sexta-feira, 30 de junho de 2017

Ironman Floripa 2017 - Fotos

(Clique em qualquer imagem para ver em tamanho original)

1- Empulseirando

2- Registrando o Blog

3- Indo testar óculos novos 

4- Adaptação ao mar

5- A fotógrafa

6- Chega

7- Depois da água fria

8- Bike check-in chuvoso

9- Bike encapada

10- Pré-prova. Sentado na areia com Alceu. Ansiedade molhada.

11- Tá chegando a hora

12- Agora vou entrar

13- Largou. O dog participou de todas as largadas.

14- Chegando... To aí no meio

15- Sem a roupa de borracha tava bem frio... kkk

16- A longa espera... Neuza e Edna

17- Iniciando o ciclismo

18- Final da 1ª volta

19- Ufa... Falta correr, correr e correr.

20- Então vamos, que logo anoitece

21- Faltam 21 km ainda

22- Agora, só mais 11 km

23- Agora, só mais um metros...

24- Cheguei!

25- Chegueeeeiiii... pô...

26- Chegueeeeeiiiiii... cara...

27- A melhor hora... com a boca cheia

28- Pode me dar a medalha

29- Dois prêmios... medalha e um copo de breja

30- Já saindo, indo embora... e, sabe a chuva... continuava

31- Já na Pousada dos Chás... Acho que era o único local seco

32- Dia seguinte... grande Vagnão Bessa

33- Lembrança que fica por uns dias

34- Confraternização atletas da Pousada




3AV
Marco Cyrino


sexta-feira, 9 de junho de 2017

Relato de Prova II - Ironman Floripa 2017


Propositalmente, deixei de lado alguns tópicos sobre a prova e minha estadia em Santa Catarina.
Imaginem o tamanho que ficaria o post, se tivesse "escrevinhado" tudo... rsrsrs.

Nenhum destes tópicos é menos (nem mais) importante do que os já relatados, mas é que o objetivo principal (e fugi muito dele) daquela postagem (Ironman Floripa 2017 - Relato de Prova) era falar apenas sobre a prova em si.

E, bocudo que sou (ou seria mãozudo, já que estou "escrevinhando" e não falando?), ainda abordei vários temas fora da prova propriamente dita.

Prometo que este post será bem menor do que o primeiro.
Porém, saibam que sou pós-graduado em "Quebração de Promessas".


1 – Viagem

Fizemos uma excelente viagem, mesmo saindo de Santos ao meio-dia da terça-feira.
Sempre nos programamos para sair cedo e arrumar todas as tralhas com antecedência.
Sempre saímos tarde e arrumamos todas as tralhas em cima da hora, ou seja, na véspera.
No problem. Viajamos a passeio. 710 km feitos em aproximadamente 9h30m. Com paradas para almoço, xixizadas, lanches, xixizadas, etc.
Não nos estressamos. E esse é o espírito da viagem para nós.


2 – Chegada e estadia em Floripa:

Pretendia chegar e dar um trotezinho de uns 30 minutos. Mas, às 21:30h, nem pensar. Foi o tempo de tirar tudo do carro (e vocês não imaginam o que é o nosso "tudo"... parece que ficaremos um ano fora de casa), levar para o quarto e sair para jantar/lanchar.

Nossa recepção e estadia na Pousada dos Chás, em Jurerê Tradicional, foram monótonas. Porque são sempre ótimas. Lena e seus filhos, Guilherme e Lívia, bem como seus funcionários, principalmente o Gaston e a ...... (Perdóname... no recuerdo su nombre, que tan bien nos atendió), tratam a todos os hóspedes e a nós, como se da família fôssemos.
Falo pela Neuza e por mim agora. Criamos uma relação um pouco maior do que amizade com a Lena.
Tivemos oportunidade de ficar conversando por horas e constatando nossas afinidades.

No dia da prova, às 4:30h da matina, já havia um belo café da manhã para quem quisesse ou precisasse.

No retorno da prova, já lá pelas 22:00h, havia um buffet de sopas... caldo verde, canja, etc.

Isso para não falar do Chá da Tarde, tradição dessa pousada, que é um verdadeiro jantar, só que no final de tarde.

