segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Mosquito do Bem


O inverno já foi. Estamos em plena primavera. Verão se aproximando.
Falando em verão, lá vem outro surto de dengue.
Tomara que não!
Hora da caça aos mosquitos.

Falando em mosquito, resolvi falar um pouco a respeito de outro Mosquito: José Renato Borges, o Mosquito, 49 anos de idade.

Quem não o conhece, pelo menos aqui na Baixada Santista?
E olha que o cara tem história!
Não só história para contar, mas história mesmo no Triathlon Brasileiro.

Bati um papo com ele.
Aqui vai uma compilação rápida da conversa...

Notas:
Destaques introduzidos pela Editoria.
Os textos sublinhados contêm links.

- E aí Mosquito. Você já fez 6 Ironmans no Hawaii?
Não! Já participei de 8 Irons no Hawaii.
Meu primeiro foi em 1992, e o último foi em 2005. Foi quando parei totalmente com os treinos e só retornei no meio do ano passado (julho de 2010), para fazer o Ironman Brasil 2011.

- Quantos Ironmans você já fez, incluindo os do Brasil? 
No total, foram 17 Irons e uma prova longa (Mundial de Longa Distância) da ITU, na cidade de Nice na França, em uma distancia de 4000m de natação, 120 km de ciclismo, que era pior que os 180 do Iron. Foram 10 km planos e depois 3 Serras (subidas) nos "Alpes marítimos" de Nice, e mais 10 km de plano. Depois 31 km de
corrida. Uma prova muito dura, com umas partes do ciclismo que lembram o Tour de France.

- Como você começou no Triathlon?
Em 1984, houve em Santos uma etapa do Circuito de Triathlon Brasileiro. Foi uma das primeiras provas realizadas no Brasil, patrocinada pelo Banco Econômico.
Faz tempo... Para se ter uma idéia, a natação foi em frente ao aquário e o ciclismo todo na orla da praia, 40 km. E a corrida também na orla, 10 km.
Nessa época, ainda existiam os trilhos dos bondes, o que era um grande convite para os tombos.
As bikes eram Caloi 10 ou Monark 10. Pouquíssimos tinham bike de cromo ou alumínio. Carbono? hahaha, nem em sonho! Não existiam.
Os pedais eram de firma pé.
Bom eu estava lá, sofrendo com minha Monark 10.
O grande vencedor foi Roger de Moraes.
Eu fiquei em 34º, acho, não tenho certeza.
Daí para frente, iniciei a carreira de Triathleta.

- Você já foi profissional ou sempre foi amador? 
No início, não existia profissional ou amador.
Largavam todos juntos, os primeiros eram classificados na geral, e o restante caía automaticamente nas categorias.
Depois, surgiram esses sistemas de profissional e amador.
Corri como Pro até 1995, eu acho.

- Qual o seu melhor resultado em Irons?
Meu melhor resultado foi no Hawaii, no antigo percurso, quando havia mais subidas no ciclismo, e umas paredes na corrida.
Meu tempo foi 9h33m.
Fiquei em 99º no Geral e em 13º na Categoria 30 a 34 anos.
Tive a oportunidade de conhecer Mark Allen, Dave Scott, Scott Tinley, Paula Newby-Fraser, Christian Bustos, dentre tantos outros.

- Quanto tempo você ficou sem competir, nos últimos anos?
Fiquei 5 anos totalmente parado.
Aí, estava "pirando o cabeção" e, numa boa conversa com um grande amigo e parceiro, que ainda faz algumas provas (Maluf), ele me incentivou muito a voltar. Fazer alguma coisa para mim e me preocupar um pouco mais com a minha felicidade.
Foi quando decidi voltar a fazer o Iron deste ano.

- Qual a sua próxima prova de Iron? 
Meu próximo desafio será no dia 27 de novembro deste ano.
O Ironman de Cozumel (México).

- Qual a sua meta nessa prova? 
Quero treinar bem para essa prova, porque para a de Florianópolis, em maio, tive uma lesão na perna esquerda.
Fiquei os 2 últimos meses somente nadando, e fui lá curtir a prova.
Para essa, quero ir lá e fazer força e, se possível, curtir a prova. Afinal, o que vale a vida?  Somente treinos?
Temos que treinar os ensinamentos do Pai, que nos trouxe à vida para plantar o bem e colher felicidade.

- Quais as suas dificuldades atuais para treinar? 
Não tenho dificuldade, não.
Às vezes o que falta é um incentivo.
A busca de um novo desafio, porque, de vez em quando, me pego pensando: - Depois de tantos Irons do Hawaii, acaba faltando um desafio a mais.
E isso acaba me levando a praticar outros esportes, como surf, vela, wake, e acabo saindo do foco dos treinos.
Mas, por outro lado, fico muito feliz porque a diversidade das atividades é muito saudável para o espírito e a alma.

- É treinador de algum atleta? 
Fiquei vários anos treinando alguns atletas como Oscar Galindez, Bruno Pereira Mateus, Rivaldo Martins, Fernando Antunes, Shiro...
Hoje minha dedicação vai para os atletas das categorias amadoras.

- Atualmente, o que faz profissionalmente?
Sou Professor universitário, professor de pós-graduação, e sou coordenador do Núcleo de Esporte e Saúde do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte).

- Você leciona o quê?
Na Universidade: Natação, atividades aquáticas, educação física e esportes adaptados para pessoas com deficiências.
Na pós-graduação, de Fisiologia e Atividades Aquáticas, dou aula de atividades aquáticas adaptadas.

- Por falar nisto, conte um pouco sobre o seu projeto social com os portadores de necessidades especiais. O que é? Onde é? Quanto tempo dedica? Quantos alunos tem? Tem algum apoio? 

Projeto Superação: Projeto social que tem por objetivo o esporte como ferramenta de inclusão social, educacional e cultural das pessoas com deficiências.

Sou o criador, coordenador e professor.
Atendemos cerca de 100 alunos, todos com algum tipo de deficiência (física, visual, intelectual).
As idades variam entre 4 meses até... não tem idade limite.

Trabalho a natação como modalidade principal, porque a água aproxima mais os alunos e os pais.
Dentro d'água diminui a gravidade, não tem impacto, a reabilitação se torna mais fácil.
Trabalhamos a auto-estima dos alunos e seus familiares, dando esperança e melhor qualidade de vida.

O projeto existe há aproximadamente 11 anos, e faz parte da instituição de ensino Unimonte.

No passado, a intenção era trabalhar para formar para-atletas. Assim, surgiram através deste projeto: Pauê, José Roberto, Rivaldo, Fernando (Fernandinho Superação), Motorzinho (para-triathleta).
Todos estes fizeram parte do projeto e seguiram carreiras brilhantes no esporte de alto rendimento.

Mas, com o passar do tempo, houve uma procura grande por crianças e bebês, e abri  este espaço para todos.

Hoje fazemos uma parceria com o SESI e estamos utilizando seu espaço. Piscina, quadra, campo, pista...
Nossas atividades são realizadas de terça a sexta-feira, das 12h00 às 14h30, na piscina do SESI, e aos sábados às 9h00, na piscina da Unimonte.

E então?
Esse é ou não é o Mosquito do Bem?
Quem quer fazer, faz, não fica esperando.

É uma honra treinar ao lado de um cara desses.

Marco Cyrino

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