quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Menos e Mais para 2022


Menos gente do contra, de quaisquer lados.

Mais gente a favor de tudo o que for construtivo.

Menos protagonismo de figuras encapetadas.

Mais poder àqueles que escolhemos.

Menos lockdowns, falências, desalento.

Mais empregos e oportunidades de empreender.
As pessoas querem e necessitam de trabalho, estudo, lazer, esporte e tantas outras atividades relevantes para a saúde física, psicológica e emocional.

Menos narrativas.

Mais honestidade para com a realidade.

Menos influencers. 

Mais seres pensantes não influenciáveis.

Menos lacração.

Mais reflexão. 

Menos mimimi.

Mais proatividade.

Menos ênfase em diferenças que alimentam discriminação e divisão.

Mais percepção das similaridades, independendo de etnias, gêneros, aparências, capacidades, deficiências, credos religiosos, opções políticas, condições sociais, econômicas, culturais.
Somos todos, irrestritamente, apenas seres humanos imperfeitos.


São os nossos votos para 2022, 2023, 2024, 2025... 

E que todos tenhamos um Natal e uma Passagem de Ano de confraternização harmoniosa, no convívio das nossas famílias.

 
Equipe 3AV
 
 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Troféu Brasil de Triathlon 2021 - 2ª Etapa - Relato de Prova



Renê Pascoali Junior, via Publique!

(O dia em que nadei 25.750 metros pelas ruas de Santos)

Sábado pré-prova

Acordei cedo e fui nadar no mesmo local da prova, em um "esquenta" promovido por um dos patrocinadores da prova. 
Coloquei a roupa de borracha e fui. 
Nadei tranqüilo todo o percurso e, quando saí da água, para minha surpresa, tinha nadado pouco mais de 1000 metros. 

Água na temperatura boa, um sol forte das 10:00 da manhã, e bora pra casa descansar.

À tarde, logo após o almoço, fui buscar o kit da prova.
Para minha sorte, foi do lado de casa. 
Kit na mão, preparar a tralha, colocar o número na bike, separar tênis, capacete, óculos de natação, óculos de sol, e tudo o que seria necessário na prova.

Domingo, dia de prova

Acordei às 5:00, tomei café, e comecei a arrumar a mochila. 

Coloquei os números de identificação nos braços (é quase tomar um banho para aquela tranqueira ficar direito), peguei meu relógio, esse que seria protagonista mais uma vez e, depois de atender alguns chamados do nosso ser interior, tô pronto. 

Saí de casa pedalando às 6:10.

Cheguei à área de transição, identificado e liberado, fui procurar meu canto e, quando encontrei minha fileira correta, de cara já vi que tinha algo errado. 
A placa dizia do 877 até o 902, ou seja, 25 bikes, mas, o ultimo espaço seria para a 892.  E as outras 10 bikes? Onde ficariam?

Deu-se o tumulto. Atletas chegando e não encontrando o seu lugar. 
O problema foi rapidamente resolvido pela organização, que providenciou novos lugares. 
Por um momento pensei que estaria presenciando o primeiro overbooking no Triathlon. 

Tudo arrumado, bora aquecer. De leve, aquela nadada marota, que na verdade é só pra fazer aquele xixi mesmo.

Natação

Com mais atletas desta vez, em comparação com a etapa anterior, a largada foi dada, e sim, consegui ligar meu relógio desta vez. 

Só que a primeira besteira que fiz foi sair correndo junto com a galera, coisa que não posso fazer. Depois de 100 metros nadando, começou a me dar falta de ar, e até a metade da natação era dar algumas braçadas e parar para me recuperar. Só consegui nadar bem após a segunda bóia. 

Saí da água (puto) e vi que os 15 min. que normalmente faço tinham virado 18 min.

Transição 1

Fiquei surpreso em ver a quantidade de gente que estava na praia e ao longo da transição. Fazia muito tempo que não via um corredor de gente tão grande. 

Na corrida pela areia, lembrei de encerrar a natação e iniciar a T1 no relógio, e aí que fiz a segunda besteira: em vez de apertar o split, apertei o stop (sem perceber), e vida que segue. 

