Finalmente, conforme proposto ao
início desta Cronologia ( Santos - Ponta da Praia em extinção - Cronologia - Parte I ), terminamos a reapresentação da nossa série de 5 artigos sobre
este assunto (originalmente publicados entre novembro/2012 e julho/2022).
Neles, aplicamos nossos melhores
esforços em documentação fotográfica, gráficos, análises, sugestões de soluções
baseadas em minha vivência e meu conhecimento destas praias.
Este artigo contém as nossas impressões
sobre as intervenções implementadas e sobre o estado atual do problema.
Infelizmente, o assunto parece ter
sido abandonado quanto ao seguimento dos resultados das intervenções realizadas, como se o problema houvesse sido resolvido e revertido.
Com relação à erosão na Ponta da
Praia
Podemos dizer que a solução
foi tímida, resultando na diminuição (quando muito, estabilização) da erosão e não
na sua reversão.
Já evidenciamos que
seria necessário melhorar o desenho e a dimensão dos bloqueios e/ou desvios dos
fluxos de água que entram e saem do Canal do Estuário durante as marés-enchentes
e marés-vazantes, quer esses bloqueios e/ou desvios sejam feitos por bags, quebra-mares, ou ambos.
Com relação ao assoreamento dos
Canais 1 a 3
Podemos dizer que a
solução foi incompleta.
Não resolveu o grave
problema dos canais sendo progressivamente assoreados.
Lembramos que esse assoreamento afeta os Canais 1 a 3, desde o nosso
primeiro artigo, em novembro de 2012.
Uma análise abrangente
(Clique em
qualquer imagem para ver em tamanho original. Use Esc para retornar)
Praias de Santos
– Comparação 1971 x 2024
Ao longo de décadas,
as intervenções humanas interferiram com a dinâmica natural das marés na
Baía de Santos.
Em especial a
implantação do enrocamento / quebra-mar do Emissário Submarino e o aprofundamento
do canal do Estuário do Porto, este último causando aumento de velocidade dos
fluxos de maré-enchente e maré-vazante nesse canal.
Esta imagem de 1971,
portanto anterior a tais intervenções, mostra
como era a Praia de Santos, quando estava sujeita apenas à dinâmica natural das
marés.
Imagem publicada no site Memória Santista
Numa simples
comparação com a foto anterior, esta imagem de fevereiro de 2024 (tomada aproximadamente
a partir do mesmo ponto, ou seja, Ponta da Praia em primeiro plano) evidencia
de forma inquestionável os efeitos das citadas intervenções humanas.
A linha tracejada vermelha mostra aproximadamente
a faixa de praia perdida.
Imagem obtida com o Google Earth.
Gráficos ©2024 3athlonnaveia.com.br
Efeitos das intervenções
humanas na dinâmica natural da Baía de Santos
Vamos lá,
novamente...
Olhando do oceano
para a praia, como já ilustramos várias vezes...
Na maré-enchente
·
A maré "chega" praticamente
"de frente" para a Praia de Santos, desde a Ponta da Praia até a
Praia do Itararé.
·
Para a direita, a água flui pelo canal
do estuário, indo "encher" o Estuário do Porto.
·
Para a esquerda, a água flui para
a Baía de São Vicente (Praia do Gonzaguinha) e flui também (através do estreito
em frente ao Morro dos Barbosas, onde está a Ponte Pênsil) para
"encher" o Mar Pequeno, que contorna a nossa Ilha pela esquerda.
Imagem obtida com o Google Earth.
Gráficos ©2024 3athlonnaveia.com.br
·
Sem o quebra-mar do
Emissário Submarino
As ondas chegando à Praia do José Menino e à Praia do Itararé "se
dividiam" ao encontrar a Ilha de Urubuqueçaba e se espraiavam após passar
pela ilha, atingindo as areias de forma uniforme para a esquerda e para a
direita.
Imagem obtida com o Google Earth.
Edição & Gráficos ©2024 3athlonnaveia.com.br
·
Com o quebra-mar
O espraiamento das
ondas para a direita foi alterado e prejudicado, o que fica evidente pelo maior
assoreamento (setas vermelhas) à esquerda do
quebra-mar (olhando do mar para a praia).
Imagem obtida com o Google Earth.
Edição & Gráficos ©2024
3athlonnaveia.com.br
Na maré-vazante
Imagem obtida com o
Google Earth.
