Sei que já devo ter falado sobre isso em alguns
posts.
Tenho lido muito sobre atletas voltando aos treinos
longos.
E também sobre atletas iniciando em treinos e
provas longas.
Meus conselhos podem não ser nada profissionais, mas,
sim, muito em razão da minha experiência.
Procurem fragmentar a distância a ser enfrentada.
Diante de um desafio
gigante, tipo Ironman, já deveremos ter treinado nosso corpo e nossa mente
para.
Mas, provavelmente, devem
ter ocorrido treinos longos em que nosso psicológico queria nos arrebentar.
Tipo um treino de 4.000 m de
natação, ou 200 km de ciclismo ou, ainda, 35 km de corrida.
Fora as transições de 100 km
de ciclismo mais 20 km de corrida.
Muito provavelmente, as
provas longas ainda irão aguardar um pouco para acontecer, pelo menos aqui
neste Brasil.
Porém, não me custa colocar
algumas experiências, depois de ter concluído "n" provas de Long
Distance e 7 de Ironman.
Vou
direto para a prova de Ironman.
Beleza!
Você está muito bem treinado, tanto física quanto
psicologicamente.
Porém...
Ah, porém!
Na hora da bagaça, quando toca a sirene, quando a
gente escuta o tiro do canhão (será que ainda tem?), quando o estômago vem na
boca, quando o ateu pede proteção a Nossa Senhora Aparecida, quando o bicho
realmente vai pegar em sua primeira prova longa...
Fracione todos os seus objetivos.
A natação
de 3.900 m será feita em duas "pernas" longas.
Uma de aproximadamente 2.000
m e a outra de aproximadamente 1.900 m.
E com o mar do jeito que
estiver.
Pode ter chuva? Pode!
Pode ter água gelada? Pode!
Pode ter correnteza a favor?
Pode!
Pode ter correnteza contra?
Certeza! kkk
Então, vamos à luta.
Estou falando sobre os
Ironmans em Floripa, em Jurerê, tá?
Você vai tentar enxergar a
bóia grande, aquela onde a gente faz o contorno pra voltar à praia e iniciar a
segunda volta.
A coisa tem o tamanho de um
prédio de 2 andares, mas você a enxergará como se fosse do tamanho de uma bola
de vôlei, tão distante que está.
Se, ao entrar no mar, ficar
pensando nisso, é grande a possibilidade de dar ruim.
Então, fragmente seu
percurso.
Estabeleça menores
distâncias, tipo:
·
Vou até a bóia
menor (sim elas existem) e de lá eu vejo o que faço.
·
Ao chegar a
essa bóia menor, seu objetivo será a bóia maior.
·
Depois da
maior, o objetivo será, obviamente, voltar à praia são e salvo.
A 2ª perna será bem mais
fácil, mantendo esses objetivos.
Na bike,
a mesma coisa.
São "apenas" 180 km,
umas 6 horas pedalando (dependendo do seu nível), arrancando a pele da bunda,
comendo e se hidratando muito (porque esse é um dos segredos do Iron) e também
fracionando o percurso em pequenos trechos.
Subidas, descidas, planos,
vento contra e a favor, etc.
Coloque suas pequenas metas
por trecho, tipo:
·
Já cumpri a natação,
já estou em determinado ponto do pedal...
·
Agora vem mais
uma subidona. Belê! Essa é minha próxima meta.
·
Se tudo der
errado, dane-se! Já cheguei até aqui!
·
E assim por
diante.
A 2ª volta do ciclismo, em
minha opinião, é a parte mais punk da prova.
Primeiro, pela consciência
de que ainda temos a corrida inteira para fazer (apenas mais 42 km).
Segundo, porque, em
comparação à 1ª volta, parecerá que há muito mais vento e que os morros
"se tornaram" muito maiores e mais íngremes nas subidas e muito
menores nas descidas.
Daí vem a
corrida.
Mesmíssima estratégia.
Quilômetro a quilômetro...
Em meu último Iron, em 2017,
a corrida ainda era feita em 1 volta longa de 21 km (com as subidas de
Canasvieiras, incluindo a da Igrejinha, que é punk) e 2 voltas curtas de 10 km
dentro de Jurerê Internacional.
Nos últimos anos, pelo que
me consta, são 4 voltas "curtas" dentro de Jurerê Internacional.
Sempre sob meu ponto de
vista, tem o lado bom e o lado ruim:
O bom --- Não tem as
subidas. E também deve haver muito mais contato com o pessoal que acompanha e
nos dá força durante essa etapa.
O ruim --- Nunca gostei de "correr
em circuito", principalmente longas distâncias.
No percurso anterior, ao
completar a volta longa, já me motivava sabendo que já havia cumprido metade da
jornada da corrida.
Mas, em 4 voltas, talvez a
minha estratégia mental fosse considerar cada volta completada como uma pequena
etapa concluída.
Ainda bem que na corrida, no
meu caso, sempre tem a Neuzita me acompanhando e me incentivando a cada volta.
Mas, no meu modo de pensar,
quem chegou até a corrida não vai desistir nunca.
Como eu disse, é quilômetro
a quilômetro, passada a passada, hidratação a hidratação.
Cada quilômetro fica mais
difícil.
Porém, cada quilômetro nos
leva mais perto.
Enfim, o Pórtico é logo ali.
É assim que funciona em minha mente.
Espero, sinceramente, estar colaborando com quem
vai fazer seu primeiro Iron.
Saúde na Veia!
3AV
Marco Cyrino