terça-feira, 30 de junho de 2015

Troféu Brasil 3ª Etapa - USP São Paulo - Relato do Editor



Passadas décadas, desde o final da Poli, foi bom rever um fragmento do campus da USP.

Meu apurado senso de orientação exigiu usar o GPS (minha esposa, Jussara), tanto para chegar ao CEPEUSP quanto para, ao final, reencontrar o carro no estacionamento.

Há tanto tempo na editoria do 3AV, publicando Relatos de Provas, valeu a pena sair de casa com 12 a 13 graus de temperatura ambiente (Zona Oeste de Sampa), para presenciar o meu Iron Mano em ação, e vivenciar o ambiente de uma prova de Triathlon bem organizada.

Confuso
Logo de início, caminhando rumo à Raia Olímpica, chegando para a largada marcada para 08h40, começamos a ver atletas entrando na área de transição, onde estavam as bikes, saindo para pedalar, outros já zunindo no pedal.

Não entendi a coisa, até descobrir que já estava em andamento a prova de Short Triathlon, cuidadosamente sincronizada com as largadas (Pro e Amadores) da prova de Triathlon Olímpico.


Embora procurando captar o máximo possível da prova, o timing deste relato está relativamente vinculado ao acompanhamento da prova do Marcão.


Largada
Well, apertamos o passo para presenciar a largada dos Amadores.
Chegamos à raia quando alguns atletas terminavam de "provar" a água (que, pelos meus cálculos,  deveria estar a uma temperatura de 7 a 9 graus Celsius) e corriam para área de largada.

Largaram com um ânimo inacreditável para quem imagina o que seja estar imerso naquela água de geladeira.

Familiares, amigos e afins, todos entusiasmados, incentivando, filmando e fotografando, mesmo de contraluz, com o Sol incidindo nas lentes...

Importava, isto sim, registrar o momento e estimular os atletas.

Natação
Assistimos à saída dos Pros para a transição natação - pedal (tudo muito bem sincronizado) e às 2 voltas dos Amadores, na Raia Olímpica (percurso total de 1500 m).

Na passagem da 1ª para a 2ª volta, já havia distâncias definidas entre certos grupos de nadadores e entre nadadores isolados, o que não afetava a disposição de alguns atletas que, a partir dali começavam a imprimir mais ritmo à sua natação.

Do que pude observar, mesmo em alguns grupamentos mais densos, prevalecia o fair-play.

Ainda, começava a se evidenciar a determinação que move um Triathleta...
Um(a) atleta isolado(a), muito atrás de todos os demais competidores, mantendo um ritmo lento, a distância para os demais aparentemente aumentando, mas, o ritmo das braçadas persistia.
O Marcão já saía da água, quando esse(a) atleta estava chegando à bóia, lá na extremidade oposta do percurso.

Ciclismo
Muitos atletas saiam da raia aparentemente tontos, o que certamente se agravava devido à temperatura da água.
Além da avaria no giroscópio, notava-se também aquele pisar "chapado", de pernas que se recusam a obedecer.

Recusam?  Que nada!
Triathleta de verdade chega à transição, mesmo que seja engatinhando.

A partir da saída para o Ciclismo, passamos a circular um pouco, observando tudo.
Depois, acompanhando a Neuza (Iron Wife) e o Silvão, caminhamos para pontos estratégicos em que poderíamos ver as passagens de bike (4 voltas totalizando 40 km).

Meu coração de engenheiro se preocupou bastante com os ruídos de algumas bikes que eu desmontaria e ajustaria de bom grado (não, não era o som normal das rodas fechadas, nem de pneus com sobrepressão, mas uma vibração e um "arranhado" que só algumas apresentavam).

Ainda, duas incursões de ambulâncias pela contramão dos ciclistas (como provavelmente deve estar prescrito no regulamento da prova), mas causando grande preocupação devido à ausência de cones de delimitação (na reta em que estávamos, antes da transição) e inclusive pela presença de ciclistas não atletas, alheios à prova e ao regulamento (pudemos ver um "bonézinho" pedalando placidamente, e depois uma família, dois adultos e uma criança).

Corrida
Novamente atletas chegando / saindo da transição com o incentivo de parentes, amigos, treinadores etc.

Alguns informando, aos brados, a quantos minutos se encontrava o competidor à frente, sem faltar o clássico "vai firme, vai que dá pra alcançar".

Durante a transição, atletas levando as suas bikes "na mão" e procurando correr com pernas que insistiam em ainda pedalar.