Peguei a bike, coloquei o capacete, e bora fazer força. 
E de novo apertei o start para o relógio recomeçar a marcar (para ele eu ainda estava nadando)

Ciclismo

Já longe das referências de amigos que haviam saído da água bem antes, fiz o meu pedalzinho de sempre, aqueles 30 km/h de média. 

Na Portuária sempre tem vento contra e, às vezes, ele faz sacanagem e espera você fazer o retorno e muda de direção. 
Este é o vento sempre do contra.  

Fiquei preocupado de fazer força além do que tinha treinado e prejudicar minha corrida; então cozinhei o galo os 20 km.

Transição 2

Desci da bike, e insistindo nessa brincadeira apertei o stop novamente, parando o relógio. 
Achei fácil a minha baia, pois era uma que só tinha um lugar sobrando para pôr a bike. 
Coloquei o tênis e fui correr atrás do prejuízo. 
Apertei o botão start e voltei a nadar, digo correr. 

Corrida

Estava quente, o sol já estava alto, mas, como a corrida eu tinha treinado direitinho, passei muita gente, o que deu uma animada. 
Cheguei no Ricardinho e fomos juntos até o final. 
Cruzei a linha, peguei minha medalha, e fui pra resenha com os amigos.

No fim, fiquei com um RP de natação, por nadar 25.750 metros em 1:29:00. 
Nem Ana Marcela chegaria perto. 


Meus tempos
Natação: 0:18:24
T1 0:03:00
Bike: 0:39:23
T2 0:01:54
Corrida: 0:27:03

Classificação 
17 de 30, na categoria 50-54


 
Agradecimentos ao Renê, por contribuir com este relato de prova!
 
3AV
Marco Cyrino

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domingo, 21 de novembro de 2021

Treinamento de ciclismo - Equilíbrio e Simetria


Silvio Marques, via Publique!

Existem algumas propostas que vemos nas prescrições de treinamentos, as quais podemos classificar como ERRADAS. Outras tantas classificamos como CONTRAINDICADAS. 

Tudo depende das convicções de quem prescreve, das EXPERIÊNCIAS ESPECÍFICAS que o prescritor tem com a modalidade e, principalmente, da quantidade de estudos de teoria e prática do contexto. 

O que é preciso sempre é avaliarmos previamente o que uma proposta pode gerar de riscos a quem irá praticá-la. Ou, no português comum, o tal do bom senso.

Não vou me alongar não. Mas posso, do alto da minha larga experiência com o ciclismo de estrada em todas as suas vertentes (MTB, Road Bike e Time Trial), expressar com convicção que o equipamento mostrado na foto é o ÚNICO que deve ser utilizado nos dias atuais, para que deficiências de equilíbrio e assimetrias de pedalada sejam corrigidas. 

Acho por demais arriscado propor determinadas situações para serem realizadas em estradas e em treinamentos externos e urbanos. 

Enfim... 
É apenas uma sugestão por simples SEGURANÇA. 
Nada além de SEGURANÇA ! 

Técnicas de aprimoramento de cadências e tudo o mais podem, sim, ser trabalhadas em estradas. Mas, melhor que não sejam. 

Já vi muita coisa ruim acontecer em pelotões em estradas, tanto em treinos como em corridas de ciclismo, principalmente, por perceber APENAS falta de habilidade de gente treinando ou competindo dentro de pelotões. 

Pelotão não é o melhor lugar para se estar se o ciclista não possuir habilidades e destrezas para a situação. 

Aprendi a andar em pelotão quando humildemente passei a andar no fundo da equipe Memorial junto com Hernandes Quadri Junior, Daniel Rogelin, Douglas Nunes, Fred Longhin e Marcio May. 
 
Ficava quietinho ali no fundo, só aprendendo. 
E por ali fiquei muito tempo e só botava a cara na frente do pelotão em corridas. 
Respeito total pelos ciclistas que elevaram o nível do meu pedal no Triathlon.

Ficarei muito triste se lá na frente alguém postar uma foto todo ralado um dia e disser: "Silvão, você estava certo". 

Invistam em um rolo solto
É difícil de aprender mesmo.
Requer muitas vezes ajuda de alguém com habilidade ou experiência, mas, tão logo você consiga treinar, perceberá rapidamente a evolução do seu "pedal". 

Bons treinos! 

E lembrem-se:
Técnicas que envolvam destreza e equilíbrio, de preferência, treinem em casa. 
No ROLO SOLTO.

