Desta vez não houve o vento fortíssimo de 2014,
quando a natação teve de ser abreviada, tamanha a dificuldade de nadar naquele
mar.
Também não teve o clima super agradável que me
contaram que fez em 2015.
Mas ele apareceu... o vento.
Tô até ficando cabreiro.
Parece que nos últimos anos eu atraio vento ou
chuva para as provas.
Inclusive nos 2 últimos Irons em Floripa (2016/17),
com chuva do começo ao fim.
Brincadeira.
Começa que, se é ruim pra mim é ruim pra todos. E
termina que, se a gente quisesse moleza, ficava comendo pipoca no sofá de casa,
assistindo novela.
Não que eu não faça isso... eventualmente... rsrsrs
Vamos ao Relato de Prova...
Pré-largada
No dia anterior, sábado, o
clima estava ideal para a prova. Ameno, sem vento, o mar parecendo uma piscina.
Na manhã... Ôps... madrugada
do domingo... ao sairmos para a prova... ventava. Aquele vento maral.
Chegamos à transição e fui
arrumar a alimentação e a hidratação na bike.
Escuro ainda... 5:00h da
matina. Isso é hora de gente de bem estar acordada? Claro que é...
Encontra uns conhecidos
daqui, uns amigos dali, conversa vai, conversa vem.
Ôpa... dia clareando e o
vento soprando...
Hora de vestir parcialmente
a roupa de borracha, porque esse friozinho "madrugal" faz perder
bastante calorias... calorias essas que devem ser usadas na prova.
Todo mundo já indo para a
areia, para a largada do Sprint que seria e foi às 06:10h.
Eu e a Neuza ficamos
sentadinhos numa mureta, meio protegidos do vento, entre a transição e a praia.
06:00h em ponto... fiz meu
pequeno retiro e minhas orações pedindo saúde e proteção a mim e a todos os que
participariam das provas, como atletas ou acompanhantes.
Minha largada seria e foi às
06:40h.
Vimos, já na areia, a
largada e a chegada da natação dos primeiros atletas do Sprint.
O tempo realmente voa.
Olhei no relógio e... 06:30h.
Nem tive tempo, por conta de
perrengues que acontecem, de dar uma treinadinha no mar. Seriam surpresas a
temperatura, as condições, etc.
Ainda perguntei sobre isso ao
meu mais recente amigo, o Leandro, já que ele havia se aquecido na água. Ele me
tranqüilizou dizendo que, apesar do vento, estava com uma boa temperatura.
Natação
O vento diminuiu um pouco. Ainda
bem... estava muito chato.
Larguei na frente, mas,
saindo de banda.
Na frente para, eventualmente,
não perder tempo. De banda, para não atrapalhar e não tomar porrada.
Apliquei minha estratégia de
nadar calma e progressivamente.
A 1ª bóia estava a uns 300 m
da praia.
A 2ª bóia, à direita e
paralela à praia, parecia estar a uns 850 m da 1ª.
Depois, nadávamos em direção
à praia por uns 150 m e voltávamos, novamente paralelamente à praia, até perto
da largada.
Daí, virávamos à esquerda e
era só chegar à areia.
Minha impressão foi de que
teve "muuuuita" água.
Muitos atletas tiveram a
mesma impressão.
Outros muitos tiveram a
impressão contrária.
Depois da prova, conversando
com atletas de todas as categorias, cheguei à conclusão de que a distância
estava correta: 1.900m bem medidos.
Na 1ª bóia, estava entre os
últimos da minha largada.
Na 2ª bóia, já bem mais
longe, dei uma checada para trás e já havia uma meia dúzia de gatos pingados
atrás de mim.
Virei na 3ª bóia e fiz o
retorno.
Quase chegando à última bóia,
dei mais uma checada e a meia dúzia se transformou em algumas dúzias.
Em nenhum momento estou
depreciando a performance de qualquer atleta. Se um dia fizer isso, podem me
cobrar.
O intuito é tentar passar um
pouco da minha experiência.
Já fiz muito isso.
Sair nadando muito forte e
não conseguir manter o ritmo.
Pior... sair da natação "afogado",
com a FC lá em cima.
Retirei a roupa de borracha
ainda dentro do mar... recomendo muito isso, dependendo da distância a
percorrer até à transição... e senti minha FC bem regulada quando cheguei à
minha baia da bike.
T1
Desta vez, acho que
exagerei.
Levei "abastecimento"
praticamente para um Ultraman.