Insistiam? Que nada!
Triathleta de verdade chega à transição, mesmo que seja pedalando em falso.

Na etapa de corrida é que podemos observar melhor determinados aspectos dos atletas.

Habituado aos tempos dos treinos do Marcão, fiz meus cálculos de tempos para a prova, em cada uma das modalidades, errando por bem pouco.

Praticamente acertei o tempo da chegada para a 2ª volta de corrida.
Porém, uma (quase) surpresa... ele chegou mancando feio... uma conhecida lesão na coxa esquerda, quase curada pouco tempo antes desta prova, mas com boa probabilidade de se manifestar num Triathlon Olímpico realizado sob clima razoavelmente frio.

Quando observei a dinâmica da passada (?), pensei "pode ser contratura, mas tem jeito de distensão: ferrou!"

Ferrou? Que nada!
Triathleta de verdade faz a volta final, mesmo que seja saltitando como saci.

E assim foi... e assim ele foi para a segunda volta.

Refiz meus cálculos, dando os devidos descontos... um tempo alto e um tempo otimista.
Comentei esses cálculos com a Jussara e com a Neuza.
Fiquei surpreso porque ele veio para a chegada, bem próximo do tempo baixo recalculado.

Não importa qual foi o tempo, mas soltei um "Dá-lhe Marcão! Venceu a dor!"

E assim é... mesmo o mais circunspecto irmão se entusiasma...


Geral
Como mencionei antes...
Na etapa de corrida é que podemos observar melhor determinados aspectos dos atletas.

Nessa fase, já cumpridas duas etapas extenuantes, revelam-se as condições atléticas (na prova que se observa, claro) e, freqüentemente, os erros e acertos de estratégia.

Além, obviamente, daqueles que passaram ainda "lépidos", pude observar atletas cujo estado físico parecia próximo (talvez além) do limite de exaustão, e que rumavam ainda para a derradeira volta (2 voltas de 5 km cada).

Esses mesmos atletas, e outros que não havíamos notado, vinham depois para a chegada transpirando uma luta entre dois elementos físicos - (distância ainda a percorrer + condição física) e um elemento abstrato denominado determinação, algo que resulta da decisão de fazer e concluir uma prova de Triathlon.

Quando íamos embora, já ocorrida a premiação, cruzamos ainda com dois desses exemplos, "correndo lentamente" na reta que leva ao pórtico que representaria sua vitória contra tudo o que "tentou demovê-los" naquele dia.


Finalmente
Devido a compromissos de ultima hora, Marcão e Neuza precisaram cancelar a visita que fariam à nossa casa.
Assim, o troféu de 2º Colocado na Categoria ficou sob minha custódia, podendo ser resgatado quando e somente quando tal visita se concretizar.


Parabéns a todos os que tornam possíveis eventos como esse, de competição, superação, confraternização - organizadores, atletas, familiares, amigos e afins.

Editor 3AV
Alfredo Cyrino


quarta-feira, 17 de junho de 2015

Ironman Brasil - Florianópolis 2016 - Inscrições


Abertura de inscrições: 24/06/2015 – 10:00h – horário de Brasília.

Prova: 29/05/2016



3AV
Marco Cyrino


sábado, 13 de junho de 2015

75 km Bertioga - Maresias 2015 - Relato de prova

Aproveitando o clima de "corrida" dos últimos posts, afortunadamente recebemos via "Publique" o relato dos 75 km Bertioga - Maresias, do atleta e amigo Ícaro Castello Branco, que fez a prova SOLO.

Conheci-o quando participou do (70.3) Rústico que o Silvão realizou aqui em Santos.

Coincidentemente, também, essa prova Bertioga - Maresias é uma daquelas que está em meus planos fazer... SOLO também, como ele.

Fica o nosso agradecimento pela valiosa contribuição do amigo Ícaro.
Agora, divirtam-se, curtam, emocionem-se, enfim...

O limite é você quem faz
75 km Maratona de revezamento Bertioga - Maresias 2015 --- SOLO

Por Ícaro Castello Branco

Tudo começou há exatos três anos atrás, quando fiz minha primeira maratona em São Paulo capital, e meses depois a etapa da maratona de revezamento 75 km Bertioga – Maresias daquele ano. Já participava desta prova com a nossa “equipe latinha” um grupo de 6 amigos corredores, por pelo menos sete oportunidades. Porém neste ano, despertou a vontade em me aventurar nesta prova, como solo, e tentar desafiar a montanha, a temida serra de maresias.

