Pegando carona numa publicação do Marlus Cesar
Anderson, em um grupo de Triathlon do Facebook (Ironman Brasil), sobre treinos
de corrida em esteiras...
Vou estender o tema para treinos de natação,
ciclismo e corrida indoor.
A pergunta dele foi simples e objetiva:
- É mais fácil
correr na esteira ou na rua?
Nesta postagem, amplio a questão para: mais fácil, prazeroso e/ou eficaz
treinar outdoor ou indoor, quaisquer das três modalidades?
Apenas a minha opinião...
Natação
Sem dúvida que, para quem
pode, é muito mais fácil, prazeroso e eficaz
treinar em águas abertas, como o mar de Santos.
MENTIRA!
Praticamente impossível
treinar outdoor sempre.
Fácil... Não é.
Clima, tempo disponível para
chegar aonde o mar permite nadar (tipo Ponta da Praia), temperatura da água.
Prazeroso... Se tudo estiver do jeito certo, vai ser muito
prazeroso.
Só que isso vai acontecer em
no máximo 1% dos treinos.
Eficaz... Nem tanto.
Ótima opção para se adequar
ao ambiente de prova, navegação, etc.
Mas, não dá para realizar
treinos específicos como séries, educativos, etc.
Mencionei o mar, mas vale
também para quem pode nadar em lagoas, rios, etc.
Penso que nesses casos é
ainda mais difícil.
Particularmente, no verão,
consigo fazer uns treinos de natação bem legais no mar. Mas apenas de
resistência.
Absolutamente necessário ter
um lugar para treinar em piscina.
Ciclismo
Neste tópico, não tenho a
menor dúvida. Muito melhor treinar outdoor.
MENTIRA, NOVAMENTE!
É melhor e é pior.
Fácil... Não é.
Assim como na natação, influem
muito o clima, o tempo disponível para chegar aonde se pode pedalar com
segurança, a logística para isso (hidratação / alimentação / transporte / money).
Prazeroso... Novamente, assim como na natação, se tudo correr
muito bem, é imbatível.
Eficaz... Bem, aí temos que discernir que, treinar outdoor é
sem dúvida, necessário.
Porém, os treinos indoor,
principalmente no rolo, são muito eficazes.
Há "n" treinos
possíveis, de curta duração, que permitirão uma boa evolução.
Além dos treinos no rolo,
treinos de pedal indoor em academias (desde que com bons profissionais) são
extremamente eficazes para melhorar a performance.
De minha parte, depois de dois
tombos, graças a Deus sem nenhuma conseqüência séria (e, principalmente, depois
da passagem do Clarindo e, mais recentemente, do Chiquinho Mattos, na
Rio/Santos), cagão que já era, evito bastante os treinos outdoor.
Tenho feito uns 90% dos
treinos no rolo.
Nos demais 10%, me preparo
para fazer uma viagem ao Riacho Grande, lugar em que consigo pedalar com maior
segurança.
Algumas diferenças entre
treinar indoor e outdoor.
Ventilação
Impossível manter uma
ventilação indoor próxima daquela de pedalar na estrada. Como devo ter o
radiador defeituoso, desidrato muito nos treinos indoor.
Posição
Nos treinos outdoor, estamos
o tempo todo mudando nossa posição, seja para olhar para trás, seja para fazer
curvas, seja para pequenas ou grandes subidas. Já, no indoor, é aquele marasmo.
Ritmo
Nos treinos outdoor, mudamos
o ritmo de acordo com a necessidade.
Subimos fazendo força e
descansamos nas descidas.
No indoor, é pedalar 100% do
tempo.
Corrida
Não gosto de correr em
esteiras, pela já mencionada característica particular minha: devo ter o
"radiador" defeituoso e, em corrida indoor, desidrato muito por falta
de ventilação, o que não ocorre na rua.
Mesmo com chuva, prefiro
correr na rua.
Depois do primeiro quilômetro,
a chuva já não atrapalha.
Mas, a esteira é um ótimo
recurso para treinos de até uns 15 km, desde que variando velocidade e
inclinação.
Para tiros também é ótima,
porque nos obriga a manter determinada velocidade pelo tempo ou distância
prescritos.
Falando em inclinação,
recomendo que todo treino em esteira seja feito com uma inclinação de 1 grau.
Isto compensa a falta de inclinação do nosso corpo e também o fato de não
"puxarmos" o chão, como na corrida de rua.
Este foi o comentário que coloquei na postagem do
Marlus.
Penso que resume o que colocaria a respeito de
correr indoor ou outdoor.
Por último... como o Blog é sobre Triathlon, estas
opiniões servem principalmente para aqueles que estão iniciando nesse esporte.
