quinta-feira, 27 de junho de 2019

Elas


Vou procurar ser o mais breve possível neste assunto.

Por quê?
Porque se fosse me estender sobre o esporte feminino e, mesmo apenas sobre o futebol feminino em todas suas nuances, um livro seria necessário.

O que vi sobre esta Copa do Mundo de Futebol Feminino, no que diz respeito ao Brasil...

Sim, porque a Copa ainda não acabou e aposto minhas fichas na seleção dos EUA.

Vi uma seleção brasileira sem ter tido tempo, apoio, até mesmo respeito, para fazer uma boa preparação.

Uma seleção que, por falta de estrutura no Brasil, é obrigada a convocar jogadoras que jogam aqui, lá, acolá e pra lá de acolá.
Nunca jogaram juntas.

Cada jogadora com um nível de preparação física.
Seleção "envelhecida" e ao mesmo tempo renovada.

"Envelhecida" pelas idades das suas melhores jogadoras:

- Marta (sem maiores comentários sobre quem é a Rainha) – 33 anos.
- Formiga – 41 anos.
- Cristiane – 33 anos.
- Érika – 31 anos.
- Mônica – 32 anos.
- Bárbara – 31 anos.

Renovada pela convocação de novos valores, como:

- Letícia – 24 anos.
- Kathellen – 3 anos.
- Andressinha – 24 anos.
- Adriana – 23 anos.
- Bia Zaneratto – 25 anos.
- Debinha – 27 anos.
- Geyse – 21 anos.
- Andressa – 26 anos.
- Ludmila – 24 anos.


Enquanto isso, os países mais fortes nesse esporte estão décadas à nossa frente, em todos os aspectos, embora seja brasileira a melhor jogadora de futebol feminino no mundo.

Nossa seleção entrou nesta Copa do Mundo totalmente desacreditada.

Além disso, com nossas principais jogadoras lesionadas ou descondicionadas fisicamente.


Substituição da técnica

Após 9 derrotas consecutivas, em seu breve período de preparação...

Após termos, finalmente, colocado uma técnica com muita competência para dirigi-la e depois, sem um motivo, demiti-la e recolocar o antigo técnico Vadão (também, diga-se de passagem, muito competente) para voltar a dirigi-la...

Vai entender!

Nada contra técnicos dirigirem times femininos, ou técnicas dirigirem times masculinos, haja vista a técnica da França, que já dirigiu times masculinos.

O problema é a absoluta falta de critério.


Brasil x Jamaica

Bom, iniciamos a Copa com uma "goleada" sobre a fraquíssima Jamaica, por 3 x 0, num jogo cujo placar poderia ter sido facilmente 5 x 0 ou mais.

Pagaríamos esse preço mais adiante.

Já nesse 1º jogo, ficou evidente a falta de entrosamento e de condicionamento físico, inclusive com as substituições de Formiga e Cristiane, além da ausência forçada da Marta, ainda em recuperação de lesão.


Brasil x Austrália

No 2º jogo, contra a forte Austrália, favorita absoluta, inesperadamente e mesmo sem jogar muito bem, saímos na frente por 2 x 0.

No final do 1º tempo tomamos um gol... e no 2º tempo ficou evidente a diferença, não de técnica, mas de preparo físico.

Tomamos a virada e perdemos por 3 x 2.


Brasil x Itália

No 3º jogo, contra as também favoritas Italianas (afinal, elas haviam ganho da Austrália), entramos para o tudo ou nada.

Nossas melhores jogadoras, ligeiramente mais bem condicionadas, fizeram a diferença (além do melhor jogo coletivo, decorrente dos jogos anteriores).

Marta, pela 6ª vez, tornou-se a melhor jogadora do mundo, superando os jogadores que tinham mais títulos – Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.
No feminino ninguém se aproxima desse feito.

E também se tornou a maior artilheira em Copas do Mundo, superando o jogador alemão Miroslav Klose.
No feminino também nenhuma jogadora se aproxima disto.

Vencemos por 1 x 0, com um jogo consistente.


Brasil x França

A falta de uma goleada maior na Jamaica nos fez deparar com a anfitriã, França que (além de ter um futebol feminino super organizado e contar com apoio total e irrestrito de seus torcedores, para encher o estádio e cantar seu lindo hino) era (e foi) a grande favorita para esse jogo.


O importante é o uniforme...

Nesse entremeio, li discussões sobre o uniforme das brasileiras ter no distintivo as 5 estrelas relacionadas aos 5 títulos mundiais que conquistamos no masculino.

Bom, gente idiota comentava que elas não mereciam usar esse uniforme, por nunca terem ganho nada.

Como se nada fossem as medalhas de prata em Olimpíadas, sem nunca terem tido nada próximo da estrutura dos marmanjos, que só ganharam sua 1ª medalha de ouro recentemente.

Essa gente idiota sequer sabia, ou sabe, que decidir jogar com essas camisas não era e nunca foi prerrogativa delas.

Era e foi simplesmente imposto.

Talvez, para não gastarem dinheiro com 2 uniformes diferentes, até porque não deve haver dinheiro de patrocínio suficiente para que se fizesse isso... rsrsrs

Finalmente, soube que, depois de tanta celeuma, haverá um uniforme diferenciado para cada seleção.
Ufa!!!

Contra a França, nossas atletas jogaram com a alma e o coração.

Não ganhamos o jogo por um pelésimo, embora a diferença estrutural estivesse evidente durante toda a partida.

Também estivemos por um pelésimo para perder ainda no tempo regulamentar.

Marta, claramente debilitada fisicamente a partir da 2ª metade do 2º tempo, jogou como deve jogar quem tem consciência de seu talento e de suas limitações.
Jogou para o time e não para si.

Penso que teria sido fácil ela fazer algumas jogadas individuais para "aparecer". Não as fez.

Será que o menino Neymar viu esse jogo?
Pergunto, porque todos, do meu relacionamento, vimos.
E tiramos muitas lições.


Mulheres são realmente guerreiras, em todos os sentidos.

Sinceramente, deu mais gosto ver a derrota delas para as francesas do que a vitória do masculino sobre os peruanos.

Parabéns a elas.


Que o nosso governo e os responsáveis pelo esporte no Brasil possam ter consciência da necessidade de investimento nos esportes, coletivamente falando.

Que nossa seleção masculina possa vencer a Copa América, com justiça e competência.

Finalizando, parabéns ao Filipinho Toledo, bi-campeão da etapa brasileira do mundial de surf.

Adicionando também parabéns às brazucas do mundial de surf.

Aloha !!!

3AV
Marco Cyrino




Um comentário:

  1. Prezado Sr. Marco, enviei mensagem atraves do messenger do facebook. Por gentileza entrar em contato.

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