Escrevi sobre isto há uns 4 anos (minha memória
está boa... rsrsrs), terminando o
post com "qualquer hora conto mais
lambanças" (Lembranças e Lambanças).
Escrevo esta continuação sobre a minha caminhada no
esporte, ou seja, de como saí do futebol e surf para o Triathlon, agora que me
vieram várias lembranças de lambanças que ocorreram na fase de, digamos,
adaptação ao novo esporte.
Novo esporte, nem tanto, pois nadar eu nadava, não
para competir, mas para me salvar quando eventualmente quebrava a cordinha da
prancha, num mar grande, e tinha que me virar nos 30.
Pedalar também, não para competir, mas para me
locomover de casa até uma praia com ondas, pagando o aluguel da bike (que não
tinha), levando no cano o Hamilton e duas pranchas.
Correr era meu forte.
Mas não corrida contínua, futebolista que era.
Lembrança de Lambança de natação
Ainda no Biathlon (apenas
natação e corrida), entrei no mar junto com todo mundo.
Uma de minhas primeiras
provas.
Juro que nunca tinha passado
por nada parecido.
Nego puxando meus pés.
Branco me dando tapa na
cabeça.
Índio passando por cima de
mim.
Mameluco me dando caldo.
Japonês (ou amarelo) me ajudando
a sobreviver (sempre eles).
Passada a boiada, ou cardume,
ou (que nome se dá ao coletivo de humanos fora de seu ambiente, na água?),
sobrevivi dignamente, saindo do mar sem óculos, sem touca e quase sem sunga.
Pra ajudar, como não tinha
experiência em natação mais longa (sim, porque no surf, pra sair do mar quando
se perde a prancha, você nada um pouco em direção à praia e olhando pra trás...
e tem de ficar mergulhando pra não tomar a série na cabeça), saí do mar como um
bêbado... totalmente tonto.
Lembrança de Lambança de ciclismo
Já no Triathlon, em minha
primeira prova, um short do Troféu Brasil, em 1.900 e sei lá o que, já
habituado à natação, não tive muitos problemas com essa modalidade.
Ah... Mas, na saída da
natação para o ciclismo, cheguei à transição e fiquei uma hora lá, parado,
pensando no que tinha de fazer.
Ainda não usava roupa de
borracha para nadar. Um problema a menos.
Fui colocar o capacete e o
fiodamãe não entrava na cabeça, nem com vaselina. kkk.
E olha que era daqueles
capacetes Tabajaras.
Várias tentativas depois,
lembrei de tirar a touca de natação.
E não é que ele entrou
facinho?
Depois o tênis. Sim, o tênis.
Quem disse que eu iria pedalar
de sapatilhas?
Sapatilhas, eu só sabia que
existiam as de balé.
E a camiseta, com o número
pregado no peito?
Nunca tirei e coloquei
tantas vezes uma camiseta, como naquela vez.
E os alfinetes que prendiam
o número?
Um deles se abriu. A cada
vez que tentava colocar a camiseta com o corpo molhado, era uma espetada.
Fiz a prova com a bike que
tinha comprado, acho eu, nas Casas Bahia. Bicicleta de rua, sem marchas, pneus
balão...
Ah... Mas eu já acompanhava
uma galera que saía à noite para um "treino" aqui em Santos.
Já me achava. Percurso de 20
km. Até que era um bom passeio.
Lembrança de Lambança de corrida
Nessa mesma prova, desci da
bike, coloquei-a na baia da transição e a danada não parava em pé.
Nem lembro como, mas
consegui fazê-la ficar parada, em pé, naquela baia para bikes de pneus finos.
Daí, saí desembestado a
correr para sair da transição.
Um monte de gente gritando
um monte de coisas pra mim:
- Marcão... Tu tá com
o.....jfjkhdkhfsrroñah!!!
- Marcão... Tu não pegou
o......fhjkdcmnbsrfbb!!!
Legal!
Todo mundo torcendo por
mim... e meu objetivo era apenas não ser o último.
Até que entendi, já quase
saindo da transição:
- Marcão... Tu tá com o
capacete!!!
Que vexame. Voltei correndo
para a transição, tirei o capacete, peguei o boné (sim, era o que usávamos, em
vez de viseiras de 200 contos).
Saí de novo à toda.
Uma voz estridente (mas, à
qual agradeço muito) me avisou de novo:
- Marcão... Tu tá sem o
número de corrida!!!
Nem voltei. Eu estava com o
número, sim, só que nas costas, por ter colocado a camiseta ao contrário.
Continuei correndo e revirando
a camiseta, até o número ficar na frente.
Uma corrida de 5 km.
E eu, que só corria descalço
(provas, aqui: Triathleta da Idade da Pedra), estava correndo de tênis.
Acho que não deu nem 1 km,
para eu descalçar os tênis e acabar a prova com eles nas mãos.
Pelo menos não fui o último.
Quanta evolução!
Ou não... kkk
Hoje chamam isso de ser Triathleta-Raiz.
3AV
Marco Cyrino