sábado, 16 de abril de 2022

Ensinamentos do esporte - Update


Chegando finalmente e novamente o Ironman Brasil Full, em Floripa, depois de um longo período de reclusão devido à pandemia, resolvi publicar minha opinião sobre o que o esporte nos ensina, através deste update do meu post 
Ensinamentos do Esporte.

Como diz o título, um dos ensinamentos do esporte é priorizar o mais importante.

Pode parecer óbvio.

Mas a prática é que nos conduz a saber o que é ou não prioritário.

Os principais ensinamentos

O esporte, e principalmente o Triathlon, se praticado seriamente, nos dá inúmeros ensinamentos que serão válidos para todos os aspectos de nossa vida.

E temos também de estar preparados para as críticas de quem não pratica e, portanto, não nos entende.

Os ensinamentos são principalmente: organização, persistência, perseverança, resiliência e superação, força de vontade.

Em nossa Língua Portuguesa, alguns têm o mesmo significado, como Persistência e Perseverança, e até mesmo Força de Vontade.

Na prática, cada um tem o seu significado específico:

Persistência no esporte = Não desistir, independentemente de resultados.

Perseverança no esporte = Saber que nada vem do dia para a noite. É necessário ter perseverança para dar continuidade e ver a evolução aos poucos.

Força de Vontade no esporte = Saber que será necessário tê-la de forma suficiente, para se manter focado(a) em seu objetivo.

Como disse, são palavras com significados "iguais" ou muito parecidos. 
Mas, coloquei em minha mente que cada um tem seu significado maior.

Resiliência, entretanto, é um dos maiores ensinamentos do esporte. 

Tecnicamente, Resiliência é a característica dos materiais que podem ser deformados por agentes externos e que retornam sempre ao estado e à forma originais.

Na prática esportiva, Resiliência funde-se, de certa forma, com o conceito de Superação, pois, à medida que adquirimos Resiliência, aumenta a nossa consciência de que temos (ou podemos adquirir) a força necessária para superar todos e quaisquer obstáculos... a consciência de que conseguimos sofrer e assimilar o sofrimento, fazendo dele uma força maior para atingir o objetivo.

Isto vale (por exemplo) para aqueles treinos de endurance (longuíssimos) e/ou de velocidade (curtíssimos e intensos), nos quais pensamos que não seremos capazes.


O esporte dirá...

Imagine-se, sem nunca ter treinado, digamos, uns 40 km de bike, ter de treinar 200 km para fazer seu primeiro Ironman.

Claro que a evolução será gradativa.

Você, por melhor assessorado que esteja, vai errar muito no progresso dos treinos; irá passar do seu limite de velocidade; irá falhar na hidratação e na alimentação... Até chegar ao ponto de terminar um treino de 90 km, largar a bike, cair deitado no chão e dizer:  - "Que merda! Eu não consigo pedalar 90 km! Como vou completar um Ironman?"

E isso é só o começo, porque a pressa é inimiga da perfeição.
Você vai, sim, conseguir fazer o seu Ironman. 
Mas, o próprio esporte vai te ensinar como.

Ao conseguirmos completar esses treinos, nos sentimos extremamente gratificados.
E isso será levado para o resto da vida.

Nossas atividades normais, sejam no trabalho, na vida pessoal, enfim... serão todas afetadas positivamente por essas capacidades que desenvolvemos.

Hoje em dia, em todos os perrengues que acontecem em nossas vidas e, inevitáveis que são, sou imensamente grato aos ensinamentos que o esporte me deu e ainda continua dando.

Quanto às críticas... 

Ah! Essas não valem nada!

Críticas sempre existirão.
Negocie com quem convive com você.

E, aquelas feitas por pessoas que não são próximas, delete-as. 
Simples assim.

Já ouvi coisas do tipo "você só pensa nisso", "você vive pra isso", "você isso e aquilo"...

Já "maldaram" muito a minha vida, em função da vida que levamos.
Daí que tenho um pequeno conselho...

Como disse Zeca Pagodinho:

""
Se eu quiser fumar eu fumo
Se eu quiser beber eu bebo
Pago tudo que eu consumo 
Com o suor do meu emprego

Confusão eu não arrumo
Mas também não peço arrego
Eu um dia me aprumo
Tenho fé no apego
""

Keep sporting !!!

3AV
Marco Cyrino
 
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sábado, 2 de abril de 2022

Percursos x Percursos



Vendo postagens sobre os percursos da prova que houve aqui, na Base Aérea da Baixada Santista:

Um monte de gente reclamando sobre o percurso de bike.
Que era travado
Que tinha muitos cotovelos.
Que a pista era ruim.

Também vi comentários sobre a prova, por diversos motivos, ter sido, digamos, lenta... e que, por isso, não seria uma boa prova. 

Isto porque alguns atletas queriam melhorar seus tempos na distância e não conseguiram.

Li também que a natação do TB, no Olímpico, deveria ser feita em uma única volta, porque melhoraria os tempos de natação.
E que, no mesmo TB, o pedal poderia ser feito na Anchieta.
E que a corrida, lá na Base Aérea, não tem o mesmo visual das praias de Santos.

Bom... 
Vou falar pra todos vocês um bagulho.

Cada prova é uma prova.
Comparar uma prova com outra é nocivo.

Apenas para fundamentar...

