as do meu coração.
Não vou me arrepender do que não foi, nem me preocupar com o que será.
No tempo que resta, simplesmente vou amar a vida como amei até hoje.
O resto deixo com Deus.
3AV
Marco Cyrino
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