Até a próxima !
Silvio Marques


 
Agradecimentos ao Silvão, meu Treinador, por esta contribuição.
 
 
3AV
Marco Cyrino

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domingo, 14 de novembro de 2021

Repositório 3AV



Uns chegam doando, contribuindo com suas experiências e seus conhecimentos, através de matérias e também de comentários.

Outros visitam, lêem, aprendem, agradecem, compartilham com amigos e colegas do esporte, trazem novos visitantes-leitores.

Claro que, em termos numéricos, não pretendemos nos comparar com os youtubers & influencers da vida.

Entretanto, as estatísticas de visitas por posts nos mostram.

Alguns textos despertaram divergências, convergências, aprendizados.

Outros, chamaram a atenção para problemas ambientais globais e regionais, até subsidiando e/ou movendo os envolvidos em suas soluções (como aqueles sobre a Ponta da Praia).

Outros, até mesmo bem antigos, são até hoje bastante visitados, principalmente os relativos a detalhes técnicos sobre bikes (tipos de pneus & tipos de selins, por exemplo).

Outros ainda (esperamos que tenham sido úteis aos iniciantes) forneceram dicas e orientações "que não estão nos livros", aprendidas de nossas experiências em incontáveis provas, nas diversas modalidades do Triathlon.

E assim tem sido, de forma que, humildemente, nos tornamos um repositório, com mais de 670 matérias publicadas, versando sobre uma infinidade de temas, como bem mostra o menu deste site (aqui, na coluna à esquerda da página).

Por que escrevo isto?

Apenas uma declaração de satisfação por haver criado este blog e de agradecimento àqueles que contribuem e àqueles que, de alguma forma, dão utilidade ao que publicamos.

 
3AV
Marco Cyrino
 
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sábado, 30 de outubro de 2021

Posicionamento nas provas de contra-relógio, no ciclismo


Silvio Marques, via Publique!

O que vemos atualmente nas provas de ciclismo e Triathlon são profissionais atacando a parte dianteira da bicicleta, em um posicionamento extremamente agressivo.
Tendência ou não, todos com a extensão quase completa do joelho na fase descendente do ciclo da pedalada com a regulagem da altura do banco limitada pela neutralidade entre a dorsiflexão e a flexão plantar dos pés na fase máxima descendente dos pedais.

Avançam o banco em sua máxima possibilidade, alcançando angulações acima dos 80 graus em relação ao eixo do pedal, o que possibilita que, quando em sua extensão máxima de joelho ajustada, a outra perna em sua máxima flexão de joelho ajustada coloca o dorso do pé atrás da linha máxima posterior do quadril, aumentando em eficiência a produção de potência no último quarto descendente da pedalada, direcionando o eixo do ciclo da pedalada não apenas para a frente mas angulando-o também para baixo, diminuindo o arrasto aerodinâmico.

A diminuição da flexão do joelho na extensão máxima do pedal na fase descendente proporciona menor utilização de carga sobre a musculatura dos glúteos, preservando-a em grande parte para a corrida.
O segredo está em equilibrar a diminuição da área de contato da parte traseira da bike com o solo no início do ciclo ascendente da pedalada, com a pressão máxima na frente da mesma na fase final descendente, gerando deslocamento máximo com a potência utilizada, principalmente sobre o centro da bike.

Aos Triathletas é necessário e fundamental considerarem a neutralidade da posição do pé sobre os pedais na máxima fase descendente, vez que aumentar a altura do banco além dessa neutralidade irá gerar flexão ou hiperflexão plantar, que irá gerar contração isométrica da musculatura de panturrilhas, principalmente dos gastrocnêmios em sua cabeça medial, durante todos os ciclos de pedalada. Esse posicionamento, potencializado em horas em cima da bicicleta em provas de longa distância, poderá interferir na qualidade e desempenho da corrida posteriormente, já que são músculos de grande importância usados na corrida. 

Aqueles que têm a possibilidade de treinar adequadamente para uma prova de longa distância devem privilegiar SIM as regulagens na bike com uma abordagem agressiva no período final de treinamentos longos.

