A leitura do texto e de alguns comentários é enriquecedora para os amantes do esporte.
Hoje, deparo com um texto no jornal Folha de S. Paulo...
O autor, Antonio Prata, pergunta já no título: Vale a Pena?
Em resumo, de forma racional e inteligente, questiona se valem a pena todo o sofrimento e privações a que um atleta de elite se submete para atingir seus objetivos (resultados).
Fala sobre diversos atletas.
Para ficar apenas na natação, cita Cesar Cielo, que sai das provas quase desmaiando, e Thiago Pereira que, segundo disse, chega a vomitar após alguns treinos.
Comenta sobre Phelps, que nada desde os 7 anos de idade e traçou como objetivo ser o maior medalhista olímpico de todos os tempos.
E diz ele:
""...então, pronto, tornou-se.
Bonito.
Mas essa força de vontade me dá certa pena.
Quando ele chegou em 4º lugar, na sexta-feira passada, muitos se perguntaram se ele teria realmente treinado o necessário e se, depois de 2 Olimpíadas de glória, Londres seria um fiasco.
Secretamente torci por isso.
Não porque queira mal ao nadador, mas porque achei que veríamos então, finalmente, no meio de tantos super-heróis, um espetáculo humano, demasiado humano: um homem que tinha tudo para ser o maior de todos os tempos e deixou a chance escapar – por preguiça, tédio, irresponsabilidade ou qualquer outra fraqueza comum a todos nós.
Esse fracasso seria uma lição bonita, mais bonita que suas vitórias.""
Ao final, sobre o slogan de Londres 2012 ser "Inspire a Generation", o autor pergunta:
""Inspirar pra quê?
Para que essa geração aprenda a abrir mão de tudo e agüente toda a dor necessária em nome de um objetivo?
É uma postura boa para construir campeões e malucos.
Daí saem medalhistas, soldados e fiéis.
É pra isso que serve o esporte?
É isso o que queremos da vida?""
Concordo com ele.
Melhor dizendo, no lugar dele, eu provavelmente pensaria da mesma forma.
Concordo que pense dessa maneira quem nunca praticou esporte, ao menos não com o entusiasmo com o qual nós praticamos.
E digo "nós", porque me incluo no rol dos malucos amadores que também abrem mão de muitos prazeres, pela dedicação ao esporte.
Afinal, só quem decide fazer o que escolheu, conhece o prazer que isso proporciona.
Assim como EU, não sendo praticante, não entendo o prazer que alguém pode obter passando dias inteiros, noites inteiras, jogando videogames.
Mas, a pessoa que faz isso sente prazer porque (por exemplo) evolui e se aprimora naquilo que gosta de fazer. Senão não o faria.
Assim como a pessoa que opta por trabalhar mais e mais e mais, mesmo não precisando, para guardar mais e mais e mais dinheiro.
Ninguém apontou armas para as cabeças do Phelps, Cielo ou Thiago Pereira, para obrigá-los a treinar até passar mal.
O prazer de muitos jovens (caraca... estou falando como velho...) é cair na balada, beber, comer, dançar, y otras cositas más.
Desses prazeres, por exemplo, os atletas abrem mão.
Digo às pessoas que não entendem o prazer (apesar do "sofrimento" associado) que a dedicação ao esporte, em busca de um objetivo, pode proporcionar:
- Só experimentando para tentar compreender.
Como alguém que nunca surfou poderia conhecer o prazer de dropar uma onda, fazer uma manobra bem feita, sentir a adrenalina nas veias?
Porém, quando esse alguém souber que encaramos águas geladas, ondas perigosas, grandes arrebentações, fundos de pedra, "caldos" que colocam em risco a vida do surfista, sem contar algumas regiões onde aparecem aqueles "peixinhos" dentuços, com barbatana dorsal, que adoram morder pernas, braços e pranchas, perguntará:
É isso que vocês querem da vida?
Bom, para concluir, minha resposta a todas as perguntas:
Sim. Vale a pena. É isso que queremos da vida.
Marco Cyrino
Sim, é isso que quero!
ResponderExcluirQuem conhece a história do Ayrton Senna, ainda moleque, pilotando seu kart no autódromo de Interlagos, sozinho, todo santo dia, horas e mais horas, sob chuva ou sol, perseguindo as tomadas e saídas de curva perfeitas, a percepção do "carro na mão" sob qualquer condição de aderência, e outros tantos fatores envolvidos em pilotagem?
ResponderExcluirO sucesso foi apenas conseqüência da competição contra si mesmo, na busca constante pelo aprimoramento, acima dos sacrifícios, porque o cara amava o esporte que escolheu. Ponto.