Já havia subido a serra em três oportunidades, mas nunca depois de correr 65 km. Por sinal, esta era minha principal dúvida. Seria possível correr a serra inteira sem parar, depois de percorrer 65 km de praia, asfalto, areia dura, areia fofa, trilhas, lama, riachos com água até o joelho?

Ano de 2015, chegou a hora. Perguntei para minha esposa: -“se eu fizer uma loucura você me apoia?” Como a maioria das pessoas respondiam a este questionamento ao longo destes meses de preparação, as palavras dela não poderiam ser diferentes: -você é louco? 75 km correndo? Meu deus do céu, você só pode estar brincando! Mas se é seu sonho, seu objetivo, está apoiado.

Não sou nenhum maluco imaturo para encarar esta prova sem no mínimo três meses de treinos específicos para ela, e foi o que fiz. Treinei todos os dias da semana com apenas um dia de descanso semanal, musculação duas a três vezes por semana, muitos treinos em rampa e esteira inclinada, muitos treinos longos solitários, treinava debaixo de chuva, abdiquei da minha família, dos passeios nos finais de semana; mas valeu a pena, estava preparado. Minha intenção na realidade, era de terminar a prova bem, e se possível, tentar fazer abaixo de 8 horas. Prometi para minha mãe e minha esposa que se não me sentisse bem iria parar e desistir.

Tudo pronto mochila de hidratação, sanduiches, barras de proteína, gel, advil para emergência, sal, isopor com isotônico, água de coco, e cerveja para o brinde final se tudo corresse bem.

Minha esposa Priscila iria me encontra com o carro de apoio estrategicamente nos PC3, PC5 e PC7 suprindo a bike com alimentos e bebidas e levando tênis de troca para o trecho após o rio. Pedrinho, meu apoio de bike, só iria começar a me acompanhar após o PC3 (23 km) de prova.


Largamos pontualmente às 6:00 h da manhã, muito escuro, mas com um início de amanhecer meio rosa alaranjado, uma mistura de nuvens brancas claras com o azul, maravilhoso.


Eu estava ali, como mero coadjuvante da prova, logo imprimi meu ritmo planejado e que iria cumprir durante toda a prova, que era de 5’20”- 5’30” por km. Logo no início uns 25 a 30 corredores sumiram no horizonte, imprimindo um ritmo forte, mesmo porque o primeiro trecho de 10,8 km é uma praia reta (Indaiá) que parece que não acaba nunca.

Chegando ao primeiro PC, a galera começou a aplaudir, muitos gritos de incentivo, vai lá guerreiro, força, show, confesso que achei aquilo tudo muito novo e diferente, me achei importante e fiquei feliz e grato. Mas somente no final da prova entenderia o sentido exato desta manifestação de apoio.

Continuei em frente no meu ritmo e curtindo, aproveitando muito a prova, o trajeto é lindo a natureza é explicita, o ar é puro, e deus é presente em cada centímetro do percurso, impressionante.

Passei pela Riviera de São Lourenço, PC2 e pelo trecho de mata em que tem um riacho com a água até o joelho, que para minha surpresa estava seco desta vez, mas de qualquer forma o tênis estava encharcado, pois havia vários córregos que deságuam na praia, pelo caminho. Chegando ao PC3 encontrei minha amada esposa, e meu fiel escudeiro Pedrinho pronto com sua bike, troquei o tênis molhado, reabasteci a mochila de hidratação com água, comi um sanduiche já correndo e fomos embora.


Passamos pelo condomínio de Guaratuba e agora entraríamos em um trecho que marca a metade da prova, é um trecho que testa o seu lado psicológico, são 14 km intermináveis, que sai de Guaratuba até a Juréia é muito longo e deprimente. Deu tudo certo.


Agora é que começam as subidas, curvas, areia fofa , foram mais 9,7 km até o PC6 em Juquey, encontrei minha esposa comi umas batatas cozidas, mas perdi meu apoio de bike pois na areia fofa acabou ficando para trás e iria me alcançar somente no trecho seguinte rumo a Cambury.


Uma subida muito íngreme se apresenta no inicio deste trecho e em seguida uma descida do mesmo porte, para depois começar uma reta de asfalto interminável. Eis que surge Pedrinho, e me informa que todos comentaram que eu estava entre os 10 primeiro colocados na prova de solo, juro que fiquei surpreendido e disse que ele estava equivocado, pois mesmo passando por vários concorrentes com problemas físicos, seria impossível tal colocação, mas prossegui com minha intenção na prova que era só completar bem. Agora só faltavam pouco mais de 18 km para finalizar a prova, e eu estava me sentindo bem e conseguindo manter o ritmo determinado desde o inicio da prova, já estava satisfeito, e no lucro.