Edição & Gráficos
©2024 3athlonnaveia.com.br
·
Pela direita, a água retorna pelo
canal do Estuário do Porto, "varrendo" tangencialmente a praia, com
velocidade decrescente desde a Ponta da Praia até o extremo esquerdo da baía.
·
Sem o quebra-mar do
Emissário Submarino, essa varredura chegava, embora
atenuada, até a Praia do Itararé.
Imagem obtida com o Google Earth.
Edição & Gráficos ©2024
3athlonnaveia.com.br
·
Com o quebra-mar, a varredura para a esquerda é estancada no próprio quebra-mar e, em
seguida, na Ilha Urubuqueçaba, cuja conexão com a Praia do José Menino tornou-se
também bastante assoreada, devido a uma espécie de gargalo (v. círculo vermelho) formado entre a extremidade Sul
do quebra-mar e a face proximal dessa ilha.
Mais uma evidência
desse efeito é a grande diferença de assoreamento à esquerda e à direita do
quebra-mar (v. setas vermelhas).
Imagem obtida com o
Google Earth.
Edição & Gráficos
©2024 3athlonnaveia.com.br
·
Pela esquerda, a água retorna do
Mar Pequeno e da Baía de São Vicente, passando ao lado esquerdo da Ilha Porchat
e rumando para o centro da Baía de Santos.
·
Portanto, como a corrente
proveniente da Baía de São Vicente passa ao lado da Ilha Porchat (longe das
praias de Santos), concluímos que somente a corrente procedente da direita é
capaz de "varrer" tangencialmente as praias de Santos.
·
Pelos dois extremos opostos da
Baía de Santos, essas duas correntes confluem para a sua região central, rumo
ao mar aberto.
Dinâmica natural da Baía de Santos,
antes das intervenções humanas
·
Na maré-enchente, as ondas quebravam
nas praias de um extremo ao outro, de forma praticamente uniforme, e
simultaneamente os fluxos de água se bifurcavam para contornar a Ilha de Santos
e "encher" o Canal do Estuário e o Mar Pequeno.
·
Na maré-vazante, as ondas "lambiam" as praias de um
extremo ao outro, de forma praticamente uniforme, e simultaneamente os fluxos
de água retornavam pela direita e pela esquerda, voltando a se unir na região
central da baía e rumando para mar aberto.
·
O acúmulo, a distribuição e a
retirada de areia ocorriam naturalmente, de maneira constante, uniforme e
estabilizada, em toda a Praia de Santos.
·
Simples assim!
Como completar a solução?
Não saberíamos o que
acrescentar a tudo o que já escrevemos e descrevemos em nossos artigos.
Podemos apenas
reprisar as nossas sugestões anteriores que, caso sejam consideradas pelas
partes interessadas, evidentemente precisariam ser estudadas, equacionadas, projetadas e
executadas por oceanógrafos, engenheiros, arquitetos, paisagistas, financistas,
economistas etc.
Ponta da Praia
·
Mais bags? Maiores do que os
atuais?
·
Um (ou mais) quebra-mar(es)
pequeno(s) ou um pouco maior(es), localizado(s) na região indicada em nosso 4º
artigo?
·
Deixar como está, para ver como é
que fica?
Assoreamento dos
Canais 1 a 3
· Criar uma ou mais passagens transversais (dutos? galerias?) no
quebra-mar do Emissário Submarino, para que as águas possam voltar a fluir e
refluir entre as praias de Santos e a Praia do Itararé?
· Qual o posicionamento? Em quais níveis? Quais as dimensões?
· Sistema de segurança (gradeamento...) para que não se torne um sugador
de pessoas e animais?
· Sistema de limpeza automática, para manter tais passagens
desimpedidas?
· Deixar como está, para ver como é que fica?
Um olhar humilde
A Natureza reage
persistentemente às intervenções humanas, como um organismo vivo que procura se
restabelecer das "lesões".
Será que o nosso
conhecimento e a nossa capacidade de realização nos permitem continuar causando
alterações e depois tentando remediá-las para que não se tornem lesões maiores?
Para colocar em
perspectiva a nossa pequenez diante da Natureza e das suas forças, preparamos
esta sequência de imagens do Google Earth, mais expressivas do que quaisquer
palavras.
Por favor,
clique na primeira imagem à esquerda, para ver a sequência em tamanho original.
Nada mais a dizer, por enquanto...
3AV
Marco Cyrino
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