segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Respeite seu corpo



Confesso que, vendo as inscrições para Floripa ainda abertas (para o Iron e para o Challenge, embora para este eu já tenha herdado a inscrição desde o ano passado), me dá uma vontade desgramada de fazer o Iron.

Já havia decidido... ôps... havia não... decidi... não fazer o Iron em 2018.

Tenho outros planos... talvez o 70.3 de Kona, talvez a Ultra Bertioga-Maresias, talvez, talvez e talvez...

Mas, por que a decisão de não fazer o Iron ano que vem?
Dar uma folga, para o tempo necessário para cumprir o programa de treinos para esse desafio.
Fiz 4 anos consecutivos (2009 a 2012), folguei 1 ano, fiz 2014, folguei outro ano e fiz mais 2 consecutivos (2016 e 2017).

Já com mais de 50 anos de idade, 52 para ser exato, iniciei minha trajetória em Ironmans, mas, tendo que conciliar tudo com tudo. Família, trabalho, etc. Todos sabem o que é isso.

Hoje, já aposentado do trabalho, muitos dizem que agora posso fazer tudo e mais um pouco.
E posso sim, mas não quero.
Muito por força de compromissos que assumi por querer mesmo. Logo, não vou abandoná-los... até mesmo porque eles e suas conseqüências não me abandonam.

Mas, vamos ao que interessa, porque o preâmbulo já se alongou mais do que o devido... rsrsrs.


Vai estrear em uma distância longa?

Se sim, tenho boas e más notícias.
Mais boas do que más.


Começando pelas más (sempre faço essa opção).

Você vai ter que desenvolver ainda mais (porque todos temos) estas qualidades:

DETERMINAÇÃO: Firmeza para conseguir o que deseja.

PERSISTÊNCIA: É não desistir facilmente daquilo que se deseja.

MOTIVAÇÃO: O que o levou a realizar o desafio.

RESILIÊNCIA: Capacidade de lidar com problemas, vencê-los e não ceder a pressões em qualquer situação.


Lidar com, e desenvolver essas características não é mole.

Aprendi, em muitíssimas situações, a estabelecer objetivos pequenos dentro do objetivo maior.
Tipo, num treino de 30 e poucos kms de corrida, com dores (normal), sem hidratação e alimentação adequadas (não é normal, mas acontece muito), estabelecer que iria apenas até o próximo km. 
Então caminhei, pensei (correndo não dava pra pensar), me alimentei e hidratei, sentei, alonguei, levantei, hidratei novamente, me alimentei novamente, alonguei novamente, caminhei, trotei e... terminei o treino.

Não foi no ritmo que imaginava? Claro que não.
Mas, se não fizesse isso não completaria o treino. E assim é em tudo. Dar um passo atrás, quando erramos, para depois dar 2 para frente.


Conselho: Nunca, mas nunca mesmo, chegue perto de extremos... ao limite...


Se você achou que estas más notícias não foram tão más assim, parabéns, porque as boas serão então melhores.

Primeiramente, vou falar que quem diz que você tem de treinar até morrer (modo de falar) está completamente equivocado e colocando você em risco desnecessário.

Se você vai fazer seu primeiro Long Distance ou Ironman e, se não é o Top de Linha e, ainda, se quiser completar essas provas saudavelmente, dentro do seu melhor tempo (levando em consideração o que pode ser feito, pois você tem uma vida), esqueça aqueles treinos com os Tops que "irão te levar a outro patamar". Nadar para 1m10s/100m, pedalar para 40 km/h, correr para 4:00 min/km.


Respeite seus limites e seu corpo.

Vou dizer uma frase que parece tosca:

- "Saúde não tem preço".

Phodam-se as redes sociais.

Temos que desenvolver, sim,  Determinação, Resiliência, Persistência e Motivação.
Mas sempre dentro dos limites.
Sempre digo que menos é mais.
Mas, pra bom entendedor, menos é mais quando o mais é menos. Se é que me entendem.

Em provas, dou o meu melhor, mesmo sabendo que não sou o melhor.

Já, nos treinos, e o Silvão sabe disso... erro muito. E não tenho vergonha de dizer isso a quem interessa: a êle (Silvão) e minha família, que me acompanham sempre.
Se preciso descansar, não me envergonho e falo.
Se aconteceu algo inesperado que me afetou psicologicamente ou de outra forma, idem.
Agora, se nada aconteceu, e ainda assim não me sinto bem... idem de novo.


É punk treinar.
E concordo que treinos difíceis tornam a prova fácil.
Mas nem tanto ao céu nem tanto à terra.

Hoje, opto por fazer treinos longos solitários.
Porque vou no meu ritmo e não no ritmo dos outros.

E isso exige cabeça.
Ah... 4.000m em piscina de 25 m, sozinho.
200 km de pedal no Riacho Grande, sozinho.
35 km de corrida... sozinho.

