sábado, 10 de novembro de 2018

O dito pelo não dito


Este post é para você.

Você que ainda não tem, digamos, tanta experiência em Triathlon.

Você que está absolutamente empolgado com a quantidade de informações que tem recebido sobre natação em águas abertas, sobre ciclismo indoor e outdoor, sobre corridas, sobre transições, enfim... sobre tudo.

Você que já ouviu ou leu que, em Triathlon...

...se deve nadar assim, ou assado;
...se deve pedalar cru, ou cozido;
...se deve correr torrado, ou frito.


Você tem que dar tempo ao tempo.


Embora eu já tenha levado e/ou acompanhado alguns atletas que, como primeiro objetivo, quiseram (e fizeram) do Ironman sua primeira e última experiência de Triathlon (claro que havendo passado pelo "calvário" dos treinos e provas, durante o período necessário), sou totalmente contra essa forma de encarar o esporte.

Atletas que escolhem esse caminho não ficarão no Triathlon.

As experiências me mostraram isso.

Não galgaram degrau a degrau.
Foram direto do térreo ao centésimo andar, sem escala.
Não construíram o amor necessário para permanecer no Triathlon.

Mas... cada um é cada um.


Voltando ao tema principal...


Na corrida...

Vocês irão ler e ouvir que, por exemplo, se deve correr com uma cadência de 90 passadas por minuto.

Mas, o cara mede 1,90 m, sendo mais de 1,00 m só de pernas.
Se conseguir manter essa cadência com passadas normais (sem diminuir muito a amplitude das passadas), ele vai correr pra baixo de 3 min./km.

Aí, vem o atleta de 1,60m, com pernas de 0,85m.
Mas o bicho está acostumado a correr numa cadência pra lá de 100 passadas por minuto.
Se for correr com uma cadência de 90, o cara vai fazer 7 min./km.


No ciclismo, então...

Já ouvi e li que 90 rpm é o ideal.
Que fulano (o top dos tops) pedalou em Kona com a média de 95 rpm.

Aí, o iniciante se empolga e vai treinar para rodar nesse ritmo.

E, óbvio, existe o oposto.

O atleta que tem a característica de pedalar com um giro maior, mas leu e ouviu que entre 75 e 80 rpm é o ideal para o Triathlon, porque ele vai sair com a FC mais baixa, porque isso e porque aquilo.

E dá-lhe diminuir a cadência da pedalada, para, depois de um bom tempo, ver que só se prejudicou.
Nem evoluiu no tempo do pedal, nem saiu inteiro para a corrida.


Na natação, então...

São tantos os exemplos de como se deve ou não nadar em águas abertas, que daria para fazer um livro.



Quero dizer que EU já cometi todos esses erros.
Ou seriam acertos?
Só testando e sendo bem assessorados é que saberemos.

Existem tantas variáveis, que o leigo ou iniciante só tendem a se confundir.
O que vale para o atleta pró, sem dúvida, não valerá para o amador.
Que dirá para o iniciante?

Dê tempo ao tempo.
Você irá, sim, lendo e ouvindo um monte de coisas legais e outras nem tanto, a respeito de métodos de treinamento, dicas sobre natação, ciclismo, corrida...

Mas, vá aos poucos, devagar.


Você deve ter conhecimento sobre atletas que, com um bom aporte financeiro, investiram alguns milhares de reais em bikes ultramodernas, acessórios de todos os tipos (capacete aero, sapatilhas de titânio, com acabamento aveludado de Kriptonita, roupas de competição que garantiriam uma performance superior às de todos os demais, tênis que correriam por si só, viseiras que impediriam o aquecimento dos neurônios, roupas de natação que os levariam à linha de chegada, sem nem mesmo saber nadar... e por aí vai...) e que se frustraram.


Ainda, é necessário considerar as enormes diferenças entre as faixas etárias.
O que pode servir para o atleta da categoria 25/29 certamente não servirá para os da categoria MV (Muito Velho)... kkkkkk


Minha humilde recomendação:

Muito tempo na água, para saber como nadar melhor.

Muito tempo com a bundinha na bike, para saber como pedalar melhor.

Muitos calos nos dedos dos pés e muito suor derramado, para evoluir na corrida.

E com uma assessoria técnica muito boa, para te orientar sobre tudo.


Digo isso tudo com muita convicção, uma vez que este Blog já deu muitas dicas a respeito de tudo, lembrando que todas foram em relação à MINHA experiência. O que não significa que servirão para todos.

Só dedicando tempo e monitoramento para saber.

Se deu certo para alguém, ÓTIMO !!!

Se não deu, fica O DITO PELO NÃO DITO.


3AV
Marco Cyrino


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