Vou procurar ser o mais
breve possível neste assunto.
Por quê?
Porque se fosse me
estender sobre o esporte feminino e, mesmo apenas sobre o futebol feminino em
todas suas nuances, um livro seria necessário.
O que vi sobre esta Copa
do Mundo de Futebol Feminino, no que diz respeito ao Brasil...
Sim, porque a Copa ainda
não acabou e aposto minhas fichas na seleção dos EUA.
Vi uma seleção brasileira
sem ter tido tempo, apoio, até mesmo respeito, para fazer uma boa preparação.
Uma seleção que, por falta
de estrutura no Brasil, é obrigada a convocar jogadoras que jogam aqui, lá,
acolá e pra lá de acolá.
Nunca jogaram juntas.
Cada jogadora com um
nível de preparação física.
Seleção "envelhecida"
e ao mesmo tempo renovada.
"Envelhecida"
pelas idades das suas melhores jogadoras:
-
Marta (sem maiores comentários sobre quem é a Rainha) – 33 anos.
-
Formiga – 41 anos.
-
Cristiane – 33 anos.
-
Érika – 31 anos.
-
Mônica – 32 anos.
-
Bárbara – 31 anos.
Renovada
pela convocação de novos valores, como:
-
Letícia – 24 anos.
-
Kathellen – 3 anos.
-
Andressinha – 24 anos.
-
Adriana – 23 anos.
-
Bia Zaneratto – 25 anos.
-
Debinha – 27 anos.
-
Geyse – 21 anos.
-
Andressa – 26 anos.
-
Ludmila – 24 anos.
Enquanto isso, os países
mais fortes nesse esporte estão décadas à nossa frente, em todos os aspectos,
embora seja brasileira a melhor jogadora de futebol feminino no mundo.
Nossa seleção entrou nesta
Copa do Mundo totalmente desacreditada.
Além disso, com nossas
principais jogadoras lesionadas ou descondicionadas fisicamente.
Substituição da técnica
Após
9 derrotas consecutivas, em seu breve período de preparação...
Após
termos, finalmente, colocado uma técnica com muita competência para dirigi-la e
depois, sem um motivo, demiti-la e recolocar o antigo técnico Vadão (também,
diga-se de passagem, muito competente) para voltar a dirigi-la...
Vai
entender!
Nada
contra técnicos dirigirem times femininos, ou técnicas dirigirem times
masculinos, haja vista a técnica da França, que já dirigiu times masculinos.
O
problema é a absoluta falta de critério.
Brasil x Jamaica
Bom,
iniciamos a Copa com uma "goleada" sobre a fraquíssima Jamaica, por 3
x 0, num jogo cujo placar poderia ter sido facilmente 5 x 0 ou mais.
Pagaríamos
esse preço mais adiante.
Já
nesse 1º jogo, ficou evidente a falta de entrosamento e de condicionamento
físico, inclusive com as substituições de Formiga e Cristiane, além da ausência
forçada da Marta, ainda em recuperação de lesão.
Brasil x Austrália
No
2º jogo, contra a forte Austrália, favorita absoluta, inesperadamente e mesmo
sem jogar muito bem, saímos na frente por 2 x 0.
No
final do 1º tempo tomamos um gol... e no 2º tempo ficou evidente a diferença,
não de técnica, mas de preparo físico.
Tomamos
a virada e perdemos por 3 x 2.
Brasil x Itália
No
3º jogo, contra as também favoritas Italianas (afinal, elas haviam ganho da
Austrália), entramos para o tudo ou nada.
Nossas
melhores jogadoras, ligeiramente mais bem condicionadas, fizeram a diferença (além
do melhor jogo coletivo, decorrente dos jogos anteriores).
Marta,
pela 6ª vez, tornou-se a melhor jogadora do mundo, superando os jogadores que
tinham mais títulos – Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.
No
feminino ninguém se aproxima desse feito.
E
também se tornou a maior artilheira em Copas do Mundo, superando o jogador
alemão Miroslav Klose.
No
feminino também nenhuma jogadora se aproxima disto.
Vencemos
por 1 x 0, com um jogo consistente.
Brasil x França
A
falta de uma goleada maior na Jamaica nos fez deparar com a anfitriã, França
que (além de ter um futebol feminino super organizado e contar com apoio total
e irrestrito de seus torcedores, para encher o estádio e cantar seu lindo hino)
era (e foi) a grande favorita para esse jogo.
O
importante é o uniforme...
Nesse entremeio, li discussões sobre o uniforme das
brasileiras ter no distintivo as 5 estrelas relacionadas aos 5 títulos mundiais
que conquistamos no masculino.
Bom, gente idiota comentava que elas não mereciam
usar esse uniforme, por nunca terem ganho nada.
Como se nada fossem as medalhas de prata em
Olimpíadas, sem nunca terem tido nada próximo da estrutura dos marmanjos, que
só ganharam sua 1ª medalha de ouro recentemente.
Essa gente idiota sequer sabia, ou sabe, que decidir
jogar com essas camisas não era e nunca foi prerrogativa delas.
Era e foi simplesmente imposto.
Talvez, para não gastarem dinheiro com 2 uniformes
diferentes, até porque não deve haver dinheiro de patrocínio suficiente para
que se fizesse isso... rsrsrs
Finalmente, soube que, depois de tanta celeuma,
haverá um uniforme diferenciado para cada seleção.
Ufa!!!
Contra
a França, nossas atletas jogaram com a alma e o coração.
Não
ganhamos o jogo por um pelésimo, embora a diferença estrutural estivesse
evidente durante toda a partida.
Também
estivemos por um pelésimo para perder ainda no tempo regulamentar.
Marta,
claramente debilitada fisicamente a partir da 2ª metade do 2º tempo, jogou como
deve jogar quem tem consciência de seu talento e de suas limitações.
Jogou
para o time e não para si.
Penso
que teria sido fácil ela fazer algumas jogadas individuais para "aparecer".
Não as fez.
Será
que o menino Neymar viu esse jogo?
Pergunto,
porque todos, do meu relacionamento, vimos.
E
tiramos muitas lições.
Mulheres são realmente
guerreiras, em todos os sentidos.
Sinceramente,
deu mais gosto ver a derrota delas para as francesas do que a vitória do
masculino sobre os peruanos.
Parabéns
a elas.
Que o nosso governo e os
responsáveis pelo esporte no Brasil possam ter consciência da necessidade de
investimento nos esportes, coletivamente falando.
Que nossa seleção
masculina possa vencer a Copa América, com justiça e competência.
Finalizando, parabéns ao
Filipinho Toledo, bi-campeão da etapa brasileira do mundial de surf.
Adicionando também parabéns
às brazucas do mundial de surf.
Aloha !!!
3AV
Marco Cyrino