Vamos errar bagarayo nesses treinos. Mas é pra isso que eles servem. Inclusive erros primários.
Só a prática nos traz o mais perto possível da perfeição.

A gente desenvolve métodos para isso.

Este é mais um daqueles posts que provavelmente será útil para uma pequena parcela de Triathletas, quem sabe os iniciantes em maiores distâncias.
Mas, talvez, e apenas talvez, seja útil para muitas pessoas e em qualquer área da vida delas.


ALOHA !!!

3AV
Marco Cyrino


segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Minha vaga para Kona


Evoluí muito como Triathleta, na última década.
Saí de uma posição de campeão (virando a classificação de ponta cabeça) para posições intermediárias.
Isso no Ironman Brasil.
Em outras provas, me tornei um Triathleta razoavelmente competitivo, falando em termos de resultados.

Nos últimos 5 anos, tenho conseguido excelentes resultados, com alguns troféus de campeão, em provas Olímpicas. Até mesmo um inesperado primeiro lugar em uma prova chamada Insano. Muito desafiadora, por sinal.

Em provas de meio Iron ou Long Distance, também tenho obtido alguns bons resultados, porém nenhum troféu de campeão.

Já no Ironman...

Minhas desculpas:

- Nunca encaixei uma prova em que tudo desse certo.

- Choveu o dia inteiro (2016 e 2017).

- Fez um calor da p.... e quebrei... não percebi o calor durante o pedal e simplesmente desidratei.

- Furou meu pneu e perdi um tempão para trocá-lo.

- Estava muito bem, quando um atleta jogou uma garrafa de isotônico cheia, durante o ciclismo. Quase caí, porque ela acertou minha roda dianteira. Graças a Deus não caí, mas senti uma fisgada perto do joelho, o que me obrigou a pedalar quase que apenas com uma perna...

- Dei mole para a hidratação e alimentação... ainda não aprendi a fazer isso da forma correta.

- A chuva durante toda a prova fez com que eu ficasse com bolhas nas solas dos pés e...

- Perdi muito tempo (e bota tempo nisso) nas transições, para não ter problemas maiores no pedal e na corrida.

Todas elas verídicas.


Só que a verdade verdadeira é que não nasci para fazer o Iron de forma competitiva.
Pelo menos, não para almejar uma vaga em Kona.
Simples assim.

Muitas das provas em que tenho obtido excelentes resultados são provas com, digamos, pouca concorrência.
E isso não é nenhum demérito, nem para os demais atletas e principalmente nem para mim mesmo.

Tenho, pelo menos, o maior orgulho de nunca, NUNCA, ter deixado de finalizar uma prova.
É muito provável que isso um dia aconteça.
Creio ter participado de uns cento e poucos (ou muitos) Triathlons de todas as distâncias, fora Biathlons, travessias, corridas de rua, etc.

Algumas provas de que me lembro: 

- 10km A Tribuna (sei lá quantos).
- 7km VTV Transbrasa (2).
- Meia Maratona A Tribuna (Praia Grande) (3)
- Biathlons da NA, da Gato de Rua.
- Shorts do Troféu Brasil, do Santa Cecília.
- Triahtlon da República (UTBS).
- Olímpicos do Troféu Brasil.
- Internacionais de Santos (17).
- Travessias de São Vicente, de Santos.
- Long Distances de Pirassununga.
- Tri Dash (embrião do Challenge).
- Challenges.
- Insano.
- Inronmans (7)... estes eu contabilizo com certo orgulho.


Fato: Por qualquer problema inesperado, ou por mera cagada, algumas dessas provas só cheguei por Deus.
De algumas nem me orgulho, uma vez que, por falta de preparo físico ou de preparo específico para a prova, poderia ter colocado minha integridade física em risco.
Agora, o fator psicológico sempre foi fundamental.

Hoje, às vésperas dos 60 anos (10/10), com a bagagem adquirida e muito bem assessorado em todos os aspectos (familiar, técnico, clínico, pessoal, etc.), consigo fazer uma análise mais isenta do meu potencial Triathlético.

Quem me conhece pessoalmente, ou já leu meus posts aqui neste Blog (principalmente os mais pessoais), sabe que não virei Triathleta do nada. Na real, sempre fui um, embora não soubesse que era... kkk
Mas, isto é assunto para outra postagem.


Minha isenta análise quanto a ir para Kona é a seguinte:

- Saí de ser um nadador sobrevivente (em decorrência das necessidades do surf), para um ser nadador razoável. Ainda assim, com muitas restrições em relação à natação mais competitiva.

- Saí de ser um ciclista que não tinha sequer bike para ir surfar, para ser um ciclista esforçado, daqueles que não investe em equipamentos mais do que o necessário e consegue ter uma performance razoável em médias distâncias. Já, nas muito longas, como o Iron, o objetivo passa a ser completar o percurso vivo, para poder correr.

- Saí de ser um corredor doido, que corria descalço no asfalto (inclusive em alguns Triathlons Olímpicos e vários 10 km A Tribuna), para ser um corredor com um pouco mais de técnica e conhecimento do meu corpo.