573 sanduichinhos, 3 pacotes
de amendoim japonês, 28 gels, 15 barras de proteína, 450 cápsulas de BCAA, 18
cápsulas de sal, 17 paçoquinhas..
Fora 13 caramanholas de
Carbo da marca "*&%@##%¨ e um galão de 5 litros de água mineral.
Kkkk
Quantidades à parte, levei
essas porcarias mesmo...
Difícil é colocar tudo isso na
roupa e na bike, nas quantidades corretas (não, evidentemente nas mencionadas
acima).
Além de colocar capacete,
óculos, luvas (acho que perco tempo com elas, mas não as desprezo em provas
longas), etc.
Ciclismo
Tudo arrumado, finalmente.
Bóra pedalar.
Início da 1ª volta e... pedalando
a 19, 20, 21... no máximo 22 km/h... e fazendo força... que p.... é essa ?
Depois de uns 15 ou 20 minutos
pedalando, ultrapassei um atleta a 24 km/h (marcados no meu Cateye) e
perguntei:
- "Quanto tá marcando
tua velocidade?"
- "36 km/h."
Meu Cateye tá pirado?
Lembrei!
Deixei minha bike pra fazer
revisão na oficina e loja em que sempre confiei, embora já tenha passado alguns
pequenos perrenguinhos com eles.
Mas, como sempre, dou o
devido desconto.
São conhecidos, etc.
Desta última vez, pedi para
trocarem a bateria do equipamento.
Sim, já tive GPS da marca
*&&&$#(_) e não me adaptei.
Sou Ogro.
Voltei ao bom e velho Cateye,
cuja bateria acabou e pedi para trocar.
O "xxxxxxx" me
disse que não tinha a bateria, mas pegaria de algum equipamento lá.
Disse-lhe que então eu
levaria a bateria.
Ele me disse pra não
esquentar a cabeça que ele faria a troca.
Acreditei.
Ao pegar a bike, na véspera
da viagem, a bateria não estava trocada.
Dei uma reclamadinha e o "yyyyyyy"
pegou um equipamento, tirou a bateria e fez a troca.
Perguntei se tinha feito os
ajustes no Cateye e ele disse que sim... até mesmo o ajuste do relógio.
Dei uma girada na roda pra
ver se estava registrando o movimento e estava mesmo.
Nada como confiar nas
pessoas.
Por conta dos perrengues que
tive que correr atrás, lá em Floripa, nem tive como testar a bike.
Mas confiança é confiança.
Bom... depois de uma, duas,
três... deixei de ser freguês.
Só pra rimar.
Simples assim.
Não tenho rabo preso com
ninguém.
Consumidor que sou,
continuarei consumindo até quando Nosso Pai Oxalá me permitir.
Sou fiel enquanto forem
fiéis comigo.
Voltando ao pedal...
Monitorar pelo Cateye nem
pensar.
Vamos monitorar pelo
cronômetro.
Ah... mas só dando risada
mesmo.
Olhei nele e estava com um
tempo ótimo... 45 min de prova cravados.
Pedalei mais uns 10 minutos
e...
45 min de prova.
Taquepariu... devo ter
parado o cronômetro ao colocar as luvas... kkkk
Que burro!!!
Aí, vou colocar a culpa em
quem?
Bóra fazer a prova na base
do achômetro.
Pedalava, comia. Pedalava,
bebia. Pedalava, comia e bebia. Pedalava, bebia e comia.
Passava em cada posto de
hidratação e pegava isotônico e água... dava uns goles em cada e... segue o
jogo.
Final da 1ª volta, o vento
aumentou.
2ª volta inteira com vento
bem mais forte.
Eu reclamando pra mim mesmo.
Sem noção de velocidade,
tampouco de tempo de prova.
Tinha resolvido fazer a
prova na percepção de esforço.
Ao fazer a subida do Cacupé,
na ida da 2ª volta e, ao perceber o quanto estava quente, uma vez que meu
capacete virou uma torneira de suor, resolvi aliviar muito o esforço do
ciclismo.
E ainda levei em
consideração os conselhos do Silvão... pra subidas...
Pensei:
-"Essa é daquelas
provas em que muitos vão quebrar na corrida... prova enganosa".
E assim foi.
Cheguei do pedal.
T2
Transição em local diverso
da T1.
Cheguei junto com um
camarada da categoria.
Saímos juntos também.
E me sentindo bem pro último
desafio de 21 km de corrida, depois dos 90 km de pedal e dos 1.900m de natação.
O 1º km é sempre um medidor
de como estamos.
Pensei que até então tinha
feito tudo certo.
Não estava pensando em
resultado.