Deve-se treinar o fortalecimento e estabilização central (Core), que envolve a musculatura abdominal na parte anterior e a musculatura estabilizadora de coluna e glúteos na parte posterior desse segmento, durante todo o período de preparação para provas de longas distâncias.
Estudos apontam que as lombalgias afetam até 80% da população mundial e é preciso preservar as estruturas envolvidas em todo o esforço da pedalada.

Regulagem com base no conforto apenas para quem não consegue treinar adequadamente os longos braços de cada modalidade durante a fase de preparação.

Hoje em dia é possível ajustar a sua bicicleta adequadamente através de programas e profissionais especializados para se maximizar a eficiência da pedalada e/ou conforto/performance.

E lembre-se.
Com o advento e “moda” das otimizações de performance através de medidores de potência, é muito comum os profissionais cometerem equívocos ao considerarem os padrões médios limiares de produção de potência (FTP) em protocolos de uma hora para ajustes em fases finais de treinamentos.

Considere com o seu treinador fazer os ajustes iniciais através dos protocolos padrões e ir mudando sua abordagem de pedalada após a evolução da performance durante o período dos seus treinos para alguma competição.

Grande abraço e até a próxima !
Silvio Marques

 

 
Agradecimentos ao Silvão, meu Treinador, por esta contribuição.
 
3AV
Marco Cyrino

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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Contradizendo a todos e a mim mesmo



Sempre defendi que ser Triathleta é não apenas ser um grande atleta, mas também um estilo de vida.
Saudável, sim. 
Ou não (guardem isso).

Assim como sempre defendi que ser, por exemplo, Surfista (como fui e estou voltando a ser) também o é.

Estou me esforçando para voltar a ser Triathleta e Surfista.

Esta postagem é a respeito da importância disso tudo. 
Triathlon, Surf e outros esportes.

Sim, para ser Surfista mesmo, precisamos ter um estilo de vida voltado a isso.
Sim, para ser Triathleta também e principalmente.

Vamos por partes.

Vou começar pelo Surf.

Surfista que é surfista mesmo tem que ir ao encontro das ondas.
Elas não estão aí no dia e na hora que você quer.
Elas vêm quando quiserem.
E o surfista raiz vai ao encontro delas.
Viaja dezenas, centenas e milhares de km atrás delas.

Sua mulher (vou falar tudo no masculino, tá ?), seus filhos, sua família enfim, terão que acompanhar você .... ou não.

Sua vocação é ser surfista.
Profissa ou amador, pouco importa.
Mas, todos terão que estar apoiando.
Caso contrário, ou você larga a família ou ela larga você.

No Triathlon é exatamente a mesma coisa.

Principalmente para quem ainda está na fase produtiva da vida.

Com esposa, filhos, pai, mãe, trabalho.
Passei por quase tudo isso (menos filhos) e sei como é.
Quase 30 anos de Triathlon nas costas, 7 Ironmans completados, mais de 20 Long Distances, mais de 40 Olímpicos, sem falar de Shorts.

Resumo da ópera, é phoda.

Aprender, treinar, acordar às 05h00 da matina, aprender, treinar, ir dormir às 23h00, acordar, aprender, treinar... e apor aí vai.

Muito recentemente vi as postagens de alguns ídolos meus fazendo o UB515 Brasil – Ultraman.
Juro que fiquei com vontade.

Daí, vieram pensamentos sobre que é mais importante em minha vida.

Meu irmão, Editor deste Blog, e meu técnico Silvão, que são meus confidentes externos (porque confidente interno é a Neuzita), sabem o quanto tenho me dedicado a outras coisas.

Já não tenho o mesmo tesão em me dedicar integralmente ao Triathlon.
Nem mesmo ao Surf.

Por que?
Porque existem muito mais coisas importantes que podemos e devemos fazer, ao longo das nossas vidas.

Como, por exemplo, nos dedicarmos à família, aos relacionamentos que nos são caros, à caridade, à evolução espiritual.

Ah! Vai sobrar bem menos tempo para o Surf e o Triathlon.

Sabe aquela frase lá em cima, sobre ser saudável ou não ?

Então!
Esse "ou não" é porque muitos Triathletas sequer sabem o que é ser saudável.

Saudável tomando produtos irregulares ?
Saudável ingerindo drogas para melhorar performance ?
Creio que 90% não façam uso de nada disso. 

De minha parte, vou voltar, sim, ao Triathlon e ao Surf.

