segunda-feira, 24 de maio de 2021

Introspectivos.... até a página 2.


Nos últimos dias, tenho pensado muito sobre a volta aos treinos.

Sobre estar tentando voltar a um ritmo de treinos que me permita retornar às provas.

Já me perguntaram um milhão de vezes sobre o que fico pensando durante meus treinos.
Sempre respondo que não penso em nada.
MENTIRA das grossas.

A gente fica pensando sobre tudo.

Eu, particularmente, fico raciocinando sobre tempos, distâncias, paces, etc.
Milhares de contas a respeito do treino que estou fazendo, seja ele curto, médio ou longo.
Seja ele de natação, pedal ou corrida.
E me vejo, de vez em quando, confrontando minhas contas com os tempos do Garmin.
Via de regra, acabo acertando.

Dependendo do tempo e da distância do treino, acabo pensando em muitas outras coisas, para passar o tempo.

Treinando, já encontrei amigos e colegas que queriam conversar.
E eu, meio desligado deles, continuava apenas com os meus pensamentos.

Num treino longo de natação, tipo 4.000m numa piscina de 25 m, são "apenas" 80 voltas completas (ida e volta).

Imaginem contar simultaneamente braçadas, meia volta, volta inteira, tempo de cada pequena etapa (meia volta ou volta inteira) e ir acumulando isso no HDD da cabeça.

Num treino longo de pedal, tipo 180km, numa estradinha (a E.V.) com 8km de percurso, são "apenas" 12 voltas completas (ida e volta).

Imaginem contar simultaneamente ritmo de pedaladas (cadência), meia volta, volta inteira, programando hidratação e alimentação a cada trecho, e ir comparando isso tudo com o Garmin ou outro medidor de performance.

Num treino longo de corrida, tipo 35km, pelas avenidas e areias das praias de Santos, São Vicente, enfim... tentando também manter uma frequência de hidratação e suplementação.

O que vocês acham que passa na nossa cabeça?

Já me peguei fazendo minhas orações, resolvendo problemas de todos os tipos, imaginando como seria o meu Ironman. 

Resumindo, mesmo que não sejamos, ficamos introspectivos.

Daí, depois de algum treino desses, chego em casa e minha amada Neuzita vem me perguntar como foi, como estou, se quero algo.

Continuo introspectivo.
Só quero tomar um belo banho, me alimentar e dormir.

Dia seguinte, acordo.... e a introspectividade passou.

Quero contar tudo.... quero conversar muito.... quero traçar planos para os próximos treinos.... quero agradecer e continuar pedindo ajuda.... quero tudo.

E assim vai até o dia da prova.
Ah! Esse é o dia de ficar realmente introspectivo.

Nem vou falar sobre os dias anteriores, de viagem, arrumação de tudo, de pegar o kit, preparar para a prova, de me alimentar, hidratar, tentar descansar, etc.

A cada um desses passos, vou ficando mais introspectivo.
Só quero conversar comigo mesmo.

Acordar introspectivo, tomar café introspectivo, até mesmo ir ao banheiro introspectivo. 

Pegar as coisas, ir para o local da prova, arrumar o que ainda falta ser arrumado na transição, vestir para a natação.... tudo introspectivo.

Daí, ir para o local da largada.... mais e mais introspectivo...

Afastar-me de tudo e de todos e fazer uma bela oração, introspectivamente, pedindo apenas proteção para mim e para todos que irão fazer a prova.

Já meio "desintrospectivizado", dou um beijo na Neuzita, fazemos uma selfie, e já vem a buzina da largada.

A introspectividade vai embora...

Vem a natação.
Vem o ciclismo.
Já converso com muita gente...

E vem a corrida...
Daí, já confraternizo com tudo e com todos, principalmente com os staffs. Agradeço a atenção de todos.

Lógico que, principalmente durante a natação e o ciclismo, acabo ficando às vezes introspectivo. Mas nada comparado aos treinos.

Daí, quase na chegada...