Continuava passando pelos PCs e  o pessoal aplaudia, gritava e incentivava,  todos os corredores do revezamento que passavam por mim desejavam força e boa prova, era o que ia me empurrando e impulsionando na prova.


Cheguei ao PC7 em Cambury, quando minha esposa me viu não acreditou, pois em vez de eu ficar mais lento e cansado,  eu estava passando mais rápido e inteiro, e agora só faltavam mais 10,9 km para o final da prova e chegada a Maresias. Achei prudente o Pedrinho a partir de agora colocar a Bike no carro e seguir para a chegada em Maresias, pois sabia das dificuldades da serra e ele pouco poderia fazer por mim lá em cima. Que nem falei no começo deste relato da temida serra de Maresias, respeite a serra, pois ela não poupa ninguém, é cruel e implacável. Dizem: “Lá nas suas subidas e curvas, é onde a criança chora e a mãe não vê”.

Estava bem física e emocionalmente, e diferente da maioria dos corredores eu adoro subidas e me divirto nelas, e treinei muito para este momento. No começo tem um ponto de água oficial da prova e o staff muito simpático ao me entregar água disse: -você está bem, tem um corredor à sua frente que está com a língua de fora, e  se você se manter assim pega ele fácil, além do que você é o quinto ou sexto colocado da prova solo”. O que? Eu praticamente parei de correr e voltei ao seu encontro. –“Como assim sou o quinto ou sexto da prova”. Ele disse: -“sim no máximo sexto”. Agradeci, tomei um gole de água e mentalmente refiz a pergunta que me incomodava fazia três meses: “será possível subir a serra inteira correndo sem parar, depois de correr 65 km”. Sim era possível.

Logo no início passei o corredor, dito estar com a língua de fora, lhe desejei um bom dia e boa prova, continuei subindo sem parar, assim como um senhor havia me ensinado a subir esta temida serra há exatos quatro anos atrás, na primeira vez em que a desafiei: -“suba sem olhar para cima, senão você desiste, outra coisa, não levante muito os pés, se incline um pouco para frente e use os braços de alavanca, como se estivesse esquiando”. 

Jamais esquecerei este senhor e suas experiências nas subidas. E lá fui eu, na metade da subida da serra passei mais um corredor e fiquei em êxtase, pois agora eu poderia ser o quarto colocado, eu que nunca imaginara em uma prova dura e longa como esta, nem chegar entre os 30 primeiros colocados, quanto mais entre os cinco primeiros. Continuei subindo com garra e os olhos lacrimejando e não acreditando que isso seria possível. 

Pensei, o Pedrinho estava certo, filho da mãe, tinha razão, viajava nos pensamentos, quando de repente um Jeta branco para ao meu lado buzinando com um pessoal com o corpo para fora da janela, começam a gritar, bater no carro, uma mistura de incentivo, berros, e de não acreditarem que eu já estava no topo da serra,  eram Gustavo, Alexandre, Beto e Marco Aurélio, meus amigos da “equipe latinha”.



Neste momento confesso que algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto se misturando ao suor intenso.


Venci a subida, mas agora o pior estava por vir, o que mais temo em uma subida é o que vem depois dela, a descida. Respirei fundo e fui, desenfreado, deixando para trás toda técnica que aprendi e prudência que devemos ter nesta hora delicada, em que qualquer erro pode ser fatal e colocar toda a prova em risco. Fazer o que, continuei  acelerando mais, os passos cada vez mais largos. 

Eis que neste momento ocorrem mais duas surpresas na minha frente, primeiro um corredor desce andando e o deixo para trás rapidamente, e ao final das últimas curvas, mais um corredor que mal andava, se arrastava, ele ainda me desejou parabéns e boa sorte. O legal nesta corrida é a união e incentivo de todos os corredores um para com o outro, é o que faz o sucesso da prova. Corri mais ainda, e agora sim, tinha a certeza que um pódio era possível. Quando finalizei a serra, e virei para entrar no último km da prova na areia fofa, uma última staff me parabenizou e disse: -”você é o terceiro colocado do solo”, daí não consegui controlar a emoção comecei a querer chorar, meu coração começou a bater forte, já não sentia mais nada, de repente a emoção foi interrompida,  comecei a correr na areia fofa de Maresias, e por ter descido muito rápido a serra, minhas pernas mau me obedeciam, senti vontade de parar de correr pela primeira vez na prova, pensei...não agora não, diminui o ritmo, e fui vendo o pórtico de chegada lá longe.