Muitos nadadores, ciclistas e corredores irão
discordar de minhas opiniões (ou não)... e muitos Triathletas veteranos também
(ou não).
Mas creio que, para os iniciantes ou
intermediários, elas podem ajudar.
Aliás, esta é a "missão" deste Blog.
Bons treinos, boas provas.
Aloha!
3AV
Marco Cyrino
Marco, concordo com vc e gostaria de acrescentar algo. há 1 mês tivemos um acidente com um colega de treino, na estrada (um caminhão nos fechou e acertou ele de lado. fratura de clavícula, fêmur e 4 costelas, mas, dos males o menor). nunca fui cagão na estrada, mas me tornei. e comecei a realizar 90% dos treinos no rolo. estou usando um simulador (zwift), que acaba tirando o marasmo dos treinos. recomendo fortemente. MAS, pelo menos 1x por mês temos que sair na estrada, senão entendo que acabamos perdendo habilidade e senso de estrada, o que é muito importante no ciclismo e nas provas. enfim... indoor ou outdoor o importante é não parar nunca!!!! grande abraço e bons treinos
ResponderExcluirPerfeito, Marcelão. É exatamente por aí. Abração.
ExcluirMarcão, vou deixar a minha percepção do assunto sob dois pontos de vista diferentes:
ResponderExcluirPrimeiro, observando os aspectos biopsicossociais, a resposta mais adequada seria que ABSOLUTAMENTE TUDO depende das variáveis que se apresentarem. Diria, resumidamente, que o melhor é treinar.
Se existe um treinamento de natação a ser realizado, melhor que ele seja realizado, independentemente de onde seja.
E assim funciona para o ciclismo, para a corrida, para as sessões de alongamento, de yoga (quem acredita em seus benefícios) e todo o mais que envolve ser triatleta.
Digo sempre que a melhor resposta é sempre a SOLUÇÃO para os problemas que se apresentarem, e não as justificativas pela não realização de uma sessão, seja por estar frio, nevando, muito quente, umidade excessivamente baixa, feriado, trânsito, assaltos, e por aí vai.
Portanto, se não dá para realizar o treinamento prescrito na estrada, melhor mesmo é conversar com o seu treinador e buscar uma alternativa.
Do outro lado da moeda, que é a análise pura e simples do aspecto funcional de cada modalidade, há de se observar PRINCIPALMENTE o planejamento de cada atleta e as características de sua modalidade.
Se o atleta é nadador de piscina, nadar no mar não auxiliará em absolutamente nada. São técnicas de nado diferentes e densidades diferentes de meio líquido, que interferem substancialmente no centro de gravidade do atleta, influenciando no desenvolvimento das técnicas específicas.
Para o ciclismo digo o mesmo, e é perceptível o quanto se treina errado.
Vejo ciclistas amadores que gostam de correr campeonatos metropolitanos aqui e em outras regiões, e depois de quase vinte anos correndo ciclismo, me lembro de duas ou três corridas onde participei e não era circuito, e sim estrada.
Fico abismado de ver os caras irem pra estrada treinar 100, 150km todos os dias achando que isso irá acrescentar qualidade em seus treinamentos, quando na verdade os circuitos desses torneios metropolitanos são o que chamamos de "senta e levanta", porque invariavelmente são provas onde se vai 2 ou 2,5km e retornam. Um saco.
Mas para quem corre nesses torneios, o melhor seria duas ou três vezes na semana fazerem treinos exaustivos de saídas de curvas no circuito da Ponta da Praia, no caso daqui de Santos.
As exigências ventilatórias e musculares são totalmente diferentes das provas lineares e das de circuito.
Mas o que conta é andar no pelotão, escondido do vento e sem sofrer e depois jogar no Strava médias altíssimas como se fossem grandes ciclistas.
E depois, nas provas, participarem apenas como meros fanfarrões.
E na corrida a mesma coisa.
Quantas e quantas vezes já busquei saber sobre os circuitos onde tu vai correr antecipadamente, e se é plano, se tem altimetria diferenciada, etc ?
Portanto, do ponto de vista do treinamento desportivo propriamente dito, a ESPECIFICIDADE de cada modalidade é o que deverá PRIMEIRAMENTE determinar o MELHOR local e tipo de treinamento para se evoluir constantemente.
O resto são apenas adaptações variáveis para que não se perca, principalmente, qualidade do condicionamento físico e das capacidades limiares ventilatórias que estabelecem os potenciais de treinamento.
Papo para outra resenha.
abraços
Como sempre, excelentes considerações. Não te escolhi como meu treinador por acaso.....kkkkk.
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