Baseado em artigo de Chris Carmichael*
Logo ao início da
temporada, muitos Triatlhetas que estão se preparando para provas de Ironman ou
Ironman 70.3 têm uma série de "provas de preparação" em suas agendas.
Todos nós tentamos
planejar nosso treinamento de forma a estarmos perfeitamente preparados para os
dias de provas.
Entretanto, os atletas (em
especial aqueles com pouco tempo disponível) às vezes "descarrilam" e
perdem um tempo valioso de treinamento, seja porque as crianças adoecem, ou o
trabalho foge ao controle ou, basicamente, porque a vida se atravessa no
caminho.
Ou, ainda, porque decidem participar
das provas antes de estarem preparados, só porque uma oportunidade se apresentou.
Surgem duas questões, a
partir destes cenários:
Você
deve se preocupar ao entrar em uma prova, se não estiver pronto para isso?
O
que você deve fazer, se estiver em uma prova e se tornar evidente que a sua
condição de preparo não está no ponto em que gostaria que estivesse?
Competir ou ficar em casa?
Em geral, existe um valor em
competir, mesmo se você não estiver 100% pronto. Competir, quando você não está
em seu ponto (ou momento) mais forte, pode ser muito útil para o
desenvolvimento da resiliência que os atletas de endurance precisam para superar
períodos difíceis durante as provas longas e duras, ou condições ambientais
terríveis.
Sempre existe algo em que
você possa se concentrar, para aprender durante uma competição.
E mudar a
sua mentalidade, de uma avaliação baseada em resultados, para uma avaliação baseada
em aprendizado, pode tornar o evento produtivo, independendo de seu tempo de
chegada.
No entanto, é
necessário considerar a sua preparação em relação à distância da prova.
Se
estiver razoavelmente em forma, mas não no seu máximo habitual, e indo competir
em um Triathlon Sprint ou de Distância Olímpica, você será mais lento do que o
normal, mas chegará ao final sem lesões.
Creio
que se possa entrar com segurança nessas competições, se estiver em cerca de 70%
de sua condição esperada, significando que terá a resistência para cobrir a
distância e manter boa forma / técnica, mas não será muito rápido.
Nas
distâncias 70.3 e Ironman, é importante haver atingido um percentual mais elevado
de sua condição esperada (pelo menos 85%), porque o aumento da duração
significa que a sua forma / técnica estarão muito mais propensas a "quebrar"
bem antes da chegada.
Isto
não significa que você deva ter completado 70% ou 85% dos seus treinos regulares,
mas sim que a sua geração sustentável de potência na bike, e os seus ritmos
sustentáveis na água e na corrida, tenham atingido pelo menos 70% (para Sprint
ou Olímpico) ou 85% (para 70.3 e Ironman) de sua meta de potência / ritmo.
Competindo com aptidão (fitness) limitada
A melhor maneira de tratar
as competições, estando em uma condição abaixo da que você gostaria, é reformular a abordagem da prova, de competição para experiência
de treinamento.
Vá para o evento com o
objetivo de usá-lo como um grande treino e uma oportunidade para se concentrar
em aspectos particulares da prova. Por exemplo, pode ser uma boa hora para
experimentar uma configuração diferente de transição, ou uma nova estratégia de
largada para natação.
Mudar as suas expectativas
de "uma grande prova hoje" para "uma grande oportunidade de
treinamento para amanhã" poderá ser muito libertador.
A "condição em que você
estiver" define tudo o que você irá conseguir na prova de hoje. E maltratar-se
por causa dela não irá acrescentar nada. Permita-se esta mudança de mentalidade,
para aliviar a pressão que você coloca sobre si mesmo, e o sentimento de culpa
por não estar completamente pronto para prova.
Não cometa o
erro de tentar usar a nutrição para compensar um menor nível de condicionamento.
"Calorias
não podem criar fitness".
Isto
foi o que ouvi recentemente, quando passava pelo escritório do treinador Jason
Koop, da CTS.
Mais
tarde, explicou-me que um dos seus atletas havia entrado em um Meio-Ironman, por
mero capricho, bem antes de estar preparado para essa distância.
Previsivelmente, o atleta se esforçou, mas depois se mostrou perplexo com o
desempenho relativamente fraco.
Ao
telefone, o atleta disse a Koop que não entendia por que a prova havia sido tão
difícil, pois, como ele mesmo disse: "Eu continuei comendo e comendo, mas isto
simplesmente não parecia ajudar".
O
que Jason Koop disse ao seu atleta foi direto ao ponto:
Calorias
não podem criar fitness, onde não existe fitness desde o inicio.
O
programa do atleta estava em andamento para atingir um condicionamento para
Triathlon 70.3, mas ele se precipitou, entrando em uma prova muito mais cedo do
que o planejado.
Sua
resposta ao "dia de prova" foi tão previsível quanto o seu desempenho
fraco.
Como
treinadores, vemos regularmente atletas que tentam superar a falta de
preparação, recorrendo a uma sobrecarga de calorias.
Basicamente
eles estão confundindo a sensação de exaustão com a sensação de baixa glicose no
sangue.
A
solução comum para isto consiste em introduzir rapidamente carboidratos,
fluidos e eletrólitos no sistema. Neste caso, se você reconhecer a tempo os
sinais (fadiga, problemas de concentração, náuseas), muitas vezes poderá resgatar
a si mesmo da beira do abismo.
Mas,
se você entrou em um evento estando inadequadamente preparado, não poderá
compensar a falta de preparação comendo mais e esperando que o combustível
adicionado lhe dê maior resistência, potência ou velocidade.
Se
estiver competindo sob uma condição que não seja exatamente aquela que desejaria
ter, não recorra a encher-se com alimentos.
Em
vez de fornecer a energia que você está procurando, esse "despejo de
alimentos" será como empilhar muita madeira sobre uma fogueira mal acesa: irá
sufocar exatamente o desempenho que você está tentando "acender".
Quando o fator limitante para o seu desempenho for o seu nível
de condicionamento físico, e não as calorias ou a hidratação, mantenha o seu
plano de nutrição original para o dia de prova, mantenha um ritmo que você possa
sustentar com boa forma, siga em frente, e focalize-se no processo de competir
[realizar a prova], em vez de em sua posição na prova.
Baseado em:
Published Tuesday,
March 6, 2012
(*) Chris Carmichael é autor de "The Time-Crunched Triathlete"
e fundador e CEO da CTS - Carmichael Training Systems, Official Coaching & Camps
Partner do Ironman.
Tradução, adaptação, destaques:
3 ATHLON NA VEIA
Marco Cyrino