Quando me aproximei visualmente da chegada, ninguém na areia sabia quem estava em terceiro lugar, foi quando o locutor da prova anunciou: -“e atenção está chegando o terceiro lugar categoria solo”,quando todos se viraram para o horizonte, eu estou chegando, foi uma explosão de alegria, os amigos gritavam euforicamente, uma mistura de palavrões, xingamentos, berros e sei lá mais o que, minha esposa foi ao meu encontro meio sem acreditar, pulava freneticamente, eu olhei para o céu, levantei os braços, apontei os dedos e agradeci à todos lá de cima, bati a mão na mão da minha esposa, e, em um por um dos meus amigos que ali estavam, fiz o sinal da cruz, e passei pela linha de chegada -”aquele abraço atleta número 28, parabéns, bela prova” disse o locutor já ao meu lado, gente, o número 28 era o meu número, o número do dia do aniversário da minha esposa e do meu avô falecido. Agora sim caia a ficha do que eu havia alcançado, agora sim eu entendera todos os aplausos no PC1, em que todos diziam força guerreiro, garra, vamos lá, você consegue.

Agora sei o verdadeiro significado da palavra “SURVIVORS”, agora entendo que para ser um ultramaratonista não basta apenas querer, tem que treina, se dedicar, ser humilde, respeitar a prova e sua temida serra de Maresias, e respeitar também, e principalmente os seus oponentes e amigos corredores.

Agora assim, acabara de ter a maior lição de vida que um ser humano pode ter através do amor ao esporte, respeitar e ser respeitado, querer e poder, ir  até, mas não ultrapassar o seu limite. Hoje posso dizer: “sou um SURVIVORS“.





>>> Por Icaro Júnior – 30/05/2015 - 75 km Bertioga – Maresias – SOLO -2015. 


Desejando que tenham apreciado...
3AV
Marco Cyrino

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Ainda sobre corrida


Considerando minha evolução no quesito velocidade, após alguns anos privilegiando provas longas (Ironman e Long Distance / 70.3 / Challenge), consegui evoluir meu pace médio (para 10 km dentro de um Triathlon Olímpico) de mais ou menos 5m45s (num bom dia) para os 5m00s (novamente num bom dia).

Sei que para a maioria dos Triathletas esse pace é "fichinha", mas, por favor, respeitem a minha idade... rsrsrs

Atualmente tenho conseguido fazer treinos específicos obtendo paces próximos de 4m35s / km.
Claro, em tiros de no máximo 2 km.
Também claro que é difícil transferir isso para 10 km e, ainda, dentro de um Triathlon, mas tenho feito o que é possível fazer.

Considero que os pontos preponderantes para essa evolução [45s para 5m45s ~13,1%] foram e têm sido:

Atitude
Mesmo tendo decidido voltar a correr mais rápido, depois de tanto tempo correndo mais para resistência do que para performance, acabava fazendo treinos mais na zona de conforto do que outra coisa.

Um dos responsáveis pela minha mudança de atitude foi o grande atleta Edmilson José Scrassulo Filho.
Num sábado de treino de corrida longo (nos finais de semana, continuo fazendo treinos mais longos, em torno de 15 a 20 km), pretendia fazer 18 km.
Vinha num pace de +/- 5m40s / km, quando nos encontramos.
Ele falou que ainda faltavam uns 8 km para fechar o treino dele, o que era mais ou menos a mesma distância que faltava para que eu terminasse o meu.
Disse que faria o restante do treino comigo.
Ainda argumentei que, ou ele iria reduzir muito o seu ritmo (o bicho corre pra caramba), ou eu iria ter que aumentar muito o meu, e quebraria.
Ele respondeu que "tava de boa" e fomos juntos.
Claro que acabei aumentando um pouco meu ritmo, com o incentivo dele.
Aos poucos, vi que estávamos passando para 5m30s e eu me sentindo bem.
Nos últimos quilômetros, resolvi forçar um pouco e acabei fechando os últimos 3 para mais ou menos 5m20s.
Desde então falei para mim: - "Pô! Então eu posso".

Investimento em musculação
Comecei também a fazer na musculação um trabalho específico de fortalecimento de glúteos, posteriores de coxa, etc., sempre bem orientado pelo Professor André Velasques (Academia Krato).