Uns 3 km antes dela, já sou o cara menos introspectivo que se possa imaginar.

Interajo com todos os atletas que ultrapasso, com todos os que me ultrapassam, com todas as pessoas que estão ao redor aplaudindo e dando muita força a mim e aos demais.

E na chegada... 

Ah! Ela, a chegada!

Não há nada mais maravilhoso do que ela, para nos tirar da introspectividade.

Quero e consigo falar pelos cotovelos, mesmo com dores até no cabelo.

Entro nas tendas de alimentação, de hidratação, de massagens, de atendimento médico.... e quero e falo com todos.

Após uma breve reposição de calorias, saio e encontro novamente a Neuzita e quem mais estiver com ela.

Aí é que a coisa fica boa.
Não consigo mais parar de falar...
Falo pelos cotovelos, pelos calcanhares, pelos joelhos.
Falo muito e não quero parar de falar.

Voltamos para o refúgio, seja pousada, apartamento, ou hotel.

E tomo um banho falando, como algo falando, deito e durmo falando.


Enfim, somos introspectivos, até a página 2.

Agradecimentos a todos que entendem a minha introspectividade e a todos que, depois, entendem a minha tagarelice.
Principalmente a ti, Neuzita.

3AV

Marco Cyrino

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sábado, 1 de maio de 2021

O retorno não é fácil

Depois de ter dado um tempo no Triathlon em 2019, por problemas pessoais...

Depois de ter tentado voltar a treinar em 2020 e...  
Ah! Vocês sabem, veio a pandemia.

Depois de praticamente dois anos só fazendo uns biro-biros, tipo pedalar meia hora no rolo, correr pelas escadarias do meu prédio, nadar... 

Nadar? Onde?
Ah... Pra nadar, tenho o mar praticamente na minha porta. 
Bom, não tem desculpinhas.

Perdi 99% do meu condicionamento físico.

Recomecei a treinar no início deste ano de 2021.
E veio o tsunami... TSUNAMI mesmo, porque não foi 2ª onda.

Parou tudo de novo. 
Só que desta vez parou tudo mesmo.

Agora, caindo novamente o número de contaminados e de mortes, com mais vagas de UTIs, aumentando o número de vacinados (incluindo eu, na faixa etária de 63+), estou me dispondo a voltar aos treinos.

Orando muito para que não venha a 3ª onda dessa desgraça.

Daqui pra frente, é pura ficção combinada com o que sei que vai acontecer.

As academias ainda não estão com horários disponíveis para musculação e natação nos horários que posso ir.
Bora nadar no mar.

Saio de casa cedo, visto a minha roupa de borracha para natação (porque sem ela acho que não conseguiria nadar no mar), entro no reino sagrado do mar (depois de orar pedindo proteção) e consigo finalmente nadar 1.000m.
E saio do mar como quem nadou 10.000m.

No outro dia, faço um treino de bike no rolo.
Trinta minutos e estou exausto como quem fez 180km.

Vamos correr no outro dia.

Faço 1 hora de corre, caminha, trota, pára, senta, espera baixar a FC, volta a trotar...
E deu 7km em 1 hora. 
Pace de mais ou menos 8:20 min/km.

Vamos insistir na corrida, que é o que está mais fácil pra realizar.

Deu 8:10 min/km de pace.
Depois 8:00 min/km...
Depois 7:40 min/km...
Depois 7:30 min/km. 
Depois 7:20 min/km...
Depois 7:10 min/km...
Ontem 7:14 min/km...

Nosso corpo tem memória. Tem mesmo!
Mas acho que o meu está com problemas....... kkkk.

Só sei que tenho resiliência e estou voltando.

Pra quem, há 3 anos, corria 10km para 50min... está longe. 
Mas, aos poucos vamos voltando.

Não estranhem caso eu volte no TB deste ano e faça mais de 3 horas na distância Olímpica.
Vai ser apenas um retorno. 
Sem preocupação com o tempo e sim com minha saúde.

Espero encontrar muitos amigos lá.

3AV

Marco Cyrino

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