Prova doida, sô!
Resultados
Não vou postar.
Vejam neste link:
Clima
Sábado, choveu o que deixou de chover nos 40 dias anteriores.
Por volta das 16:00h, saí para pegar meu kit no simpósio.
Da minha casa até lá, não são mais do que 2 km.
De carro, levei mais de 50 minutos.
Antes tivesse ido a nado.
Sim, a nado, porque estava tudo alagado.
De resto, tudo normal.
Domingo, com 1 hora a mais para descansar, amanheceu chuvoso. Ao menos estava bem fresco (o tempo).
Mar cascudo
Largada adiada por 40 minutos.
O mar estava cascudo.
Este é um dos motivos pelos quais não vou publicar os melhores resultados, ou sequer os resultados do pessoal da Baixada Santista, ou dos camaradas de outros locais.
Em frente ao local da largada, no Boqueirão, havia ondas de quase 1,5 m na série... com quebra-côcos de 1 metrão.
Para a maioria dos caiçaras e para o pessoal de outras regiões litorâneas com ondas, e até mesmo para aqueles de São Paulo, interior, ou de outras regiões com mar sem ondas, mas que tenham afinidade com este tipo de mar (seja porque praticam o surf ou outro esporte que exija tal conhecimento), o mar até que estava, digamos, "divertido".
ENTENDAM QUE FALO ISTO COM O MEU MAIOR RESPEITO PELO MAR.
Surfo desde moleque e nunca vou perder esse respeito.
Já passei por muitos perrengues e me coloco no lugar de quem passou desta vez.
Não é mole não.
Falo um pouco mais sobre isto, durante o post.
Com natação ou sem natação, eis a questão...
Durante o período de atraso da largada, houve de tudo.
Tentaram levar as bóias para o outside e não conseguiram.
Depois, tinha muita gente querendo que houvesse a natação de qualquer jeito.
Simultaneamente, muita gente queria que a prova se transformasse em Duathlon, aliás, como prevê o regulamento.
Esse pessoal era maioria.
E aqui, como no Brasil em geral, a maioria não vence.
Houve a natação (depois, soube que não para todos...)
Conversando com alguns atletas muito amigos, percebi que (como disse acima), para aqueles que não têm afinidade com esse tipo de mar, a situação estava crítica.
Outros, que têm essa afinidade, diziam que "se é Triathlon o atleta tem de estar apto a todas as condições".
De minha parte, não há crítica ou elogios nem a uns nem a outros.
Cada um quer fazer prevalecer o que tem de melhor.
Imagino o perrengue do Núbio, o organizador, para fazer essa avaliação:
- Se cancelasse a natação, os corredores iriam deitar e rolar.
- Se fizesse o contrário, os "nadadores" é que iriam.
O fato é que houve a largada.
Entrei no mar calmamente, porque para atravessar esse tipo de arrebentação temos que varar as ondas por baixo, o que exige apnéia, ou seja, qualquer ganho por entrar no mar correndo iria me prejudicar depois.
Logo após "furar" as primeiras ondas, comecei a ver um monte de atletas com cara de desespero, sem saber como encarar essa situação.
Fiz minha natação de boa, assim como muitos outros.
Quando saia para o pedal, comecei a ver um tumulto na saída da transição.
Só mulheres paradas. Não entendi nada.
Passei pela lateral e continuei a minha prova.
Cara no vento - versus - problemas de audição
Pedalei muito bem, para o meu condicionamento atual.
E DEIXEI PASSAR TODOS OS PELOTÕES QUE ME ULTRAPASSAVAM, SEM CAIR NA TENTAÇÃO DE ENTRAR EM UM DELES.
Falo (escrevo) isto com orgulho e com letras maiúsculas mesmo.
Foram 40 km (na verdade 38 km) literalmente com a cara no vento.
Eu pedalando a 40 km/h e um pelote me passando voando, com neguinho e branquinho também no clip e batendo papo como se estivessem tomando uma no boteco. Fácil assim.
Ah! Os fiscais estavam bravos.
Vinham de todos os lados gritando: - Desfaz... desfaz... desfaz.
Mas, acho que a maioria dos Triathletas (podem ser chamados de Triathletas, já que não pedalam?) tem problemas de audição.
E aí, fica por isso mesmo.
Mas não quero falar sobre isso.
Voltando à prova
Cheguei bem do pedal e saí para correr, me policiando para evitar qualquer risco de lesão.