Ainda viabilizaram nosso traslado para a prova, em plena madrugada do domingo.

Show... shhhooowww... ssshhhhhhhhooooowwwwwwww !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


3 – Prova

Algumas considerações que não fiz no post anterior:


Transições
3.1 – A transição, tanto de entrada, quanto de saída da prova, estavam ótimas.

3.2 – Os banheiros químicos estavam em um verdadeiro lamaçal. Ainda bem que só utilizei um, antes do ciclismo... e para fazer o número 1... saí com lama até os tornozelos... mesmo assim, "pulando amarelinha" entre a lama e o mato.

3.3 – Staffs dentro das transições muito bem treinados. Todos sabiam como proceder. Mesmo em casos mais específicos, como alguns que presenciei. Parabéns.

3.4 – Hidratação e alimentação dentro das transições também em nível "ótimo".


Natação
3.5 – Já disse o que penso sobre a largada em ondas. Porém, com acontecimentos de ressaca como os que ocorreram recentemente, não imagino como seria uma largada única, com 2.400 atletas em uma faixa de areia de pouquíssimos metros. Como o serumanu não cuida da natureza, acho que Jurerê está jurerando. De 2009 (quando pisei pela primeira vez naquelas areias) para 2017, quase não existe mais a faixa de areia.

3.6 – No final da primeira perna da natação, a platéia não cabia naquele pequeno espaço. Culpa nenhuma da organização.

3.7 – Chegada da natação... muito bom.
Primeiramente, pelo fato de termos terminado a primeira prova.
Segundamente, por estarmos olhando para frente, ao redor e para trás e vendo muita gente em todos os focos.
E, terceiramente, pela competência dos staffs... deitávamos no chão e retiravam nossas roupas de borracha com apenas um tranco. Tive que pedir ao Maguila que retirou a minha para devolver minha bunda, que saiu junto com a roupa, tamanho foi o tranco que tomei.
De bôa... é só zuação... o Maguila é gente fina...


Ciclismo
3.8 – É sempre um verdadeiro desafio começar a pedalar debaixo de chuva.
Agora, começar, meiar e terminar debaixo de chuva... é phoda.
Portanto vamos pra frente.

3.9 – O Núbio... ôps... o Galvão (kkkk) disse no simpósio que tanto água quanto isotônico (me recuso a mencionar a marca Gatorade) seriam distribuídos, no ciclismo, em caramanholas.
E que a água, na corrida, seria em garrafas de fácil abertura.
APLAUSOS ENTUSIÁSTICOS.

E assim foi...
Água  e isotônico em caramanholas que, eu pelo menos, não conseguia ingerir ou colocar nos locais da bike.
Penso, humildemente, que ele, o Galvão, pode ter comprado (ou feito uma licitação de) um lote de caramanholas pelo melhor preço e/ou pela melhor qualidade. Talvez tenha optado pelo primeiro aspecto.

Todas... TODAS... TTTOOODDDAAASSS as caraminholas que peguei, fossem de água ou de isotônico, abriam a tampa, ou o bico saia em minha boca, ou simplesmente, acreditem, simplesmente rasgavam ao tentar ingerir seu conteúdo.

O barato sai caro. Não para ele... para nós.

3.10 – Buracos pra cacete... mas sem culpa da organização... choveu muito nos dias anteriores à prova.

3.11 – Sem mais comentários, tampouco reclamações.


Corrida
3.12 – Não consigo lembrar de nada contra nem a favor da organização, nessa parte da prova. Já é a parte em que estamos lutando pela sobrevivência. Não conseguimos prestar muita atenção em detalhes que não sejam voltados ao próximo km a ultrapassar.

3.13 – E me contradizendo, ao falar que não lembrava de nada a favor ou contra, lembrei:
A favor: A qualidade e quantidade dos staffs, bem como a qualidade e quantidade de alimentação e hidratação oferecidas.

Contra: O percurso!!!  Dá pra tirar o "Cantinho da Depressão"??? kkkkk


Chegada
3.14 – Quero nem saber se foi boa ou ruim! Só sei que cheguei!!!