Também fiz e faço uso da musculação para prevenção e até mesmo recuperação de lesões, o que me fez criar confiança de correr mais forte (digamos, com mais ousadia), sem medo de me machucar.

Sem esquecer que, no meu caso, depois da lesão, O Dr. Atef (Quiropraxia Allevo) vem sendo o grande responsável pelo tratamento/cura.


Treinos variados
Como o próprio Edmilson havia já comentado comigo várias vezes, o "fartlek**" é um excelente treino para melhorar a velocidade.
Aliado a treinos intervalados e corretivos, são grandes ferramentas para a performance.

Particularmente, tenho agregado alguns treinos meio doidos, como fazer durante a semana, na academia, treinos na esteira conjugando séries variadas em um mesmo treino, como: corrida forte/leve, subida leve/fortíssima/leve x 4 ou 5 vezes.

** Fartlek - Expressão suíça que significa misturar treinos contínuos com intervalados, entremeando períodos de velocidade com períodos lentos. (Wikipedia - fartlek)


Postura na corrida
Fundamental.
Quando nos sentimos cansados durante os treinos e vamos literalmente "arreando a bunda" para podermos completar a distância, é melhor parar.
Ou tomar fôlego e reposturar.
Tenho certeza, por experiência própria, que não vamos agregar nenhum benefício correndo desse jeito (bunda arreada).
Vejam que estou falando aqui de performance, velocidade.
Claro que se o objetivo for apenas endurance, talvez, disse TALVEZ, seja bom continuar o treino.


3AV
Marco Cyrino


sábado, 6 de junho de 2015

5 erros que você não sabia que comete ao correr


Tradução e adaptação de matéria de Amanda Chan, para LiveScience.com / MyHealthNewsDaily

Comentários e adendos de Marco Cyrino: destacados azul e itálico.


Se você é um corredor, pode ser difícil perceber seus próprios erros.

A menos que você esteja constantemente correndo ao lado de um espelho de corpo inteiro, para checar a sua imagem refletida, é impossível notar se sua postura está incorreta.
Talvez você tenha dor nas costas, mas você não tem certeza da sua origem.
Ou, talvez, você não esteja obtendo o máximo proveito da sua passada, mas você não tem certeza de como ajustá-la corretamente.

É aí que entra Gregory Holtzman.

Holtzman é um professor assistente de fisioterapia e diretor de uma clínica de corrida na Universidade de Washington, em Saint Louis.
Ele diagnostica problemas de movimento para melhorar as técnicas dos corredores e diminuir as suas dores.

Os pacientes que visitam a clínica passam inicialmente por uma avaliação músculo-esquelética, de modo que Holtzman e seus colegas possam identificar eventuais problemas com o seu comprimento muscular, a sua mobilidade ou força.

Em seguida, os pacientes são filmados pela frente, pelos lados e por trás, enquanto correm em uma esteira, para que os fisioterapeutas possam identificar quaisquer anomalias mecânicas (de perto e em câmera lenta).

Segundo Holtzman, "É um tipo de tratamento muito individualizado, porque nem todo mundo irá responder ao mesmo tipo de orientações".

Para encontrar o "remédio correto", ele recomenda buscar auxílio em clínicas fisioterápicas (especializadas) ou em uma clínica de corrida.

Holtzman compartilhou conosco os cinco problemas mais comuns enfrentados pelos seus pacientes (embora a solução para cada problema possa variar de pessoa para pessoa).

1. Padrão de corrida assimétrico
Um padrão de corrida assimétrico (a "aterrissagem" da passada sendo mais forte em um lado do corpo do que no outro) é uma das primeiras coisas que Holtzman toma nota, quando observa um novo paciente.
Ele avalia este problema "ouvindo" o modo como o paciente corre.
Segundo ele...

""Este é um componente de corrida negligenciado. Você pode obter muitas informações a partir do som.
Se um corredor "aterrissa" com mais força no lado direito do que no esquerdo, ou vice-versa, isto pode sinalizar uma falha mecânica inerente ao estilo de corrida, e que poderá levar à dor.""

Adendo
Esse problema, na minha concepção, é causado por alguma lesão que o atleta teve e então voltou a correr antes de curá-la, ou o atleta a curou, mas ficou ainda com a memória da lesão, evitando inconscientemente jogar todo o peso no lado lesionado.
Eu mesmo tive esse tipo de corrida durante um tempo, depois de várias lesões na mesma perna (posterior da coxa, panturrilha, etc.).
O pior é que, mantendo essa característica, fatalmente o atleta desenvolverá outras lesões, podendo afetar tanto a perna que está suportando o peso ou impacto maior, quanto a coluna e o quadril.