Na medida do possível.
E sem tornar isso meu estilo de vida.

Minha pequena família e minhas responsabilidades valem mais que isso.
Sem descuidar de minha saúde e minha felicidade.

Aliás, para terminar, façam aquilo que os torne felizes.
Porém, sem exigir dos seus próximos aquilo que eles não podem dar.

Bons treinos, boas competições e boas ondas.

3AV
Marco Cyrino
 
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Série "Triathlon para Atletas Masters"

domingo, 17 de outubro de 2021

A diferença entre ser e fazer um Ironman

 

 
Silvio Marques, via Publique!


Escrevi dez anos atrás e mantenho meu pensamento.

Existe uma diferença muito grande entre "ser" e "fazer" um Ironman.

Tenho a percepção de que realizar uma prova como o Ironman requer um comprometimento que vai além da disciplina com os treinos.

Abdica-se de família, de lazer, de trabalho, de saúde, etc.

Durante o período em que o atleta está focado na preparação de uma prova como essa, se evidencia seu alter ego, alheio às suas vontades próprias, distinto do original.
Invariavelmente, uma fera indomável.

Se você encontrar um desses por aí, saiba que esse será sempre um Ironman.
Invariavelmente, são Triathletas na essência, nada aventureiros.

Construíram uma história desde as provas mais curtas, passando por provas olímpicas, provas de metade de distância Ironman, até se tornarem Triathletas completos.

E essa definição nada tem a ver com qualidade ou nível de performance e sim com o comprometimento passional com o esporte.

Existe uma outra tribo, menos comprometida com o Triathlon, em que se estabeleceu o Ironman como um troféu a ser conquistado, um desafio pessoal.

Invariavelmente, os atletas ultrapassam diversas etapas de uma programação normal, para alcançarem seus objetivos.

Treinaram, sabe-se lá como e quanto.
Foram lá e completaram suas provas, e muitas vezes até muito bem.

Mas simplesmente fizeram um Ironman.
Provaram que é possível, que não é algo inalcançável, pegaram suas medalhas e voltaram para suas casas com o desafio cumprido.

Fizeram uma prova na distância Ironman, mas estarão sempre longe de afirmarem ser na essência um Triathleta de longas distâncias.

Algo apenas existencial e mais nada.

Tenho aqui, em minha casa, a medalha de finisher e o número de peito, no porta-treco da parede.

Guardei medalha, certificado, sacolas, camiseta, números de peito, tudo em uma caixa de arquivos de fotos.
E lá estão até hoje...
Vez ou outra, limpo tudo e guardo novamente.

Estampei a marca "M" dentro do meu coração e na minha mente, porque a realização foi minha e o mundo não precisa ficar sabendo.

Existem aqueles que preferem eternizar em seus corpos essas conquistas pessoais.
Desejo pessoal de cada um, e isso nada tem a ver com SER ou FAZER um Ironman.
Quando falamos de essência, falamos de muito mais do que objetivos.
Falamos de estilo de vida, de prazer cotidiano, padrão e modelo.

Nos tempos de sofrimento em Porto Seguro (onde banheiro era o coqueiro da estrada, ambulância só pra acompanhar o último atleta, e massagem no final era objeto de troca de toalhinhas e garrafinhas), o apetite dos Triathletas era outro.

As bikes eram outras, sunga e camiseta eram o uniforme padrão, e o sangue nos olhos da grande maioria corria solto.

Hoje, o Triathleta deixou de ser competitivo e passou apenas a ser participativo.
Gasta-se mais em equipamentos para uma única prova no ano, do que gastávamos para competir o ano inteiro, há vinte e cinco anos atrás.

Mas, não podemos tirar os sonhos das pessoas, como dizia Jim Ward, 76 anos, finalizando sua última prova em Kona.

Enquanto caminhava na Palani, prestes a completar seu Ironman, ele disse ao repórter que o acompanhava e o questionava se seus esforços estavam valendo o sofrimento naquela idade:

"Take a man's dreams and he'll be dead".
(Tire os sonhos de um homem e ele estará morto).

O senhor Jim Ward faleceu em 2000, fazendo o que amava, durante um treinamento de ciclismo, aos 83 anos, em Boulder, Colorado.
Foi encontrado caído na estrada sozinho e a autópsia mencionou possível ataque cardíaco como a causa de sua morte.