4 – Pós-prova

4.1 – Após o Pórtico de Chegada, já fui logo abordado por alguém que falou para outro alguém:

- "Este aqui está muito bem... dispensa o médico..."

Olhei pra ele e disse...
-"Pai... consegui de novo..."

Ele:

- "Chama o médico"
Kkkkk

Falando seriamente, cheguei tão bem, como nunca havia chegado.
Entrei na ala de massagem porque, além de dolorido, eu paguei essa p... Então, quero uma boa massagem.


Massagem
4.2 – Submeti-me a uma massagem Tabajara.
Nada contra as meninas que me massagearam. Porém, estagiárias que eram, se limitaram a fazer um acarinhamento em minhas "batatas das pernas" (sim... é o termo antigo para panturrilhas). Nesses momentos, a gente precisa de uma "massagem" mesmo.


Alimentação
4.3 – O Ponto Forte da prova.
Foi realmente do "caraleo".
Em outros anos, era uma briga para conseguir um pedaço de pizza simples, de algo sólido, enfim.

Vou enumerar o que aproveitei neste ano:

1-      Ao entrar na tenda de alimentação, dei de cara com um carrinho de pipocas. Doce e salgada. Peguei logo um pacote de salgada. Imaginem, depois de um Ironman, o que isso representa para nós. Medalha o cacete... eu quero pipoca salgada... kkk

2-      Andando com o saco de pipocas salgadas, deparei com uma bandeja de... Hot Dogs... completos...Uhuuuuu!!!

3-      Mais um pouco à frente e... Ana Maria... hummmm... e mais à frente o que vejo???
Um argentino, com um copo de chopp na mão. E era o cara que chegou logo atrás de mim. Nós nos abraçamos, nos parabenizamos e...

- "¿Dónde usted consiguió esa cerveza?"
- "Allí, justo em el lobby".
- "Gracias".

Foram 2 copos de chopp muito bem saboreados. É um excelente repositor de energias... rsrsrs


5 – Amizades

Fizemos inúmeras, mais uma vez.
Pessoal hospedado na Pousada dos Chás.
Rodney e Edna, Fellipe Santos, grande Triathleta profissional, Rogério e Silvana, Carmen (já amiga antiga, que revimos), Steffen Lask, o alemão que meteu 9h22m e papou a categoria 50-54, entre muitos outros.

Ainda teve a visita estratégica, pós-prova, na Pousada onde o Vagnão (Vagner Bessa) ficou hospedado em que ficamos conversando por algumas horas. Um papo que, caso não estivéssemos tão cansados, certamente atravessaria a noite.


6 – Escala estratégica

O retorno foi sensacional, com uma estadia de 4 dias e 5 noites, na casa de meu irmão José Roberto, minha cunhada Lia e meu afilhado Junior, que nos recebem sempre com muito amor e carinho e nos fazem sentir realmente em nossa própria casa.
Simplesmente maravilhoso. Ainda mais com a confraternização com a família da Lia (nem vou citar nomes, porque é enorme) e com as novas amizades feitas, entre elas Giba e Maria.


7 – A volta

Bom a volta é um misto de contentamento, pressa, saudades, etc.
Agora, é um mês para colocar as coisas em ordem... kkkkk.
Descansar e voltar aos treinos para o Challenge de dezembro, lá mesmo, em Floripa.

E depois, planejar os desafios para o próximo ano.
A Bertioga-Maresias solo está na mira. Vamos ver.



Aloha !!!

3AV
Marco Cyrino


terça-feira, 6 de junho de 2017

Ironman Floripa 2017 - Relato de Prova


Da preparação necessária
Quando fiz meus primeiros 4 Ironmans em anos consecutivos (2009 a 2012), eu estava ainda trabalhando profissionalmente.

Depois desses 4 anos, decidi, junto com a Neuza, que seria mais saudável, em todos os sentidos, realizá-lo a cada 2 anos.

A preparação para um atleta amador do meu nível (isto não é um auto-elogio, ao contrário) exige em média meio ano de foco e dedicação.

Pulei 2013, fiz em 2014, pulei 2015 e fiz em 2016.
Tudo ia nos conformes, quando decidi fazer também em 2017, devido principalmente à mudança de categoria. Estreei na 60-64.