Aproveitando uma conversa com o Professor Silvão, acrescento apenas que meu adendo não contradiz o artigo. Até porque todas as pessoas são "assimétricas". Apenas quis enfatizar que "muitas vezes" o problema é causado "também" por lesões.

2. Flexão de joelhos "para dentro" e quadris fracos
Outro problema de corrida que Holtzman observa comumente são as pessoas cujos joelhos colapsam para dentro quando elas correm, o que é causado por músculos glúteos fracos.

Quando você corre, os joelhos devem ficar em linha com os quadris.
Mas, se os seus músculos do quadril forem fracos e não estiverem suportando o peso do corpo, esse peso irá para os joelhos e os levará a se curvarem para dentro, disse ele.

"Os joelhos se curvam e recebem o choque", diz Holtzman.

Para resolver esse problema, Holtzman recomenda exercícios para fortalecer os gluteus medius e gluteus maximus posteriores, que são dois dos principais músculos nas nádegas.

Adendo
Guardando as características físicas de cada pessoa (joelhos valgos, varos, ou encurvados) condições em que, respectivamente, os joelhos naturalmente são mais voltados para dentro, para fora ou mesmo para trás, o trabalho de fortalecimento dos músculos das nádegas é muito importante para, no mínimo, a melhora de força, potência, explosão e velocidade na corrida.

Antes eu tinha verdadeiramente preconceito (pura ignorância) com a musculação. Hoje enxergo de forma muito clara a importância da prática bem orientada da musculação, para prevenção de lesões e fortalecimento e desempenho nas atividades desportivas.

Há ainda o preconceito de nas academias acharmos (nós, homens) que trabalhar glúteos é apenas para mulheres.

3. Correr com a parte dianteira do pé, quando você é realmente um corredor de parte traseira do pé
Algumas pessoas são corredores que golpeiam com mais força com a parte traseira dos pés (backfoot runners), e outras são corredores que golpeiam com mais força com a parte da frente dos pés (forefoot runners).

Segundo Holtzman, um estilo de corrida não é necessariamente melhor do que o outro, mas as forças de impacto podem ser diferentes entre os dois estilos.

Corredores que golpeiam mais forte com a parte traseira dos pés tendem a ter uma maior intensidade de força exercida sobre os seus pés (quando golpeiam), em comparação com os corredores que golpeiam mais forte com a parte dianteira dos pés.

Holtzman afirma que: ""Para os corredores de parte traseira dos pés que estão tendo problemas, muitas vezes podemos fazer alterações na mecânica, as quais alteram o efeito dessa força de impacto.""

Você não precisa necessariamente mudar de um padrão de ataque com a parte traseira dos pés, para um padrão de ataque com a parte dianteira, mas um fisioterapeuta poderá ajudar a fazer mudanças sutis na mecânica, para reduzir a dor.

A corrida com ataque com a parte dianteira dos pés (forefoot running) ganhou popularidade com a comercialização dos tênis para "corrida de pés descalços" (barefoot running), mas se você for um corredor natural de parte traseira dos pés, serão necessários tempo e treinamento para correr dessa maneira, diz Holtzman.

"Para algumas pessoas, o problema da corrida no estilo forefoot running é que os seus pés não são fortes o suficiente para suportar o seu peso."

Holtzman afirma: ""É por isto que, se você estiver em fazendo uma transição para forefoot (parte dianteira), mas você (sempre) foi um corredor de backfoot (parte traseira), então você precisa fazer essa progressão gradualmente, para que possa aumentar a força dos seus pés.""

Adendo
No meu caso, como durante boa parte da minha vida corri descalço, acabei desenvolvendo a técnica instintiva de apoiar primeiramente a parte da frente dos pés, durante a corrida.
E penei para me adaptar a correr calçado, principalmente por passar a utilizar tênis com grande fator de amortecimento, o que significa calcanhares mais altos (induzindo ao backfoot).

Vejo que a corrida “backfoot”, além de dores e lesões, acarreta um esforço maior para obter a mesma velocidade, uma vez que, ao cair com o calcanhar primeiro, há um impacto que, no mínimo, exerce efeito de freio em cada passada.

Isso também tem a ver com o ângulo em que colocamos o nosso corpo em relação ao piso.
Quando um atleta corre inclinado para trás, ou em um ângulo de 90º, dificilmente irá conseguir pousar primeiramente a parte da frente dos pés.

