Dificuldades
Em todas as provas realizadas em águas abertas, percebo a enorme dificuldade de muitos atletas em relação a posicionamento, direcionamento, manutenção de trajetória, marolas, etc.
É comum vermos atletas “enfiarem a cabeça na água” e nadarem, nadarem, nadarem, até fazer um semicírculo, literalmente atravessando à frente dos demais.
Outros tomam “caldos” das marolas que se formam devido à quantidade de atletas nadando juntos e/ou devido ao vento.
No mar, esses problemas são agravados pela correnteza e pelas ondas.
O equívoco
Sei que muitos pregam que em Triathlon a natação não tem peso muito grande.
Isto é verdade, levando-se em consideração o tempo despendido nessa modalidade, em relação às outras duas.
Resulta que não dão muita importância aos treinamentos específicos para superar essas dificuldades.
Considero isto um erro.
Os motivos
Fazer uma etapa de natação sem muito “sofrimento” é fundamental para o restante da prova.
Já cometi o erro de não dar muita importância aos treinos de natação, e me arrependi ao sair do mar extremamente cansado, a ponto de prejudicar o desempenho na bike e na corrida.
Por ter o surf como meu esporte base, achei que essa experiência acumulada bastaria para fazer uma etapa de natação tranqüila... e focalizei meus treinos nas duas outras modalidades.
Hoje, dou razão ao meu atual técnico - Ivan Yague - que insiste na necessidade de treinar as 3 modalidades com o mesmo empenho e freqüência.
Algumas dicas
Antes da prova
· Procure se certificar de que sua roupa de borracha está devidamente “vestida”, sem sobras, principalmente embaixo dos braços, pois isto irá fazer com que sua braçada fique curta.
· Um saco plástico de mercado nas mãos e nos pés facilita a colocação da roupa de borracha.
· Também não esqueça de passar nas dobras (pescoço e axilas, principalmente) um creme específico para não sair do mar com essas regiões assadas.
· Entre no mar com antecedência, e nade para o fundo por uns 100 a 200m. Fique boiando por algum tempo, e tente focalizar algo na praia, para determinar (visualizar) se há correnteza e, em caso positivo, para que lado você está sendo levado.
· Por preguiça e por frio, cometi o erro de não entrar no mar antes da largada do último Ironman Brasil... e me dei mal ...rsrsrs... Veja o relato aqui.
Na largada
· Procure se posicionar no lado contrário ao da correnteza, se houver. Caso ela esteja jogando para a direita, fique no lado esquerdo da galera, na largada, respeitando o seu ritmo de natação.
· Não queira largar na frente de todo mundo, se não tiver performance suficiente para se manter na dianteira, caso contrário, vai levar um monte de “bordoadas” de quem vem atrás.
Durante o percurso - mantendo o rumo
· Procure, no menor espaço de tempo, olhar a bóia a que se dirige.
A cada 5 ou 6 braçadas, procure dar uma olhada para ela.
Treinamentos em piscina na modalidade “pólo” (com a cabeça erguida) são fundamentais para isso.
· Quem consegue nadar de forma bi-lateral (respirando pelos dois lados), pode se beneficiar disso.
Primeiro, porque ao dar uma mesma quantidade de braçadas para um lado e para o outro, já ocorre uma correção natural de trajetória, evitando que o atleta faça uma curva para a direita ou esquerda muito acentuada.
Provavelmente, essa curva irá acontecer mesmo assim, devido à diferença de força entre as braçadas de um lado e do outro, porém a curvatura será menor.
· Segundo, porque se pode aproveitar cada inversão de braçadas para observar a bóia e corrigir a trajetória, se necessário.
· Quando falo em nadar bi-lateralmente, não estou me referindo a 3x1, 5x1, etc.
Na prova, ninguém vai nadar nesse ritmo de respiração.
Pode-se dar até 10 braçadas de um lado, antes de inverter para o outro.
Evidentemente, o treino bi-lateral na piscina é fundamental para se acostumar.
Marolas, ondas, espumeiro
· Havendo marolas (sempre há) não respire com a boca muito perto da linha da água. Procure erguer mais a cabeça, ou fazer uma maior rotação do tronco, para ficar com a boca mais voltada para cima. O treino de pólo também ajuda nessa técnica.
· Havendo ondas (ondas mesmo: rebentação, espumeiro, etc.), nunca tente “bater de frente” com a espuma.
· Quando vier uma onda já quebrada (com espuma), nade de encontro a ela, até o mais próximo possível (daí a importância de saber nadar olhando para frente). Tome ar e mergulhe. A onda passará por cima e não arrastará você para trás.
· Em se tratando de onda ainda não quebrada, opte por passar por cima dela mesmo, tomando o cuidado de observar se ela já não está quase quebrando.
Se estiver é melhor não arriscar e passar por baixo mesmo, porque o “caldo” de uma onda quebrando bem em cima de você, ou arremessando você para trás, é uma experiência nada agradável.
· Na volta à praia, dê várias olhadas para trás, para saber se alguma onda estourada não está quase alcançando você.
Em caso positivo, use a mesma estratégia, ou tente pegar um “jacaré” nessa espuma, caso saiba fazer isso.
Já vi vários atletas tomarem um espumeiro na cabeça, sem nem saberem o que estava acontecendo, por não ficarem “ligados”.
ÓTIMOS TREINOS E BOAS ONDAS, QUER DIZER, PROVAS A TODOS.
Marco Cyrino
Hehehehe...se eu fosse mais jovem, muito mais jovem, estaria nessa.
ResponderExcluirCom essa apreciação de tantos detalhes poderá ser um dia um grande treinador.
Marcao, boa!
ResponderExcluirEh bom lembrarmos que estaamos disputando uma prova de Triathlon e não a final dos 50 livre! Muitos atletas dão um tiro no final da etapa de natação e chegam quebrados na bike. Na maioria das vezes você não ganha a prova na natação, mas com certeza pode perde-la!
Abracao e bons treinos!