Tudo junto e misturado, chego à conclusão de que, embora tenha tido ótimas orientações de meus técnicos anteriores (Edney Batista e Ivan Yague) e hoje esteja muito à vontade com o Silvão, não dá para tirar de mim mais do que tenho para dar.

Imaginemos minha "prova perfeita" no Iron, considerando meus melhores tempos em cada modalidade e idealizando minhas melhores transições:

- Nadar para 1h14m
- T1 em, digamos, 6 minutos (impossível para mim... kkk)
- Ciclismo em 5h55m.
- T2 em, digamos, 5 minutos (continua impossível).
- Corrida em 4h12m (6min de pace).

Tempo total = 11h32m aproximadamente...

Bom... abaixo estão os resultados da última prova do Ironman Brasil da qual participei, já na categoria M60/64 - Ironman Full.


Número
Nome
Tempo Total
_Natação_
___T1___
_Ciclismo_
___T2___
_Corrida_
Rank Categ
Rank Geral
2422
STEVE NABITY
10:51:23
01:10:29
00:07:04
05:25:19
00:05:02
04:03:29
1
733
2413
MARTIN DESMYTTERE
10:52:30
01:10:23
00:06:41
05:03:10
00:09:50
04:22:26
2
738
2407
ENRIQUE SELAME
11:37:00
01:17:16
00:06:53
05:46:04
00:04:33
04:22:14
3
1126
2418
RICARDO ANGEL GORNATTI
11:55:19
01:13:02
00:06:46
05:26:45
00:04:40
05:04:06
4
1310
2401
SERGIO LOBO
12:10:24
01:12:26
00:11:10
05:21:53
00:09:49
05:15:06
5
1418
2404
EDISON ARAUJO VIANA
12:17:16
01:22:03
00:09:36
06:07:50
00:05:42
04:32:05
6
1465
2408
ERIC BLAKIE
12:22:31
01:09:44
00:08:02
06:00:34
00:07:39
04:56:32
7
1497
2393
ARNALDO NIELANDER
12:28:15
01:17:46
00:13:34
06:17:14
00:07:54
04:31:47
8
1535
2410
JOSE LUIS DEL SASTRE
12:34:48
01:09:16
00:07:44
06:26:01
00:07:46
04:44:01
9
1589
2411
JUAN REGO
12:36:34
01:20:37
00:11:44
06:03:30
00:08:16
04:52:27
10
1601
2409
FERNANDO TOIGO
12:49:13
01:21:56
00:10:03
05:52:45
00:09:00
05:15:29
11
1664
2416
PIASENTINI EDGARDO
12:50:04
01:23:28
00:04:47
05:53:03
00:06:07
05:22:39
12
1668
2415
PEDRO OLIVEIRA
13:18:31
01:20:30
00:14:13
06:10:14
00:11:00
05:22:34
13
1793
2399
MARCO ANTONIO PINHEIRO CYRINO
13:27:10
01:15:25
00:24:17
06:34:37
00:11:14
05:01:37
14
1833
2400
ORIVAL ANDRIES JUNIOR
13:32:32
01:00:53
00:06:10
06:06:08
00:08:55
06:10:26
15
1852
2414
PAULO ROBERTO SCHULTE DA SILVA
13:50:01
01:06:43
00:10:10
06:48:32
00:08:49
05:35:47
16
1897
2396
ESDRAS ROSA
13:58:24
01:27:43
00:15:24
06:19:12
00:13:21
05:42:44
17
1924
2405
EDUARDO GAZZILLO
14:25:09
01:24:21
00:15:21
07:08:25
00:10:16
05:26:46
18
1985
2395
CELIO GARCIA JUNIOR
14:54:19
01:10:39
00:12:33
07:12:01
00:09:01
06:10:05
19
2028
2397
HELIO VASCONCELOS
15:02:33
01:17:49
00:13:56
06:49:30
00:10:57
06:30:21
20
2034
2402
LEE HARKLEROAD
15:34:40
01:24:29
00:13:30
06:53:44
00:12:31
06:50:26
21
2071
2398
JOSÉ ANTÔNIO DA SILVA
15:52:45
01:32:05
00:15:58
06:43:50
00:14:38
07:06:14
22
2083


Resta o consolo de saber que havia 38 inscritos.
Portanto, mais uma vez, completei a prova e, cada vez mais no grupo de cima.

E, sem desculpinhas.

Kona, provavelmente só quando fizer o Iron na categoria 100+.
E por falta de concorrentes.... kkk
Ou na próxima encarnação.

Preocupação grau zero.

Sério... meu objetivo é longevidade na vida e no esporte.
E, neste quesito, me sinto em Kona.

Aloha!
Bons treinos.

E, pratique esporte e Triathlon principalmente para ser saudável e feliz.
Nunca esqueça que tens uma família te acompanhando.


3AV
Marco Cyrino