Outro fator que me fez decidir pela participação é que em 2016 eu estava muito bem preparado, mas, por conta do clima e de um vacilo meu, não consegui correr como planejado (vide Relato de Prova do IMBR 2016).

Falei eu pra mim:
- "Ah... dois anos seguidos com frio e chuva não vai acontecer."
Em 2013 e 2015, anos em que não participei, soube que o clima foi extremamente agradável.

Em 31/12/2015, havia me aposentado do trabalho profissional.
Logo, haveria maior disponibilidade de tempo para dedicar quase que integralmente à preparação.
Ledo engano.
Hoje, tenho mais compromissos do que tinha antes de me aposentar. Compromissos esses que variam em dias, horários, finais de semana, etc.
E isto é apenas uma constatação e não uma reclamação.
Considero-me afortunado pelos compromissos assumidos.

Este preâmbulo é para dizer que minha preparação não foi a ideal, porém, com toda a capacidade e competência do coach, Silvio Luiz Marques, o Silvão, além de seu comprometimento e entendimento para com os meus compromissos pessoais (isso para não falar sobre a relação de amizade), cheguei à semana da prova me sentindo o melhor possível para ela.

Também não posso deixar de expressar meus agradecimentos ao Dr. Lucas Jankauskas que, mesmo sem horários agendados, sempre me atendeu para manter o controle de minha saúde.

E também ao grande (grande mesmo) André (coach de musculação), pelo fortalecimento que foi feito anteriormente e que foi interrompido apenas pela minha indisponibilidade, mas, que ajudou enormemente, ao menos na prevenção de lesões.

Ao mestre Atef (Quiro e fisio) que, inclusive na véspera da viagem, me deixou em condições de lataria e funilaria de semi-novo.

Decidi me manter o máximo possível afastado dos ôba-ôbas pré-prova, das idas e vindas desnecessárias à Expo, das redes sociais e de tudo o mais que nos consome energia sem nos dar o devido retorno.
Recomendo fortemente isso a todos os futuros Ironmans.

Na quinta-feira à tarde consegui fazer um treino de natação (não o oficial), bastante útil para checar as condições do mar, tanto de correntezas quanto de temperatura. Esta última sempre fria nesta época do ano, porém não tanto quanto no ano passado.

Caraca! Acho que já tá na hora de falar sobre a prova em si.

Ah, não... Ainda tem o pré-prova... o bike check-in, etc.


Pré-prova
O kit deste ano foi exatamente como a situação econômica do país: pobre, para não dizer paupérrimo.

E já disse o que vem a seguir várias vezes...

Não creio que algum Triathleta faça qualquer prova em busca de um kit cheio de "agrados". Mas eles, os "agrados", demonstram um pouco da consideração que a organização tem para com os atletas. Mas, definitivamente, isso não é o mais importante.

Neste ano, a organização acertou em cheio na questão de deixar as tatuagens no kit, para que as aplicássemos sozinhos. Ano passado, houve uma perda enorme de tempo com a aplicação dessas tatoos durante o bike check-in. Esse processo durou mais de uma hora.

Acertaram também na distribuição gratuita de capas de bikes (evidentemente do patrocinador máster).
Como chovia durante todo o sábado, a transição ficou linda... um mar de capas brancas patrocinadas. Pelo menos não eram Tabajaras. Também não eram daquelas que você faz questão de guardar.

Noite de sábado para domingo muito chuvosa. E ventosa também.
4h da manhã e... acordado...
Acordaesfregaosolhosbocejalevantabocejalavaacarabocejadescepratomarcafébocejasobepra... sevestebocejaarrumatodaastralhasbocejacolocaochipdescee.....
Ufa...bóra !!! (bocejos)

Cheganatransiçãoentranatransiçãotiraacapadabikecolocaastralhasnolugaracabadesearrumare...
Ufa...bóra pra largada !!! (bocejos)

Chove a cântaros.
Sempre ouvi essa frase e, desta vez, pude entender o mais profundo significado dela.

Achei que deveria ter entrado no mar antes da largada, para aquecer, mas, novamente não tive coragem. Frio, chuva, escuridão.
Largada dos profissionais às 6h45m.
A minha às 7h15m.
Meia hora esperando molhado? Preferi sofrer apenas uma vez.

