O que faz um atleta ser o melhor em
determinado esporte?
Uns
dizem que a genética é fator preponderante.
Outros
dizem que genética não é determinante, se não existir talento.
Outros
afirmam que, com muito treinamento e dedicação, qualquer um se torna o melhor.
Ainda,
existem os que afirmam que tudo e todos são frutos do meio em que vivem.
Como eu vejo...
Bom,
não sou o dono da verdade, mas penso que o melhor atleta seja aquele que reúne
todas essas condições, com mesmo nível de importância.
Como
em uma construção, embora eu não seja engenheiro, o melhor atleta estará
apoiado, como uma laje bem distribuída, sobre cada um desses pilares, os quais
estarão muito bem sustentados, em suas fundações, por algo um tanto maior e
intangível, que é o aspecto espiritual.
Falando de cada um dos pilares...
Genética
Dá
para imaginar alguém com 1,60m, jogando basquete em alto nível?
Dá!
Só que essa pessoa terá uma função bem específica, a de armador do time.
Agora,
dá para imaginar alguém com 2,10m e 100 kg, vencendo maratonas?
Não.
Não dá!
Certos
esportes permitem que o atleta os pratique bem, mesmo sem ter determinada
genética.
Dentro
desses esportes, principalmente os coletivos, existem ainda as funções que se
adaptam a vários tipos genéticos.
É
o caso do Vôlei, que hoje tem um tipo de atleta
não muito alto, mas muito rápido, que desempenha a função de líbero.
Da
mesma forma, dentre outros esportes, o Basquete
tem o armador, e o Futebol tem uma gama enorme
de funções que se adaptam a distintos tipos físicos.
Entretanto,
esportes como a corrida em curta distância (de explosão), corrida em longa
distância (de fundo, ou endurance), natação (curta e longa distâncias),
atletismo em geral, sem dúvida exigem que o praticante tenha o biótipo adequado.
E
isto é genético.
Porém, genética não é só tipo físico.
Genética
envolve também a forma pela qual se transmitem as características biológicas,
de uma geração para outra.
E
características biológicas incluem como o corpo de cada indivíduo
se comporta em relação às mais diversas exigências, tais como aeróbias,
anaeróbias, e tudo o mais, inclusive a predisposição a certas doenças.
Além
disto, muitas vezes determinadas características não se transmitem de uma
geração para aquela imediatamente seguinte, mas sim para uma segunda ou até
terceira geração.
Isto
explica porque muitas vezes alguém "puxa" os olhos verdes dos avós,
sendo que os pais têm olhos castanhos.
A
genética pode também não ser transmitida da mesma forma para irmãos. Caso
contrário, todos os irmãos seriam idênticos. rsrsrs
Agora,
que a genética tem papel fundamental em determinados esportes, tem sim!
O
Triathlon
não requer exatamente um tipo físico, mas sim um conjunto variável de
características que envolvem a genética.
Talento
É
um requisito básico.
Não
há muito a dizer a respeito.
Ou
a pessoa tem, ou não tem.
O
atleta precisa ter talento, ou seja, aptidão, capacidade, para aquilo que
pratica.
Talento
se adquire com treinamento?
Não!
Talento se lapida com treinamento.
Alguns
esportes, mais do que outros, exigem mais talento do que outras
características.
De
novo, Futebol, Vôlei
e Basquete representam bem essa classe de
esportes.
Em
outros esportes, principalmente alguns individuais, o foco nos outros pilares
pode diminuir a importância do talento, mas não suprimi-la.
Entretanto
alguns esportes individuais, como o Surf, fazem
do talento um requisito simplesmente imprescindível.
Vide
os exemplos de Kelly Slater (11 vezes campeão mundial), Mark Ochillupo, Tom
Curren, Picuruta Salazar e outros.
Meio
O
meio em que vivemos faz uma enorme diferença.
Para
o bem e para o mal.
Um
atleta "criado" em um meio propício terá muito mais chances de se
tornar o melhor.
O
meio inclui estrutura, monitoração, planejamento, companhia, família, meio ambiente,
alimentação, dentre outros fatores.
A
extraordinária influência do meio sobre um atleta me leva a pensar que, muitas
vezes, para obtermos melhores resultados nos Triathlons de nível
internacional, nos falta justamente o meio mais propício (principalmente a estrutura)
de que os atletas estrangeiros dispõem.
Longe
de ser contraditório, mas reforçando esta tese... existem também situações muito
especiais, com resultados notáveis (caso dos grandes maratonistas
quenianos), em que as características genéticas específicas da população se
somam a um meio que inclui condições geográficas e econômico-culturais
também muito específicas, além de iniciativas para introduzir e aprimorar os
jovens no esporte. São possíveis muitas
análises complexas, aqui...
Este
pilar, por suas inúmeras facetas, pode gerar muita polêmica, mas é inegável a sua
importância.
Cada
uma dessas facetas poderá até render um post futuramente.
Se
fosse falar a respeito de tudo aqui, este post se tornaria maçante.
Treinamento e Dedicação
Pode
parecer que sejam 2 pilares, porém é um único, feito da mesma matéria prima.
Treinamento
envolve dedicação.
Sem
dedicação (foco, persistência, insistência, vontade, ou como queiram chamar),
não há treinamento que traga excelentes resultados.
Só
quem já treinou muito sabe o significado disto.
Treinamento
também tem de ser adequado.
Nem
demais, nem de menos.
Daí
a importância de um profissional competente para nos orientar e até mesmo
incentivar.
Evidentemente,
quanto mais treinos, melhores resultados o atleta obterá.
Porém,
não adianta treinar muito e mal.
Só
trarão resultados os muitos treinos bem elaborados, bem planejados e bem executados.
Um bom atleta pode até não ter sua "laje"
apoiada nesses 4 pilares.
Talvez, com muito empenho
e talento, ele acabe sendo um bom atleta.
Um ótimo atleta pode prescindir de um dos pilares
(talento, genética ou meio), mas terá de se esforçar muito nos 3 pilares
restantes.
Já, o melhor atleta dificilmente poderá abrir mão de
qualquer um desses pilares.
Marco Cyrino
Marcão, ótima análise.
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