Já fiz provas de Long Distance, Meio-Ironman, Challenge, enfim, provas com as mesmas distâncias (1,9 km de natação, 90 km de pedal e 21,1 km de corrida) em vários locais e circuitos.

Não dá para comparar o tempo que fiz em uma com o tempo que fiz em outra.

Os tempos em Pirassununga foram bem melhores do que os tempos em Jurerê, no Challenge.

Embora a natação em Pira seja mais desafiadora (água doce, pesada) do que a do Challenge em Jurerê, ela não tem correnteza, ou ventos de 70 km/h como uma das que fiz em Jurerê.

Embora em Pira o ciclismo seja melhor para obter tempos (4 voltas com subidas bem suaves)... as duas voltas de 45 km cada, em Floripa, são mais desafiadoras com as subidas das serrinhas.

Embora a corrida em Jurerê seja toda no plano, em 3 voltas de 7 km cada, a corrida de Pira é bem punk, com 2 voltas, com um sol pra cada um, sem sombras, e com um trecho de areião em cada volta.

Se quiséssemos apenas competir com nossos melhores tempos, teríamos que escolher uma prova em que cada modalidade fosse feita em nosso melhor ambiente. Tipo assim...

Os melhores nadadores de piscina fariam essa modalidade numa piscina olímpica. 

Os melhores nadadores de águas abertas fariam no seu melhor cenário, tipo Canal 6 aqui em Santos.

Os melhores ciclistas iriam pedalar apenas na Anchieta, com o trânsito totalmente parado para eles.

E os melhores corredores iriam correr pelas belas paisagens da nossa avenida da praia.


Fui para o Mundial de Challenge, na Eslováquia, achando que o percurso seria ótimo, uma expectativa que considerava a natação no Rio Danúbio, o pedal direto e reto, com pouquíssimas curvas, em asfalto de Fórmula 1, a corrida dentro do X-Bionic, um lugar muito legal.

Ao chegar lá, vi que a natação no Rio Danúbio ia ser punk. 
E assim foi. Correnteza (rio corre, né? e se corre tem correnteza, né?), muito vento contra. Marolas na cara, enfim...

Pedal direto e reto.
Só não sabia que lá é uma região de ventos. 
Pra todo lado se olhasse havia uma usina eólica.
Foram 45 km com vento a favor, pedalando pra 40 km/h ou mais e, na volta, fazendo uma puta força para manter uns 25 km/h. 

Resultado, acabei com minha corrida, que também achava que seria fácil. 
Corremos num circuito de corrida de cavalos.
Parte no plano, parte em pequenas subidas, parte em grama baixa, parte em grama alta, parte em areia batida, parte em areia fofa.

Links sobre o Challenge Championship Samorin 2018

·         Relato de Pré-Prova
·         Relato de Prova
·         Relato de Viagem 


Também, já fiz duas vezes o Insano, cujo mote derivou das subidas na corrida, em Guaratuba.

Ganhei nas duas vezes. 
Mas, me preparei para isso.
Treinei que nem um doido as subidas de corrida, aqui em Santos, em Balneário Camburiú. Enfim, treinei pra caramba.
 
 Links sobre o Insano - Guaratuba
 
 
 
O que quero dizer com isto?
Quero dizer que existem provas desafiadoras pra todos.

A prova mais fácil que fiz (em termos de tempo no Olímpico) foi o Internacional de Santos, com o ciclismo na Anchieta. 
É ótimo.
Permite nos sentirmos o melhor Triathleta de todos os tempos da última semana.
Natação com apenas uma volta de 1.500 m, direto e reto.
Pedal no melhor circuito possível, em minha opinião. 
E corrida também no melhor circuito.

Como posso comparar o tempo que fiz nessa prova com outras Olímpicas?
Por exemplo, TB na USP.
Natação em água doce, pesada e gelada, em duas voltas (porém sem sair da raia olímpica).
Ciclismo com 2 voltas travadas e com subidas.
Corrida também com 2 voltas e com subidas.

BH, RJ, cada uma com suas facilidades e dificuldades.


Esta publicação vale principalmente como estímulo para que não fiquem tentando obter o melhor tempo de sua vida.

Tentem, ou melhor, tentemos, melhorar nossa performance a cada treino, a cada prova, seja ela onde for e sob quais condições forem.

Muitos acham que é fácil organizar e realizar uma prova no melhor circuito possível.
Não é fácil, viu? 

Imaginem, numa cidade como Santos, fazer 5 provas (4 TB e 1 Internacional), fechando a Via Anchieta, principal estrada de chegada ao maior porto da América Latina. 

Facinho, né?
Bora lá, parar a cidade inteira, etc.
Ain.......mas a inscrição está cara.
Ain.......mas o circuito é travado.
Ain.......mas a corrida não tem um visual legal.
Ain.......mas a natação é difícil.


Queremos ser Triathletas, ou apenas realizar a melhor prova de nossas vidas da última semana?

Na real, a competição de cada um deve ser principalmente consigo mesmo, pois, ainda que pudéssemos comparar nossos tempos na mesma prova e no mesmo circuito, as condições (sob todos os aspectos) jamais serão exatamente as mesmas, nem mesmo para cada um de nós... 

Então, que possamos treinar especificamente para fazer a nossa prova alvo e nos alegrar com os resultados, sabendo que fizemos o nosso melhor.


3AV
Marco Cyrino
 
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