LARGOU !!!


Natação
Consegui colocar meus conselhos em prática. E é raro isso. Sou bom para aconselhar e péssimo para seguir meus próprios conselhos.

Entrei no mar bem devagar... dei alguns mergulhos... deixei entrar água fria na roupa... comecei a nadar em ritmo de cruzeiro.
O mar estava bem tranqüilo. Não ventava. Embora a chuva continuasse, a visibilidade desta vez não estava ruim. A temperatura da água tampouco.

Saí do mar com ótimos 1h15m.
Estava prevendo algo em torno de 1h25m.
Quase chegando à primeira bóia, um cardume da largada posterior me atropelou. Literalmente. A ponto de algum atleta passar por cima de mim abrindo o velcro da nuca da roupa de borracha.
Ela estava certinha. Sem machucar. Tive que fechar o velcro de qualquer jeito e continuar. Ganhei uma assadura, queimadura, machucado monstro na nuca. Mas, tá valendo.

Um aparte...
Ainda penso que a largada sem ser em ondas é melhor.
Em cada bloco de atletas existem os nadadores, os intermediários e os não nadadores.

Na largada coletiva, é uma pancadaria apenas nos 200, ou no máximo primeiros 300 metros.
Depois, cada um vai achando seu espaço e a coisa vai fluindo.
Aliás, a etapa em água é realmente para fluir.

Na largada em ondas, os nadadores de cada largada posterior vão atropelando os não nadadores e os intermediários o tempo todo.
E isso causa um desconforto enorme para esses dois tipos de atletas. Para não falar de riscos. Os nadadores pegam no pé (literalmente, novamente), passam por cima, dão porrada, enfim... não respeitam os demais.

Senti isso na pele, mas, foi apenas uma vez. E isso me aporrinhou bastante. Imagino os demais.
Ultrapassei muitos não nadadores que largaram antes, porém sempre tendo o cuidado de não prejudicá-los.
Como comecei minha natação muito leve, acabei ultrapassando durante o percurso vários atletas que largaram junto comigo.

Vi uma atleta ser praticamente afogada por um atleta que largou depois e que ainda gritou pra ela:
- "Sai da frente, caraleo !!!".
Bom, me enganei... isso não é atleta. É apenas um serumanu metido a fodão.
Xápralá.


Na corrida pela areia, no meio da natação, vi outra cena hilária.
Eu, como já disse, me programei para fazer tudo, o tempo todo, tranquilamente.
Saí do mar caminhando, tirei o gel que levei na manga da roupa, ingeri, dei um trote até a hidratação, peguei água para dar uns goles antes da segunda perna da natação, quando vejo, ou melhor, ouço, um outro "atleta", atrás, dando um Sprint de Bolt, derrubando tudo e todos, gritando o famigerado "SAI DA FRENTE CARALEO", pegando  água e... jogando na cabeça... com touca de natação e tudo. Acho que ele já estava na etapa da corrida... rsrsrs.

Gritei pra ele:
- "Calma...a vaga já é tua !!!".

Ouvi algumas risadas da galera (mas, juro, essa não era minha intenção).
Aí, o cara olha pra trás, provavelmente na intenção de me xingar e... pá... tropeça em algo (creio que no ego) e... puf! Cara na areia.
Levanta, sacode a poeira (ou areia) e dá a volta por cima.
Foi-se... Que ele não leia este relato. Ou que leia.


Minha 2ª perna de natação foi idêntica à 1ª. Muito boa.


Transição 1
Uma demora tipo inacreditável... 20 e poucos (ou muitos) minutos.
A média, pelo que vi, são 11 minutos.

Mas, me precavi muito devido aos problemas do ano passado.
180 km de pedal, com chuva. Pneus jogando água de chuva com resíduos dentro da sapatilha... teus pés com meias molhadas pressionando o pedal muito mais para baixo do que puxando-os... pele da sola (mesmo que cascão como a minha) ficando mole... bolhas aparecendo...

