Esta postagem, juro, gostaria de nunca ter motivos
para fazê-la.
É praticamente uma compilação de várias postagens
que fiz em redes sociais, muitas delas particularmente, outras em grupos
restritos, de praticantes do Triathlon e de amigos desse grande cara que se foi
recentemente, o Chiquinho.
Claro que o motivo principal deste é o acidente que
nos privou da convivência em vida dele.
Poderia me estender por vários parágrafos,
escrevendo sobre as qualidades dele.
Vou me abster disso, até porque penso que falaram
já tudo de bem a respeito dele.
Só quero que este post sirva para que todos nós,
praticantes de esportes, mas principalmente de Triathlon, possamos fazer
algumas reflexões.
Eu nem era tão próximo dele. Éramos, digamos,
colegas do esporte.
Mas, o pouco que nos encontrávamos, o
relacionamento foi intenso, como na última vez em que o vi.
Na transição, antes da prova do Internacional de
Santos, como sempre, nos desejamos boa prova e nos demos um abraço como se
fosse o último.
E não é que foi?
Phoda elevada a 10ª potência!!!
No dia do seu acidente, voltei pra casa, depois de
um treino de corrida, já à tarde, e entrei no Facebook para passar o feedback
do treino para o Silvão, meu treinador.
Dei de cara com uma postagem do Denis Potenza,
relatando o ocorrido.
Porrada na cara!
Passei isso no "Messenger" do Silvão e
nem consegui passar o feedback do treino.
Fiquei arrasado por aqui, o resto do dia.
Pouco depois, o Silvão me procurou para saber a
respeito.
Não conseguíamos pronunciar mais do que 2 ou 3
palavras sem conter o choro.
Muito triste.
Fiz um compartilhamento a respeito, no grupo
Ironman Brasil, no Facebook.
Entre vários comentários, o Marlus, administrador
do grupo, se solidarizou com o ocorrido e postou um link de outro acidente acontecido,
desta vez em Uberlândia, com um ciclista profissional.
Até onde acompanhei, ele estava em estado grave e
internado.
Não acompanhei mais e desejo que ele já tenha se
recuperado ou esteja se recuperando.
O que uma coisa tem a ver com a outra...
Fiquei, evidentemente comovido com o link do
Marlus.
Mas, nem um centésimo de como fiquei com o do
Chiquinho.
Humano que sou, a gente prioriza nossos sentimentos
para os mais próximos.
Parece que o acidente de Uberlândia está longe o
suficiente para que não tenhamos nada a ver com isso.
Engano.
Acidentes acontecem e acontecerão. A mais pura e
cruel das verdades.
Pelo que eu soube, e não sei se é verdade, o
acidente do Chiquinho foi exatamente como o meu primeiro, há uns 10 anos ou
mais.
Eu dei a sorte de "avuar" pro
acostamento.
Ele deu o azar (ou sorte, vai saber, dependendo da
crença de cada um) de "avuar" pra pista... e foi atropelado.
O motorista, desta vez pelo menos, me parece não
ter tido culpa.
Posso até falar que nós, que pedalamos pelas
estradas, e dirigimos também, podemos ser mais precavidos ao nos aproximar de
alguém (ou muitos) pedalando pelo acostamento, já prevendo um eventual
acidente. De minha parte, tiro o pé, me afasto, passo o mais precavido possível.
Coitado do motorista, se não teve culpa, vai levar
esse peso para o resto da vida.
Já perdi amigo, aí amigo mesmo, nadando, o Edmilson
Scrassulo. E pedalando, o Clarindo. E até correndo... por enfarto.
Cada evento desses me deixa muito, mas muito pra
baixo.
Só que, a vida segue.
Já pensei, e até falei várias vezes, que penso em
abandonar o Triathlon.
A cada acidente de pedal nas estradas, fatal ou
não, esse pensamento fica recorrente em minha cabeça.
Normalmente preciso de um certo tempo para ir digerindo,
pensando a respeito, e, nesse período, não me verão pedalando nas estradas.
Cagão?
Com extremo orgulho, sou sim.
Replicando Leandro Karnal: A gente envelhece e sai de guarda-chuvas na rua, mesmo debaixo de sol.
Replicando Leandro Karnal: A gente envelhece e sai de guarda-chuvas na rua, mesmo debaixo de sol.
Neste final de semana, tinha um treino meio longão
de bike e, em acordo com o Silvão, o fiz no rolo.
Mas, nada como o tempo, a gente vai novamente
voltando ao normal.
Que normal é esse? Sei lá.
O normal é a gente saber que todos nós vamos passar
por aqui e cada um no seu tempo.
Portanto, não adianta eu ficar enclausurado, "sentado
no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando
a morte chegar".
Toca Raul... kkkkk
Toca Raul... kkkkk
É encarar a vida como ela é, tomando todos os
cuidados possíveis, sem, contudo, criticar quem não os toma.
Se conselho fosse realmente bom, não se dava... se
vendia!
Mas me arrisco a dar.
Chiquinho, Edmilson, Clarindo, atletas que já se
foram: PRESENTE !
3AV
Marco Cyrino
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