Passadas décadas, desde o final da Poli, foi bom
rever um fragmento do campus da USP.
Meu apurado senso de orientação exigiu usar o GPS
(minha esposa, Jussara), tanto para chegar ao CEPEUSP quanto para, ao final, reencontrar o
carro no estacionamento.
Há tanto tempo na editoria do 3AV, publicando
Relatos de Provas, valeu a pena sair de casa com 12 a 13 graus de temperatura
ambiente (Zona Oeste de Sampa), para presenciar o meu Iron Mano em ação, e vivenciar
o ambiente de uma prova de Triathlon bem organizada.
Confuso
Logo de início, caminhando
rumo à Raia Olímpica, chegando para a largada marcada para 08h40, começamos a
ver atletas entrando na área de transição, onde estavam as bikes, saindo para
pedalar, outros já zunindo no pedal.
Não entendi a coisa, até
descobrir que já estava em andamento a prova de Short Triathlon, cuidadosamente
sincronizada com as largadas (Pro e Amadores) da prova de Triathlon Olímpico.
Embora procurando captar o máximo
possível da prova, o timing deste
relato está relativamente vinculado ao acompanhamento da prova do Marcão.
Largada
Well, apertamos o passo para
presenciar a largada dos Amadores.
Chegamos à raia quando
alguns atletas terminavam de "provar" a água (que, pelos meus cálculos,
deveria estar a uma temperatura de 7 a 9
graus Celsius) e corriam para área de largada.
Largaram com um ânimo
inacreditável para quem imagina o que seja estar imerso naquela água de
geladeira.
Familiares, amigos e afins,
todos entusiasmados, incentivando, filmando e fotografando, mesmo de contraluz,
com o Sol incidindo nas lentes...
Importava, isto sim,
registrar o momento e estimular os atletas.
Natação
Assistimos à saída dos Pros
para a transição natação - pedal (tudo muito bem sincronizado) e às 2 voltas dos
Amadores, na Raia Olímpica (percurso total de 1500 m).
Na passagem da 1ª para a 2ª
volta, já havia distâncias definidas entre certos grupos de nadadores e entre
nadadores isolados, o que não afetava a disposição de alguns atletas que, a
partir dali começavam a imprimir mais ritmo à sua natação.
Do que pude observar, mesmo
em alguns grupamentos mais densos, prevalecia o fair-play.
Ainda, começava a se
evidenciar a determinação que move um
Triathleta...
Um(a) atleta isolado(a),
muito atrás de todos os demais competidores, mantendo um ritmo lento, a
distância para os demais aparentemente aumentando, mas, o ritmo das braçadas
persistia.
O Marcão já saía da água,
quando esse(a) atleta estava chegando à bóia, lá na extremidade oposta do percurso.
Ciclismo
Muitos atletas saiam da raia
aparentemente tontos, o que certamente se agravava devido à temperatura da
água.
Além da avaria no
giroscópio, notava-se também aquele pisar "chapado", de pernas que se
recusam a obedecer.
Recusam? Que nada!
Triathleta de verdade chega
à transição, mesmo que seja engatinhando.
A partir da saída para o
Ciclismo, passamos a circular um pouco, observando tudo.
Depois, acompanhando a Neuza
(Iron Wife) e o Silvão, caminhamos para pontos estratégicos em que poderíamos
ver as passagens de bike (4 voltas totalizando 40 km).
Meu coração de engenheiro se
preocupou bastante com os ruídos de algumas bikes que eu desmontaria e
ajustaria de bom grado (não, não era o som normal das rodas fechadas, nem de
pneus com sobrepressão, mas uma vibração e um "arranhado" que só
algumas apresentavam).
Ainda, duas incursões de
ambulâncias pela contramão dos ciclistas (como provavelmente deve estar
prescrito no regulamento da prova), mas causando grande preocupação devido à
ausência de cones de delimitação (na reta em que estávamos, antes da transição)
e inclusive pela presença de ciclistas não atletas, alheios à prova e ao
regulamento (pudemos ver um "bonézinho" pedalando placidamente, e
depois uma família, dois adultos e uma criança).
Corrida
Novamente atletas chegando /
saindo da transição com o incentivo de parentes, amigos, treinadores etc.
Alguns informando, aos
brados, a quantos minutos se encontrava o competidor à frente, sem faltar o
clássico "vai firme, vai que dá pra alcançar".
Durante a transição, atletas
levando as suas bikes "na mão" e procurando correr com pernas que
insistiam em ainda pedalar.
Insistiam? Que nada!
Triathleta de verdade chega
à transição, mesmo que seja pedalando em falso.
Na etapa de corrida é que podemos
observar melhor determinados aspectos dos atletas.
Habituado aos tempos dos
treinos do Marcão, fiz meus cálculos de tempos para a prova, em cada uma das
modalidades, errando por bem pouco.
Praticamente acertei o tempo
da chegada para a 2ª volta de corrida.
Porém, uma (quase)
surpresa... ele chegou mancando feio... uma conhecida lesão na coxa esquerda,
quase curada pouco tempo antes desta prova, mas com boa probabilidade de se
manifestar num Triathlon Olímpico realizado sob clima razoavelmente frio.
Quando observei a dinâmica
da passada (?), pensei "pode ser contratura, mas tem jeito de distensão:
ferrou!"
Ferrou? Que nada!
Triathleta de verdade faz a
volta final, mesmo que seja saltitando como saci.
E assim foi... e assim ele
foi para a segunda volta.
Refiz meus cálculos, dando
os devidos descontos... um tempo alto e um tempo otimista.
Comentei esses cálculos com
a Jussara e com a Neuza.
Fiquei surpreso porque ele
veio para a chegada, bem próximo do tempo baixo recalculado.
Não importa qual foi o
tempo, mas soltei um "Dá-lhe Marcão! Venceu a dor!"
E assim é... mesmo o mais
circunspecto irmão se entusiasma...
Geral
Como mencionei antes...
Na etapa de corrida é que
podemos observar melhor determinados aspectos dos atletas.
Nessa fase, já cumpridas
duas etapas extenuantes, revelam-se as condições atléticas (na prova que se
observa, claro) e, freqüentemente, os erros e acertos de estratégia.
Além, obviamente, daqueles
que passaram ainda "lépidos", pude observar atletas cujo estado
físico parecia próximo (talvez além) do limite de exaustão, e que rumavam ainda
para a derradeira volta (2 voltas de 5 km cada).
Esses mesmos atletas, e
outros que não havíamos notado, vinham depois para a chegada transpirando uma luta
entre dois elementos físicos - (distância
ainda a percorrer + condição física) e um elemento
abstrato denominado determinação, algo que resulta da decisão de fazer e concluir uma prova de Triathlon.
Quando íamos embora, já
ocorrida a premiação, cruzamos ainda com dois desses exemplos, "correndo
lentamente" na reta que leva ao pórtico que representaria sua vitória
contra tudo o que "tentou demovê-los" naquele dia.
Finalmente
Devido a compromissos de
ultima hora, Marcão e Neuza precisaram cancelar a visita que fariam à nossa
casa.
Assim, o troféu de 2º
Colocado na Categoria ficou sob minha custódia, podendo ser resgatado quando e
somente quando tal visita se concretizar.
Parabéns a todos os que tornam possíveis eventos
como esse, de competição, superação, confraternização - organizadores, atletas,
familiares, amigos e afins.
Editor 3AV
Alfredo Cyrino