Wolfgang Dittrich, grande nadador alemão e grande inspiração dos Triathletas dos anos 80, afirmava:

"Nunca se está tão vivo, quanto se está perto da morte".

Hoje são poucos os que passam por esses momentos, enfrentam esses riscos e desafios.

Longe de julgar alguém, mas, me parece que o Triathlon de longa distância hoje se tornou sinônimo de status e ostentação.

Particularmente, minha vida não mudou por causa do Ironman.

Eu não me tornei uma pessoa melhor, mais organizada, mais focada, e nenhuma outra centena de clichês que milhares de atletas usam após completarem uma prova Ironman.

Pelo contrário, descobri que não tenho paciência e disciplina para suportar longas rotinas de treinamentos, fator fundamental para quem queira competir buscando "performance" nessas competições.

O IRONMAN, se me deixou algum ensinamento, foi o de respeitar os meus limites e não extrapolá-los.

Pagam um preço muito alto aqueles que se aventuram sem uma disciplina.
O IRONMAN não aceita desaforos.

Há de se respeitar cada história de vida, de cada competidor VERDADEIRO.
Esse é apenas o "meu" modo de enxergar a simplicidade do day after.

Silvio Marques


 
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Marco Cyrino

 

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sábado, 9 de outubro de 2021

Onde se concentram os seus esforços?



Silvio Marques, via Publique!

Nos feedbacks semanais de meus atletas, após o cumprimento das planilhas, é bastante comum observar uma dedicação maior em realizarem plenamente a parte dos treinos em que possuem melhores habilidades, quando o correto deveria ser o contrário.

Existem várias estratégias para "espremermos" os atletas e minimizar essas diferenças entre as maiores necessidades relativas às deficiências.

Cada treinador deverá desenvolver habilidades EMOCIONAIS para que seus atletas trabalhem à exaustão as deficiências, sem que a performance global seja prejudicada.

Nessas horas, conceitos das relações interpessoais interferem muito mais do que apenas os conceitos do treinamento esportivo.

Elaborar uma planilha de corredor e triatleta não é tarefa simples. 
Mas é o nosso dever juntarmos todas as informações possíveis para fazer o atleta crescer.

Dedique-se, atleta! 
Quando você perceber que os olhos de seu treinador brilham ao falar de você, enfim, você fechou com a pessoa certa.

Conhecimento todos tem. 
Mas poucos se preocupam mais com você do que com o seu cheque.

Venha treinar conosco.
Bons treinos!
 
Silvio Marques

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quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Troféu Brasil de Triathlon 2021 - Relato de Prova

Imagery ©2021 Google

 
Renê Pascoali Junior, via Publique!

Feliz “qui nem pinto no lixo”.
Depois de 2 anos sem participar de uma prova de Triathlon, neste domingo 03/10, pude sentir o prazer de cruzar aquela linha de chagada mais uma vez.
 
A preparação
 
Destes 2 anos, foram praticamente 6 meses no ócio.
Muito preocupado com a pandemia, me isolei completamente do mundo fora da minha casa.
Tentei no início as aulas on-line, mas para mim não rolou.
Já cansado do tédio, e vendo minha pressão chegar a 16/09, resolvi que já era hora de me mexer.

Comecei com a corrida.
Sempre às 21:00h, aqui pelas ruas do meu bairro, e de máscara.
A primeira corrida com a máscara foi horrível, 3 km que pareceram 30 km, mas, aos poucos, fui acostumando e aumentando a quilometragem.

Comprei um rolo smart, que levou uns 3 meses para chegar, e pude voltar a pedalar.

Quando achei que já estava bem (minha pressão havia retornado aos 12/08), pedi ao meu técnico que me mandasse as planilhas de treino, que eu já estava pronto para fazer força.(nem tanta força assim).

Com as liberações acontecendo aos poucos, comecei a correr na praia (sempre à noite), também aumentando os treinos no rolo (não fui para a rua nenhuma vez com a bike).

Comecei a nadar no clube onde sou sócio, em horários que sabia que a piscina estaria vazia. E assim foi minha preparação.


