sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Nunca é tarde para se tornar um Ironman

Artigo de Emma Bishop, publicado em 19/01/2012 - Ironman.com website

Foto: © Ironman Live Coverage


Nunca é tarde demais para iniciar em Triathlon.
Você nunca estará velho demais para fazer um Ironman. 
E os sonhos estão aí para serem realizados.
Basta perguntar a Hiromu Inada.

Na prova de encerramento de temporada, do Campeonato Ásia-Pacífico de 70.3, o acréscimo de 30 vagas para Kona 2012 atraiu alguns dos melhores competidores amadores do planeta, para tentar a sorte na qualificação para o "grande show".

O dia em si proporcionou muito entusiasmo, com as chuvas de monções avivando um percurso já desafiador.
Qualquer um que tenha obtido sua vaga nesse dia, definitivamente fez por merecê-la.

Após a prova, às 4:30 PM, havia um burburinho no Dusit Hall, do Dusit Thani Hotel.  Tensão elevada, salão repleto de competidores aguardando ansiosamente que seus nomes fossem chamados, ou então sentados, esperando e rezando pela sorte.

Comemorações, gritos, aplausos e flashes iam terminando, à medida que, um por um, os atletas reivindicavam suas vagas.

Uma pessoa, sentada calmamente na primeira fila, esperando para reivindicar sua vaga, era um gentleman que vim a conhecer durante o ano passado.

Sua história é uma notável perseguição do desejo de se tornar um Ironman, e define bem o "espírito de nunca desistir".

Conheci Hiromu Inada, do Japão, no Ironman da Coréia 2011, onde, aos 79 anos, era o competidor mais idoso em campo.

A história de Inada transcorre mais ou menos assim...

O Ironman da Coréia foi o seu segundo Ironman.
Participou do Ironman do Japão (seu primeiro Ironman) aos 77 anos de idade. Naquele dia, não conseguiu terminar a prova dentro do tempo regulamentar e, conseqüentemente, não se tornou (em suas palavras) um Ironman.

Inada iniciou tarde no mundo do Triathlon, adotando o esporte somente aos 69 anos de idade.

Quando o cronômetro da prova passou pela marca das 15 horas, no Ironman da Coréia 2011, o sonho de Inada se tornou realidade, com uma vaga para Kona.

Naquele dia, como o único atleta em sua categoria de idade, tudo o que Inada teria a fazer seria terminar a prova.

Mas isto é muito mais fácil de dizer do que de fazer.
Trata-se de um Ironman, o derradeiro teste de resistência que inúmeras pessoas, de gerações anteriores à dele, jamais iriam enfrentar.

Muitos consideram isto como uma idéia absurda - a prova definitiva de uma pessoa "louca".
Mas, vocês que estão lendo sabem exatamente o que significa empreender tal jornada.

Mesmo sendo marido, pai e avô, Inada aplicou-se regularmente a treinamentos semanais de 40 horas. Sua família, então, também passou ao grupo dos que o consideravam um pouco louco.

Fiquei exultante por aquele jovial e enigmático Japonês haver finalmente cruzado a linha de chegada e obtido sua vaga para Kona.

Ele recebeu aplausos efusivos, no banquete de premiação.
Depois do almoço, eu o cumprimentei novamente, dizendo:
- Vejo você em Outubro, na Big Island!

Outubro se passou, e eu estava a caminho de Kona, saindo de Honolulu.  Embarquei no vôo e, quando me sentei, lá estava Inada, no banco atrás do meu.

Com 1.800 atletas e outros milhares de pessoas indo para o Campeonato Mundial de Ironman no Havaí, nunca pensei que teria a chance de vê-lo e desejar-lhe boa sorte. E lá estava ele, não apenas no mesmo vôo, mas bem atrás de mim.

Seria eufemismo dizer que ele ficou surpreso quando o cumprimentei.
Quando desembarcamos, eu lhe dei um abraço e lhe desejei o melhor para uma excelente prova. E pensei que a história acabaria ali.

Na prova de enceramento de ano, do Campeonato Ásia-Pacífico de 70.3, em Laguna Phuket, notei um nome familiar na lista de largada: Hiromu Inada. Mais uma vez ele era o mais idoso em campo.

Ao dar uma volta pelo resort, no dia anterior à prova, eu o vi em meio a um grupo do contingente Japonês, retornando do check-in de bikes.

Ao mesmo tempo em que lhe desejava a melhor sorte para a prova, eu lhe disse brincando: - Você está me seguindo? Primeiro Coréia, Kona, e agora Phuket?

O dia da prova foi duro... e Inada, aos 79 anos, completou o percurso em 6h42m01s, o que lhe valeu o primeiro lugar e a vaga.

Enquanto escrevia esta história, eu queria descobrir como ele se havia saído em Kona, em outubro. Com todo o caos no dia da prova (fizemos pela primeira vez a cobertura ao vivo para os amadores), estava um pouco difícil acompanhá-lo.
Comecei então a procurar pelos seus tempos, e não encontrei nenhum.

Encontrei 0:00 ao lado do seu nome... e me senti horrível.
Enviei então um e-mail, perguntando a ele se aquilo poderia ser, talvez, apenas uma falha do sistema.

E obtive esta resposta:

"Você não conseguiu encontrar meus resultados em Kona?
Claro, não houve resultados.
Isto porque eu tive de me retirar da prova de natação."

Logo depois de começar a nadar, Inada ele teve um ataque súbito de hiperpnéia. Mesmo arfando e arquejando, ele prosseguiu.
Mas, quando atingiu as bóias dos 1900m, o remador de um barco que o acompanhava ordenou que parasse de nadar.

"Fui retirado da água por um barco, e minha prova terminou. Novamente, não me tornei um Ironman, e jurei voltar a Kona no próximo ano (2012). Felizmente, obtive uma vaga para Kona, em Phuket."

Agora, conhecendo todas as peças dessa jornada extraordinária, estou ainda mais inspirada por essa sua decisão tranqüila de alcançar seu objetivo. Embora temendo pelo fato de, aos 79 anos, ele treinar mais horas do que muitos profissionais, estou ansiosa para vê-lo em Kona, no próximo ano.

Os Estados Unidos têm o incrível Lew Hollander.
Aqui na região da Ásia-Pacífico, temos a inspiração de Hiromu Inada, que estará entrando no grupo de idade de Hollander (80-84), para o Campeonato Mundial deste ano.

Mal posso esperar para ver o resultado dessa batalha!


Artigo original (Inglês): Umperfil de Hiromu Inada, por Emma Bishop

Versão livre e compilação: 3ATHLON NA VEIA

Marco Cyrino

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