Descobri um método revolucionário para aumentar o pace
e, conseqüentemente, melhorar o rendimento na corrida, quando fizermos treinos
que envolvam tiros.
Ainda nem contei para o meu treinador, Silvão, que
só irá descobrir por aqui, porque, como não sou egoísta, irei compartilhar em
primeiríssima mão com toda a comunidade, composta de meia dúzia de seguidores
deste Blog.
Trata-se de um método ousado, sendo que você
precisa ter certeza de estar apto a praticá-lo.
Por ter uma intensidade maior do que aquela a que
você provavelmente está acostumado, recomendo que, antes de qualquer coisa,
esteja em dia com os seus exames clínicos e principalmente cardiológicos.
Garanto que, caso esteja habituado a fazer tiros de
500 m com pace de, digamos, uns 4:00 min/km, finalmente você romperá a barreira
dos 3 minutos.
No meu caso, o Garmin mostrou uma evolução absurda.
Em tiros de 500 m, hoje em dia (já sexy... quer
dizer, sex... sexagenário) consigo manter um pace de aproximadamente 4:15,
4:10, com o coração na boca.
Utilizando este método, obtive um pace de 3:30 min/km.
Vamos ao que interessa...
Tenho 2 observações a fazer:
1 - Este método pode ser
utilizado em no máximo 2 tiros passando pelo mesmo local, caso contrário, as
possibilidades de "lesões" serão enormes. E podem ser lesões sérias.
Vocês entenderão o motivo...
2 – Não sei se este método
pode ser utilizado em outros locais, uma vez que as condições específicas para
ele ocorrem muito aqui em Santos, na praia.
Não tenho conhecimento de
relatos sobre treinos em outros locais que pudessem trazer a mesma eficácia.
Talvez no Rio de Janeiro, mas por outras razões.
Vocês entenderão o motivo...
O método consiste em realizar seu treino de tiros
pela areia da praia, de preferência ao final de tarde de um dia útil... horário
em que os boleiros com camisas do Barcelona, Real Madrid, Santos, Chelsea,
Flamengo, Corinthians (tomem mais cuidado com esses... ah, sou corinthiano,
maloqueiro, sofredor, graças a Deus), Palmeiras, São Paulo e tantos outros
times, se aquecem na areia mais batida, antes de começarem a jogar em campos de
"gol caixote".
Esses gols são muitas vezes
demarcados com chinelos, garrafas pet largadas pela areia, ou qualquer outra
coisa que sirva para fazer as traves.
Lembro que, quando ainda
jogava essas peladas na praia, estabelecíamos para cada gol uma distância de 5
pés (um pé da frente do outro), para colocarmos as "traves".
Cada time procurava escolher
o cidadão que calçava o menor número, para medir essa distância.
Normalmente, essas pessoas
têm a manha de ficar fazendo o aquecimento através de embaixadinhas, lelê
(puts... essa é bem velha), entre uns 5, 6, 8, 30 atletas, aguardando que
escolham os times e demarquem o campo para os craques que, como craques que
são, se aquecem e alongam.
Voltando...
É só passar por perto um andarilho ou corredor, que
tem algum "craque" olhando de rabo de olho, segurando a bola nos pés,
aguardando o momento em que estiver passando, para dar uma caneta, chapéu, elástico,
drible da vaca, etc. no incauto.
Então... ao começar a fazer os tiros, passe o mais
próximo possível (às vezes é impossível passar longe) desse pessoal.
No primeiro tiro, você irá tomar um drible.
Fique de boa e marque exatamente o local, para saber
o que fazer na volta.
No tiro de volta, ao se aproximar, fique esperto
porque irá ser driblado novamente... ou não.
No meu caso, na ida tomei um drible da vaca... e a
galera foi ao delírio.
Na volta, já me aproximando, vi que eles também me
viram. Tocaram a bola para o "craque" do aquecimento.
Até mudei um pouco a trajetória, para ter certeza
de que chegaria junto com a bola no craque... pronto pra tomar um chapéu.
Não deu outra!
Num é que o "craque" sabe mesmo jogar ?
Deu aquele toque por baixo da bola, me encobrindo, quase
penteando meu cabelo...
O que ele não sabia é que eu sabia que ia tomar o
chapéu e, quando a bola estava me encobrindo, gritei:
- "Vai que é sua,
Tafarel !!!"
Catei a bola com as 2 mãos, quiquei 3 vezes no chão
e bati o tiro de meta direto pra dentro do mar.
Ainda esperei um pouco, tomando fôlego, pra ver se
a galera ia ao delírio com a minha defesa.
Foi a melhor decisão... porque esse fôlego foi
fundamental para o tiro de 500 m.
Acho que comecei a uns 3:55 min/km e terminei com
uns 3 min baixo... e a galera me incentivando... correndo atrás e me elogiando com
todos os nomes que não podem ser publicados.
Fiquei contente com o apoio.
Bom... antes de retornar para casa, havia o último
tiro.
Confiante que estava, voltei pelo mesmo caminho,
imaginando que o jogo deles já havia começado e ninguém iria e notar.
Bingo... o jogo estava rolando !
Só que estava meio deprê... correndo o último tiro
para 4 min alto.
Resolvi dar uma acelerada...
Ao passar da metade do campinho, pela lateral,
diminui a velocidade para retomar o fôlego e a plenos pulmões gritei novamente:
- "Vai que é sua
Tafarel !!!"
Parecia que o juiz havia apitado algo sério... porque
o jogo parou!
Do nada, a galera voltou a me incentivar... todos
correndo na minha direção e proferindo as mesmas palavras de apoio.
Treinão, viu ?
Não tive tempo de ver o pace porque esqueci que, na
volta, o Canal 2 estava muito perto e, com as últimas chuvas, existe uma vala
enorme para passar por ele... e foi o que salvou o meu treino (e talvez a minha
vida), porque, no embalo em que eu vinha, entrei no mar e... sobrevivi sem
maiores problemas.
Saí do outro lado, com os craques ainda tentando, e
depois desistindo, de passar pela vala do Canal.
É... a gente precisa de mais paz e amor.
VAI QUE É SUA, TAFAREL !!!"
Importante: Isto é uma obra de ficção !
Importante: Isto é uma obra de ficção !
3AV
Marco Cyrino