Sábado - véspera de prova
 
Como não usava minha roupa de borracha ha muito tempo, para não ter nenhum imprevisto, fui até o local da prova, aproveitar a estrutura que montaram para a natação, com as boias na mesma distância da prova (muito bom pra quem vem de fora, e não tem contato com o mar, aproveitar para fazer amizade com Netuno).

Cheguei cedo e, assim que liberaram, caí na água e nadei o percurso da prova sem stress (mentira, parecia prova... kkk).
Fiz os 750 metros em 15 minutos e fui embora. (guardem este tempo).

À tarde, fui pegar o kit da prova e lá a gente já começa a sentir aquele friozinho na barriga.

 
Domingo - dia de prova

Acordei cedo, tomei café da manhã, terminei de arrumar as tralhas e... Partiu!

Cheguei à área de transição e, de cara, muitas caras conhecidas.
Que saudade que eu tava daquela vibe de uma transição.

Muitos amigos que o esporte me deu.
Muita gente ali pela primeira vez, fazendo perguntas que, para quem tem mais de 30 anos de Triathlon, poderiam parecer óbvias. Mas, já tendo passado por isso antes, ajudamos com o maior prazer.

Coloquei a bike no caixote, arrumei capacete, tênis, óculos, coloquei a roupa de borracha, fiz o último checklist e fui pro mar aquecer.
(Tudo isso de máscara).

Fiz um rápido aquecimento, nadei até quase a bóia, parei pra ver se tinha correnteza: nada, uma piscina.

De volta pra areia, aguardar a largada.


Natação

Entramos na área de largada, máscaras descartadas, posicionados com distanciamento uns dos outros e, enfim, chegou a hora.
Enfim vou ouvir aquela buzina de novo.

Póóóóóóóóóóóóóóó!!!
Tome adrenalina e vamo que vamo.

Comecei na boa, em velocidade de cruzeiro, tentando acompanhar um amigo.

Quando estava quase na primeira bóia, senti meu relógio vibrar, tentando me avisar "Ae burrão... não iniciou o cronômetro, tô indo pro modo relógio". Eu sabia, mas me fiz de desentendido e segui em frente.

Passei a primeira bóia, a segunda e, como sempre faço, apertei o ritmo na última perna.

Saí da água, olhei para o relógio que mostrava 8:00 horas.... respirei, e parece que eu ouvia um “eu te avisei”, mas resolvi contar a partir daquele momento. Startei o relógio, pulei a natação e entramos na T1.


Transição 1

Entrei com aquela corridinha marota, procurando a referência de onde estava a bike, mas não adianta ter uma referência se o indivíduo entra duas baias antes.
Rota corrigida, coloquei capacete, óculos, bike e bora pedalar.


Ciclismo

Saí girando, sentindo a bike, afinal era a primeira vez com ela nas ruas.
Mantive um ritmo constante, dentro do que eu podia fazer, pensando que o meu melhor seria a corrida, então não queria travar as pernas.

Quando entrei na Avenida Portuária, lembrei que meu relógio ainda marcava a T1.
Pra quem já ficou sem o tempo da natação... dane-se.
Asfalto novo, o ciclismo foi top.

 
Transição 2

Desci da bike, e já fui apertando o relógio (achei até que ele riu de mim), corri até a referência que eu tinha, e tive a certeza de que era péssima. Entrei antes de novo!

Coloquei a bike no caixote, coloquei o tênis, boné, o tradicional beijinho na esposa, minha staff de ouro.
E fui !
 
Corrida

Relógio acionado, passei para a corrida.
Minhas pernas me perguntavam: - Já não deu por hoje?

Saí travado e demorei pra soltar, mas consegui fazer uma corrida progressiva e soltando aos poucos.

Ainda consegui buscar dois amigos da mesma categoria, e cruzar novamente aquela linha de chegada.

Tempos
•    Natação.......16:26  (lembra do tempo da rodagem do sábado?)
•    T1.................2:38  
•    Ciclismo.......39:55
•    T2.................2:01
•    Corrida........26:46
•    Total........1:27:46

Classificação
•    Categoria....11/17
•    Geral.............149
 
Medalha no peito, máscara novinha na cara, e muito feliz de poder voltar a fazer o que a gente ama, o que nos dá prazer.
 


Agradecimentos ao Renê, por contribuir com este relato de prova!


3AV 
Marco Cyrino