Fui só no sapatinho.
Sabia que minha chance de obter um bom resultado era zero. Inclusive, pelo meu condicionamento, achei que não completaria a prova.
Aos poucos fui ganhando confiança e me soltando.
Na virada do km 2,5, vi o Machado chegando "nimim".
O cara foi o campeão da categoria 65 anos mais.
O cara é uma lenda do Triathlon.
Gritei pra ele: - Porra... num vem não Machado.
Ele deu risada e fomos na mesma balada até o final.
Durante o percurso, fomos aumentando o ritmo e chegamos dando sprint um no outro.
Valeu muito.
Agradeço
Seria fácil, agora, ficar empurrando bêbado na ladeira.
Seria fácil ficar contando vantagem de que nadei de boa, enquanto muitos sequer largaram - só pedalaram e correram.
Quero dizer que agradeço a Deus pela oportunidade de ter feito a prova inteira, porque a fiz apenas para mim e não para os outros.
Quando digo "para mim", incluo também os poucos do meu círculo íntimo de convivência, mais especificamente, minha família e a Neuza.
Panorâmica: segurança, responsabilidade, resultados estranhos
O perfil do atleta de Triathlon mudou muito durante os últimos anos.
Tem de tudo.
Tem o "poser", o bão, o ruim, o rico, o pobre, o negro, o branco, o índio (tem), o amarelo, enfim... tem de tudo.
Quem sou eu para criticar quem o faz por amar o esporte, ou apenas para se perfazer (seja para quem for).
Mas, isto exige que os responsáveis pela organização tenham um discernimento maior em relação a quem está participando.
Quando o organizador abre as inscrições aos atletas indistintamente, sem nenhuma exigência de performance ou de conhecimento específico da prova (principalmente quanto às condições de mar que se apresentaram), ele passa a ter responsabilidade sobre a segurança dessas pessoas.
Por mais que existam documentos a serem assinados, ou concordâncias jurídicas no momento da inscrição, há que prevalecer o bom senso a respeito da segurança da maioria.
Existe um ditado que diz:
"Quem não tem c. não contrata p...".
Só que, nessas horas, não é por aí que chegaremos a um resultado satisfatório.
Nessas situações, é comum rotularem (disto ou daquilo) todos os atletas que tiveram problemas com o mar.
Na minha primeira prova na USP, quase desisti por não estar ambientado com a água doce, pesada e gelada.
Saí da água bêbado, devido provavelmente à contração dos vasos cranianos.
Recebi muito incentivo dos atletas que estavam acostumados àquelas condições.
De qualquer forma, acho que vocês, meus 5 leitores, entendem aonde quero chegar.
Em tempo:
Não houve natação para todos.
Entretanto, os resultados mostram todos com tempos de natação. ESTRANHO.
Competindo com...
Fazer Triathlon está cada vez mais complicado, seja pela falta de segurança para treinar, seja pelas organizações, pelo controle do vácuo, pelo DNA (Data de Nascimento Antiga), e por outras coisas.
Por isto, cada vez mais, faço as provas competindo com apenas um atleta: eu mesmo.
Ainda, bati meu record pessoal, ontem.
Porém, as distâncias no mar e na corrida não estavam corretas.
Para pensar, dois comentários
1- Chorei - Depois da prova, peguei um pedaço de melancia, um copo de água e, quando notei, estava derramando algumas lágrimas de felicidade. Por haver completado mais uma prova com saúde. Por haver completado esta prova sem lesões. E por tudo mais.
Ano passado, fiquei em 3º nesta prova.
Neste ano, fiquei em 16º, porém tão ou mais feliz do que no ano passado, porque, depois dos perrengues que passei, já estava pensando em abortar o Ironman Floripa.
Ganhei ânimo.
2- Taiú - Para quem não sabe, Otaviano Bueno, o Taiú, foi um dos maiores Big Riders que conheci. Surfava fácil ondas de mais de 10 metros, numa época em que não existiam as condições tecnológicas de hoje. Era no braço mesmo.
Ficou tetraplégico em uma "ondinha" de 1 metro, em Paúba (Côco-Louco), litoral norte paulista.
Alguma dúvida sobre o respeito que tenho e que devemos ter pelo mar?
Agregando...
Vídeo com as opiniões do Prof. Silvio Luiz Marques
3AV
Marco Cyrino