Independendo das suas causas, bem como das opções
políticas, religiosas e ideológicas dos leitores, é inegável que o nosso país
atravessa, infelizmente, uma crise econômica, institucional, moral.
O fato é que tudo isto nos prejudica (presente),
nos preocupa (futuro), abate de certa forma o nosso ânimo (potencial), consome
de nós mais energia física, mental e espiritual do que deveríamos despender
para tocar a vida normalmente.
Pausa...
Pensemos um pouco em algum
daqueles momentos desfavoráveis enfrentados durante uma prova, quer seja em
Triathlon de curta, média ou longa distância, quer seja em qualquer outra
modalidade como Maratona, Biathlon, Aquathlon etc.
Pode ser aquele momento em
que se manifestam os efeitos de uma lesão, ou de um erro de nutrição, ou de
estratégia geral, ou da impossibilidade de haver treinado adequadamente como
desejávamos.
Percebemos então que, a
partir daquele ponto, teremos de nos esforçar muito mais para chegar bem ou,
quem sabe, até mesmo para completar o percurso.
Consultamos mentalmente as perspectivas
do percurso à frente, as nossas reservas de energia, as nossas dores e
limitações atuais, o nosso estado físico e mental, o nosso desempenho anterior
em provas similares e, finalmente, mobilizamos aquele algo imponderável que
sempre nos moveu, nos piores e melhores momentos: o espírito atlético.
É esse espírito, enraizado
em nossa vontade de realizar, que impulsiona nossa determinação e nosso desejo
de superação (sempre estas mesmas valiosas palavras: determinação e superação),
não somente no esporte, mas em todas as áreas da vida.
E ele sempre nos mobiliza forças
e resistências (físicas, mentais, espirituais) superiores àquelas que
imaginávamos ter, ativando aquela voz interna a repetir "eu vou conseguir"
e reavivando o nosso ânimo, à medida que, metro a metro, o duro percurso vai
ficando para trás.
Conectando os temas...
Podemos, por analogia, encarar
da mesma maneira este período de crise, como um longo momento desfavorável,
enfrentado em meio a uma longa prova.
Já avaliamos as perspectivas
do percurso à frente, as nossas reservas de energia, as nossas dores e
limitações atuais, o nosso estado físico e mental, o nosso desempenho anterior
em situações similares.
Sabemos que será uma etapa difícil.
Eventualmente, podemos atravessá-la
apenas sofrendo.
Ou podemos atravessá-la evocando
nosso espírito atlético, mobilizando forças e resistências superiores àquelas
que imaginávamos ter, arrancando de cada dificuldade o prazer de vê-la
superada.
Mais
do que isto, assim como no esporte, podemos compartilhar aquela nossa voz
interna a repetir "eu vou conseguir", simplesmente repetindo
"você vai conseguir" para quaisquer outros atletas meio abatidos com
que venhamos a cruzar durante "esta prova", levando-os à condição de
também serem capazes de estimular os demais.
A sinergia é muito poderosa
e, quando olhamos para as dificuldades alheias, as nossas nos parecem menores.
Alfredo Cyrino
Editor - 3AV