4. Alongamento excessivo das passadas (overstriding) e balanço desigual dos braços (overswinging)
Alongar excessivamente as passadas e balançar os braços de forma desigual são duas das principais causas de dores nas costas resultantes da corrida.

""Temos a tendência a nos movimentar de determinadas maneiras, ou favorecer determinados movimentos, o que, a longo prazo, poderá contribuir para o estresse nas costas"", diz Holtzman.

""Algumas pessoas acreditam que você altera os seus movimentos por causa de dor nas costas, mas, a nossa filosofia é que o movimento ou o alinhamento postural inadequados podem aumentar a pressão sobre a parte inferior das costas e causar dor nas costas.""

O alongamento excessivo das passadas ocorre quando os passos são grandes demais para o tamanho corporal do corredor, e pode induzir a uma rotação excessiva (do corpo), porque a pelve e a coluna se movem em uma direção, mais do que em outra, diz Holtzman.

E balançar um braço mais para trás do que o outro também pode contribuir para o desalinhamento da coluna durante a corrida.

Adendo
Exatamente por isso que é necessário pelo menos alguém com bastante experiência para analisar a fisiologia da corrida de cada atleta, e criticar o que for necessário.

Existem atletas que também executam passos muito mais curtos do que poderiam e assim acabam tendo um desempenho inferior, na questão velocidade.

Um assunto à parte (mas dentro deste tema) é o tamanho das passadas em relação à distância a ser percorrida.
Apenas um exemplo:
Correr uma maratona com passadas tão largas quanto as de uma corrida de 3 km provavelmente é inviável para um mesmo atleta.

Por isso se faz necessária uma adequação também em relação à distância a percorrer X alongamento da passada.

Finalmente, quanto mais simétrica a fisiologia de corrida do atleta, provavelmente melhor o seu desempenho e menor o seu risco de lesões.

5. Desconhecer o seu tipo de pé
Nem todo mundo é abençoado com arcos perfeitos --- e aqueles que têm os pés mais chatos do que imaginam podem estar sofrendo por isso.

""As pessoas podem reconhecer o fato de que não possuem grandes arcos, mas podem estar usando calçados que não são apropriados para o seu tipo de pé"", diz Holtzman.

Mas, usar os calçados errados pode levar a dores no quadril, nas costas e nos joelhos.

Nestes casos, Holtzman sugere que é melhor ir a uma loja de calçados ortopédicos, ou de calçados de corrida personalizados, e comprar calçados especiais para pés planos.

"Calçados normais, das grandes lojas de varejo, não possuem ajustes personalizados e podem, portanto, não ser capazes de aliviar a dor."

Adendo
Perfeito, mas, eu incluiria neste tópico o tipo de pisada.

Mais uma vez, utilizando meu caso como exemplo...

Saí de uma corrida totalmente “rudimentar” (descalço) para uma totalmente tecnológica (alto amortecimento).

Simples assim, sem consultar ninguém, apenas seguindo conselhos de atletas amigos que me falavam que eu tinha de usar um tênis muito bom.

Realmente usei o melhor (no quesito amortecimento).
Com o tempo fui sentindo problemas, pequenas lesões, incômodos e por aí vai.

Depois alguém me perguntou se eu sabia qual era a minha pisada.
- Sei. Com os pés.
- Mas, é pronada, supinada ou neutra?

Fui a uma loja especializada e perguntei.
O cara pediu pra ver o desgaste do meu sapato e declarou:
- Supinada. Você pisa com o lado externo do pé.

Pronto. Lá fui eu consumir tênis para pisada supinada.

Resumo: Depois de muito tempo e com o auxílio do Rodrigo Roehniss (ótimo para indicar calçados próprios para a sua pisada), descobri que a minha pisada era absolutamente neutra.

O cara da loja havia olhado apenas o calcanhar do meu calçado, sendo que a parte frontal era mais gasta do lado interno. É a dita pisada cruzada ou neutra.

Mas, isto é apenas um toque para que tenham bastante atenção com quem se “consultam”.

Visite uma clínica de corrida ou um fisioterapeuta para encontrar uma solução para alguns dos erros mais comuns, que podem causar dor e tornar o seu treinamento de corrida menos eficiente.

Fonte:
5/20/2015 - 5 Running Mistakes You Didn't Know You Make - Live Science.com

Tradução e adaptação: Equipe 3AV

3AV
Marco Cyrino