Minha perspectiva era, juro,
estar entre os 5 primeiros, mesmo sabendo que iriam ser premiados apenas os 3
primeiros.
Corrida
Ao final da 1ª de 3 voltas
de 7 km cada, não tinha a menor noção de quem, da minha categoria, estava à
frente ou atrás.
A gente se cruzava a toda
hora, indo e vindo, mas o percurso não me permitia saber a respeito de
colocação.
Tinha absoluta certeza de
que estava dentro da minha previsão. Entre o 4º e o 5º colocado na categoria.
Ao final da 1ª volta a Neuza
gritou:
-"Anjo... tu tá em 3º".
Respondi:
-"Não... estou em 4º ou
5º... tu tá vendo numeração errada... kkk".
Durante toda a corrida
também procurei manter o foco na hidratação e na prova, sem me preocupar com
resultado. Tentei fazer apenas o meu melhor.
Fazendo bastante força no
pedal e na corrida, a musculatura anterior da coxa começa a reclamar.
A partir da 2ª volta, travei
uma amizade inesquecível com uma árvore.
Sempre que passava por
ela... fosse na ida ou na volta... dava uma paradinha de uns 15 segundos para
alongar essa musculatura, que travada já estava... me agarrava nela como se da
família fosse... kkk
Na 3ª e última volta, a
única em que temos um pouco de noção de nossa posição na prova, via muitos
atletas atrás. De todas as categorias.
Da minha ninguém.
Pensei... 4º, 5º, 6º, que
importa?
Importa que estou concluindo
mais uma empreitada saudavelmente e me sentindo muito bem.
Uêba...
Já estou chegando...
O Ironman não permite mais a
chegada com a família... o Challenge não só permite, como incentiva.
Tenho opinião contra e a favor
isso.
O contra é devido aos
excessos, apenas isso.
Então... venha comigo,
Neuzita... é nóis.... tamujunto... misturado já é redundância.
Feliz da vida.
Pós-prova
Quase caí depois da chegada,
por conta das dores na musculatura anterior das coxas.
Mas, tava valendo.
Recebi medalha, recebi a
camiseta de Finisher, fui comer, beber (cerveja sem álcool), dar uma descansada
e....
Eram umas 13h e pouco... premiação
prevista para as 16h.
Ah... mas não vou esperar
mesmo. Até porque, na minha concepção, não teria direito sequer ao troféu de 3º
colocado.
Cansado... esgotado... dolorido...
Ainda não tenho noção do meu
tempo na prova... creio que foi por volta de 6:15 a 6:30h...
Os resultados oficiais ainda
não saíram (depois escreverei sobre isso e outras coisas).
Bóra pra Pousada
descansar...
Neuzita me convenceu a
aguardar os resultados...
Vou te falar... maior
embaço.
Tomei 2 brejas (pequenas)
alcoólicas... comemos 1 pizza brotinho... tomei água bagarayo... etecétera e
tal.
Daí, por volta das 15:30h, começaram
a premiação dos ganhadores da prova.
Os tops.
Aí, demorou mais um pouco ou
muito e anunciaram que iriam começar a premiação dos "age groups".
Fui lá e exigi meu direito
de saber o resultado de acordo com o Estatuto do Idoso... ou seja, primeiramente...kkk
Mesmo brincando, parece que
fui atendido.
Premiaram primeiro os
Revezamentos e depois começaram a premiação por grupos de idade.
O locutor disse:
- "Vamos começar pelos
mais experientes:"
Gostei!!!
Veio logo a minha categoria...
- "Na categoria
Masculino 60/64 o campeão foi: Marco Antonio Pinheiro Cyrino"
Se estivesse sentado, tinha
caído da cadeira.
Como estava de pé... sentei
no chão.
Sequer imaginava pegar o
pódio com o 3º lugar. Que dirá o 1º?
Apenas agradecer a tudo e a todos. Sempre.
Silvão, como sempre, mandou muitíssimo bem no
planejamento dos meus treinos, mesmo tendo que lidar com os perrengues que citei
lá em cima, mas não vou falar porque faz parte.
Minha família e a Neuzita e sua família, que na
verdade é minha também.
Ainda, recebi o "Convite Oficial" para
participar do Mundial do Challenge Half em Samorin, Eslováquia, em Junho de
2018.
Pensando a respeito.
Depois vou publicar mais a respeito da minha
opinião com relação à organização da prova, às amizades, às imagens, etc.
Se fosse fazer tudo junto, como falo ou escrevo
muito, não daria liga.
Aloha !!!
3AV
Marco Cyrino