Ah... que nada!
Perdi muito tempo, e não me arrependo, passando bastante creme nos dois pés inteiros.
Perdi tempo também para colocar a roupa de pedal, organizar a alimentação nos bolsos, etc.
Mas, acho que, na verdade, ganhei tempo.
Se não tivesse feito tudo isso, iria me funhanhar no resto da prova.


Ciclismo
""Tá chuvendu aí ?
Aqui tá chuvendu...
Chuveu a noite inteira e continua chuvendu.""

Esse áudio ficou famoso nas redes sociais.

E no ciclismo eu pensava nele o tempo todo... rsrsrs

Fiz o ciclismo dentro daquilo que treinei.

Porém, a chuva... ah, essa chuva... me deixou travado... porque descer as serrinhas de Floripa a 60 kmh, com água na pista... sem ver onde havia buracos (e havia muitos)... travado no guidão a ponto de ele tremer...

Eu começava a frear no começo das descidas... aí, via os caras me passando como se eu estivesse parado. Deixava embalar um pouco e freava quando começava a passar dos 45 km/h.
E quem disse que a porra da bike diminuía a velocidade? Ia de 45 para 50, 55, 57... até o momento em que eu nem encostava no freio. Tinha a nítida impressão que um toquinho nele seria chão.
Em algumas descidas, eu jurava que não estava no controle da bike. Que estava aquaplanando.

A boa notícia é que finalmente acho que me alimentei e hidratei adequadamente. Porque, marinheiro de sétima viagem que sou, não havia acertado em nenhum treino longão.

Finalizei o pedal com 6h34m (acho) honestamente cumpridos.
Sim... HONESTAMENTE CUMPRIDOS.
Até porque alguém que não faça o pedal honestamente, com a cara no vento, durante 180 km, irá ter um tempo pior.
Vi muitos pelotões, pelotes e pelotinhos me ultrapassarem e, juro, dá uma vontade danada de acompanhar... mesmo que numa distância digamos, regulamentar.
No plano, eu pedalo numa velocidade de Iron de 34 a 36 km/h.
Pelotes me ultrapassando a 40, 40 e poucos km/h, seria bico acompanhar de roda.
Mas o que eu ganho com isso?
Inflar artificialmente o meu ego. Apenas isso.

Nada como um pedal honesto.


Transição 2
Nada de anormal.
Essa eu fiz em aproximadamente 11 minutos, quando a média é de 6 minutos. E também não me arrependo. Segui todo o protocolo que havia planejado, principalmente os cuidados com os pés.
Ainda tomei meia garrafinha de Pedialite (soro), antes de sair para correr.
Também recomendo fortemente.


Corrida
Embora tenha feito uma etapa de ciclismo bastante cautelosa, saí para correr com as pernas totalmente travadas.

Disse o Silvão, em termos um pouco mais técnicos, que foi algo como "contratura não sei o que, devida às descidas de bike".
Concordei e concordo. Sentia meus anteriores das coxas queimarem nessas descidas.
Pura tensão.
Mas resumo isso como cagaço mesmo.

Este ano estava também confiante em minha corrida. Não tanto quanto no ano passado, mas estava.
Daí, todos os cuidados com os pés e toda a concentração e conseqüente "perda" de tempo nas transições.

Os primeiros 10 km da perna longa de corrida fiz na base da sofrência.
FC baixa, vontade de correr, mas quem diz que as pernas respondem?

Aí, plano B em ação. Passar pela sétima vez o pórtico de chegada, sem pensar em record pessoal, tempo de prova, classificação y otras cositas más.

Dores nos anteriores das coxas e, talvez, por isso mesmo começaram dores na lateral externa do joelho direito.
Continuei na base do "vai passar". E não é que foi passando?

Aos poucos... bem aos poucos mesmo... fui pegando o jeitão da corrida.
Cheguei ao cantinho da depressão (aquela subidinha do retorno da corrida na estrada) me sentindo melhor do que quando comecei a correr.

Fechei os 21 km já melhor e comecei as duas voltas finais me sentindo cada vez mais solto.

Não dei mole para alimentação, suplementação e hidratação, embora isso exija um certo foco no que estamos fazendo e, naquelas horas, eu queria mais era usufruir de mais um Iron, confraternizar com atletas de qualquer faixa etária que estivessem próximos, com os staffs e até com as poças d'água pelo caminho.

Quando iniciei a última volta de 11 km, já tinha certeza de que esse Iron não seria o melhor, mas seria o que eu terminaria melhor.
E assim foi.

Imagino o que os ETs, que fazem essa prova em tempos de 10 horas para baixo, pensam quando nos ultrapassam na corrida, fechando suas provas enquanto ainda vamos para mais 2 voltas de 10 e 11 km respectivamente.

Faço umas propostas indecorosas a eles querendo comprar uma pulseira... mas, ninguém me dá bola...rsrsrs

Boas lições
Fiquei orgulhoso por um atleta que alcancei, perto do meu km 14, e ele foi me acompanhando, e eu a ele... Só que ele já estava com as 2 pulseiras... iria fechar a prova... e eu sem nenhuma... iria completar minha primeira volta.
Ficamos um puxando o outro e conversando...
Como sempre falo, não há competição desse tipo em que não tiramos lições de vida.
Eu, brincando com ele, dizia que daria tudo para estar no lugar dele... já completando a prova... E ele dizendo que queria muito estar no meu lugar, com a minha idade.
Parece sacanagem... que estou velho... mas me senti muito orgulhoso... o cara é da categoria 25-29... Poderia ser o pai dele... ou, nos tempos de hoje, até mesmo o avô... kkk
Completamos a minha volta (e a de encerramento dele) juntos... Dei os parabéns a ele e ele a mim.


Minha última volta foi só alegria... em todos os postos de hidratação brincava com o pessoal... pedia um chopp... uma caipirinha... lógico que só na farra... ou não... kkk


Chegada
Em meus 6 Irons anteriores, na reta de chegada, chorava como uma criança.
Neste ano, chorei novamente, mas não como nos anos anteriores. Era meio um choro incontido e contido ao mesmo tempo... de agradecimento, por estar tão bem de saúde, tão bem acompanhado física e espiritualmente, enfim...

Nos últimos 100 m, diminuí bem a passada para curtir os parabéns de gente que nunca vi na vida, de gente do bem, que torce por você sem te conhecer, de atletas que já terminaram há algumas horas e, ainda doloridos que estão (pois ninguém termina um Iron sem dores), largam suas tralhas nas mãos de alguém e te acompanham por alguns metros te incentivando... Esse, para mim, é o verdadeiro espírito Ironman... é o verdadeiro espírito ALOHA.

Terminei bem, a ponto de, ao ultrapassar o pórtico de chegada, dar uma comemoração tipo Pelé... saltando e socando o ar.

O tempo... não foi meu record, tampouco o idealizado e tampouco o importante.

O importante foi a somatória das coisas.

Muito feliz.


Agradecimentos
Agora os agradecimentos mais importantes.
Sem menosprezar os anteriores.
Em primeiríssimo lugar, ao nosso Pai Oxalá. A todos os meus Orixás. Meu Anjo de Guarda e seus Guardiões.
Minha mulher, esposa, amiga e incentivadora Neuza.
Minha família, Fredão... meu irmão mais "antigo", conselheiro, meteorologista, editor e cúmplice.
Meu irmão Zé Roberto que, além de torcedor ferrenho, nos acolhe em sua casa em Jaraguá do Sul-SC, como se fosse nossa própria casa.
Minha irmã Fátima, que sempre emana suas melhores energias e, finalmente, a todos os familiares da Neuzita (não vou citar porque vou deixar alguém de fora) que, com sua torcida, orações, etc., fazem com que tudo sempre dê certo.
E se não deu certo é porque não acabou.

Agradecimentos imensos também a todos os amigos novos, que nem imaginava que estavam acompanhando e, mais ainda àqueles antigos (tipo Denilson, Márcio e Clévio), que mandaram boas energias e ainda me cumprimentaram após a prova.

Vocês todos são PHODA !!!

Sei que deixei de falar sobre algo ou agradecer a alguém... mas...


ALOHA!
E as inscrições para 2018 abrem dia 14/06/2017 às 11:00AM.
Eu tô fora. Ou não... kkk


3AV
Marco Cyrino